PROJETO: NÃO FALE PALAVRÃO
O palavrão é um fenômeno de linguagem
revestido de tabu. Embora pertença à categoria gíria, desta se distingue porque
tem caráter ofensivo, chulo, obsceno, agressivo e imoral. São formas
inadequadas para a norma culta e mais comumente presentes na linguagem oral
popular e coloquial.
Os palavrões são classificados em
três categorias:
1. Pessoal: insulto com o
objetivo de agredir o outro;
2. Ritual: insulto sem intenção de
magoar o outro, mas com o propósito de chamar atenção para a pessoa e não para
o significado do palavrão;
3. Solidário: insulto que marca
proximidade entre indivíduos, tendo em vista que as expressões faciais e os
gestos tanto do locutor quanto do receptor não deixam transparecer tenção
durante o diálogo.
Embora a evolução da linguagem
indique que o palavrão está sendo utilizado com mais permissividade em certos
espaços sociais, ele ainda não é aceito e providências são tomadas para conter
o seu uso. Ainda que se trate de textos ou obras escritas para adolescentes, os
vocábulos vulgares são evitados, mantendo certa flexibilidade em relação a
palavrões menos agressivo ou imoral. Os palavrões impossibilitam uma boa
comunicação e enfraquece a capacidade argumentativa. Cabe à escola propiciar
aos jovens um espaço para reflexão lingüística e prepará-los para momentos em
que não poderão se comunicar de forma vulgar.
Podemos levantar algumas hipóteses
sobre o que os professores sentem em relação ao palavrão em sala de aula,
considerando que os vocábulos são chulos, obscenos e tabus.
1. Não se sentem confortáveis em
tratar do palavrão na sala de aula;
2. Ignoram a presença do palavrão na
sala de aula;
3. Não dão explicações sobre palavrão
quando os alunos as solicitam;
4. Não reconhecem o palavrão como
parte da língua;
5. Sentem-se impotentes diante do uso
do palavrão em contextos onde não cabe a linguagem vulgar;
6. Sentem medo se abordar assuntos
que geram polêmica.
Entendemos que a atuação dos
professores para a solução de problemas em relação aos palavrões na escola é
fundamental, tendo em vista que está ligado diretamente ao contexto social do
aluno. A presença do palavrão na sala pode ser uma importante ferramenta para
discutir os fatores sociolingüísticos que estão presentes na realidade dos
alunos, afetando suas relações, valores e vivências. A escola tem obrigação de
mostrar os outros caminhos que o aluno tem para se comunicar e os professores
não devem se preocupar somente em abolir os palavrões, mas também incentivar a
prática da norma culta, que ele irá utilizar no mercado de trabalho. Os alunos
devem estar preparados para enfrentar esses desafios. Por mais que a escola
acolha a linguagem que os educandos trazem de outros ambientes, ela é um
ambiente educativo.
OBJETIVOS GERAIS:
* Discutir o sentido ético da
convivência humana nas suas relações com as várias dimensões da vida social;
* Compreender a importância da linguagem sem
ofensas e insultos nas relações sociais;
* Adotar atitudes que vise resgatar valores como
respeito e a tolerância, bem como valorizar o diálogo, a solidariedade e a
justiça.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
* Refletir sobre as maleficências dos vocábulos
obscenos;
* Relacionar os vocábulos aos seus significados de
acordo com o contexto em que está inserido;
* Reduzir o interesse pelos palavrões;
* Reconhecer os palavrões (insulto) como um tipo de
violência contra as pessoas;
* Reconhecer atos de violência entre adolescentes;
* Reconhecer a importância dos amigos, da
esperança, do sorriso, do perdão, da tolerância e da coragem;
* Expressar idéias, sentimentos, medos, opiniões;
* Construir argumentações;
* Opinar a partir de dados coletados, pesquisas;
* Refletir sobre sua atitude em casa, na escola e
em outros lugares;
* Cooperar com os colegas;
* Valorizar a linguagem;
* Adotar atitudes de valorização das amizades;
* Repudiar o preconceito e toda forma de violência;
METODOLOGIA
1. Primeiro momento: “Tempestades de idéias”
O professor motivará os alunos a apresentar uma
definição para o termo palavrão. As respostas deverão ser escritas no quadro
sem a necessidade de comentá-las
O professor distribuirá entre os alunos um texto
que fala sobre o palavrão. Em seguida, eles deverão confrontar e discutir o
texto com as informações escritas no quadro. O professor poderá pedir aos
alunos que procurem no dicionário o significado das palavras que não
entenderem.
Sugestão de textos
a) O que é palavrão?
Uma palavra de baixo calão, popularmente conhecida
como palavrão, é um vocábulo que pertence à categoria de gíria e,
dentro desta, apresenta cunho chulo, ofensivo, rude, obsceno, agressivo ou
imoral sob o ponto-de-vista de algumas religiões ou estilos de
vida. Palavras de baixo calão, ou simplesmente, palavrões, são formas
inadequadas na norma culta da língua portuguesa e
geralmente usados de forma popular e coloquial, exceto por
licença poética.
Do site Wikipédia
Todos sabem o que são palavrões. Ao contrário das
regras gramaticais, aprendemos palavrões e como usá-los sem precisar estudar e
sem qualquer explicação. Mesmo crianças pequenas sabem que certas palavras são
"feias", embora nem sempre saibam o significado delas. Mas palavrões
não são tão simples como parecem ser. Nossos sentimentos a respeito disso são
contraditórios: falar palavrões é um tabu em quase todas as culturas, mas em
vez de evitá-los, como fazemos com outros tabus, nós os usamos freqüentemente.
A maioria os associa à raiva ou frustração, mas eles são usados por vários
motivos e em diversas situações. Imagine que você não pode se acertar com
determinado oponente mais forte. O que faz, então? Chama um monte de palavrões
antes de apanhar, literalmente muitas vezes! Xingar também satisfaz diversos
objetivos em interações sociais. Além disso, seu cérebro lida com palavrões de
forma diferente das outras palavras.
Daladier Lima
2. Segundo Momento:
O professor escreverá no quadro a palavra PALAVRÃO.
Será distribuído aos alunos um pedaço de papel para que escrevam uma frase cujo
tema é: “O que eu penso sobre o palavrão.” Todas as frases serão coladas em uma
cartolina.
Nesta etapa, o professor deve conceituar palavrão e
abordar temas como posturas, crenças, valores e tabus a ele associados. As
categorias do palavrão (pessoal, insulto e solidário) também devem ser
abordadas. Deve-se estar atentos para as eventuais dúvidas ou curiosidades.
3. Terceiro Momento: Coleta de dados
O professor entregará aos alunos um questionário de
múltipla escolha.O questionário será elaborado de forma que o aluno reflita
sobre como os palavrões o afetam individualmente e coletivamente.
Questionário 1: Grau de incidência do palavrão.
No seu dia a dia você escuta palavrões:
a) A todo instante
b) Com certa freqüência
c) Raramente
d) Nunca
Questionário 2: Local de maior incidência do
palavrão.
O lugar em que você mais escuta palavrões é:
a) Na rua
b) Em casa
c) Na escola
d) Em casa de conhecidos
Questionário 3: Constatação da função do palavrão.
Geralmente o palavrão que você mais escuta é dito:
a) Por uma pessoa que xinga a si mesmo
b) Por alguém que xinga outra pessoa
c) Por alguém que xinga objetos e coisas que o
cerca
Questionário 4: Constatação de quem mais pronuncia
palavrão.
Quem você mais ouve falar palavrões?
a) Seus pais ou responsáveis
b) Alunos
c) Seus amigos
d) Desconhecidos que andam pelas ruas
Questionário 5: Significado do palavrão
Você já solicitou explicação sobre o significado de
algum palavrão?
a) Sim, mas não fui atendido
b) Sim, e fui atendido
c) Não, nunca solicitei.
Após a coleta de informações, o professor criará
com os alunos um gráfico contendo as respostas em forma de porcentagem. Em
seguida, discutirá com os alunos os resultados apresentados, instigando-os para
que eles se expressem sobre o mesmo, expondo suas opiniões e como encaram os
dados obtidos. O gráfico poderá ser colocado ao lado do cartaz com as frases
dos alunos.
4. Quarto Momento: “O Valor do perdão”
O professor conversará com os alunos sobre o
perdão, a humildade que devemos ter em perdoar e pedir perdão. Ressaltar que o
perdão é sinal de humildade e não de humilhação, e só as pessoas humildes são
capazes de usar o perdão. Através da humildade conseguimos trazer para nós os
amigos, fazemos as pessoas estarem perto de nós porque sentem prazer na nossa
companhia, da nossa conversa. Com a humildade aprendemos a ouvir, a falar na
hora certa sem ofender.
O ato de perdoar não está no simples fato de dizer
“eu te perdoo”. O perdão é o esquecimento das ofensas, é não deixar as
energias negativas que nos motivavam a vingança tomarem a nossa consciência
induzindo-nos a praticar algo contra o ofensor. O perdão é, de
consciência tranquila, ignorar as falhas da pessoa que nos ofendeu ou
magoou. Todos nós somos imperfeitos e cometemos falhas. Saber perdoar ou pedir
perdão ou desculpas pelos nossos erros nos tornam pessoas mais preparadas para
conviver em harmonia, pois ninguém gosta de relacionar-se com pessoas
arrogantes e que não sabem reconhecer os seus erros.
É importante lembrar que o ódio, a raiva ou a
vingança geram conseqüências para ambos os lados. Quem não sabe pedir perdão
viverá num ciclo vicioso, uma vez que cometerá outras ofensas, que gerarão
outras e assim por diante. Quem não sabe perdoar, esquecer as ofensas, também é
prejudicado, porque vai carregar a mágoa e o rancor dentro de si, trazendo
conseqüências à saúde mental, física e espiritual, inclusive doenças.
Na sala de vídeo, o professor exibirá alguns vídeos
que falam sobre o perdão e o amor ao próximo. Se músicas forem trabalhadas,
deve-se distribuir a letra da música para que os alunos possam ouvir,
acompanhar ou até mesmo cantar.
O professor pedirá que os alunos façam uma reflexão
sobre seus atos, momentos em que ofenderam colegas e amigos através de
palavrões, agressões físicas ou verbais. Cada aluno escreverá um bilhete com
pedido de desculpas ou reconciliação a alguma pessoa com a qual se desentendeu.
Pode ser alguém da turma, de outra sala, um professor ou funcionário da escola.
Junto ao bilhete será anexado um bombom. A resposta do destinatário não deverá
ser por escrito e sim, através de um abraço ou aperto de mão, num momento de
confraternização para finalizar este quarto momento.
5. Quinto Momento:
O professor motivará os alunos a montar uma
dramatização que retrate o que aprenderam sobre o projeto. Os alunos deverão
montar com a orientação do professor o roteiro da dramatização, a fala de cada
componente e o cenário da apresentação. Este momento terá duas etapas: a
elaboração do roteiro e a apresentação da peça, por isso, será o momento mais
demorado, mas que poderá ser mais prazeroso que os outros. Para a apresentação,
serão elaborados convites à equipe administrativa e pedagógica, professores e
alunos de outras turmas.
AVALIAÇÃO:
A avaliação deve ser ampla, contínua e coerente com
os objetivos propostos nas aulas. Ela abrange muito mais que “medir”. É a
percepção do aluno em todos os seus aspectos, tais como, desenvolvimento de
atitudes, aquisição de conceitos e domínio de procedimentos.
CONCLUSÃO
Se o estudo do palavrão é considerado pelos
sócios-lingüistas como um trabalho de difícil realização, para os professores,
o palavrão como conteúdo escolar não poderia ser diferente. O tabu e a estreita
relação com a obscenidade fazem do palavrão um conteúdo a ser evitado no ensino
de línguas. O professor que conseguir explicar aos seus alunos a função
lingüística do palavrão é porque tem coragem suficiente para superar
preconceitos e tem condições para convencer pais e outros profissionais da
escola de quão importante é receber orientação para o uso adequado da linguagem.
Tendo em vista que o projeto tem como prioridade
intervir sobre o uso de palavrões por alunos, será interessante verificar se
essa maneira de se expressar tem sua origem no ambiente familiar. Em outras
palavras, será que os alunos falam palavrões na escola porque eles os ouvem em
casa? Por outro lado, a escola precisa agir e para isso deve contar com todos
para frear o uso de palavrões entre os jovens, uma vez que parte da violência
dentro da escola pode ter sua origem no palavrão, quando pronunciado para
ofender o outro. Fazer um trabalho com os alunos para transformar a sala de
aula em espaço livre de palavrões, poderia ser o início do trabalho de mais
cuidado com a linguagem utilizada na escola.
Fonte: internet
Nenhum comentário:
Postar um comentário