Os três porquinhos
Era uma vez, na época em que os animais falavam
três porquinhos que viviam felizes e despreocupados na casa da mãe.
A mãe era ótima, cozinhava, passava e fazia tudo pelos filhos. Porém, dois dos
filhos não a ajudavam em nada e o terceiro sofria em ver sua mãe trabalhando
sem parar.
Certo dia, a mãe chamou os porquinhos e disse:
__Queridos filhos, vocês já estão bem crescidos. Já é hora de terem mais
responsabilidades para isso, é bom morarem sozinhos.
A mãe então preparou um lanche reforçado para seus filhos e dividiu entre os
três suas economias para que pudessem comprar materiais e construírem uma
casa.
Estava um bonito dia, ensolarado e brilhante. A mãe porca despediu-se dos seus
filhos:
__Cuidem-se! Sejam sempre unidos! - desejou a mãe.
Os três porquinhos, então, partiram pela floresta em busca de um bom lugar para
construírem a casa. Porém, no caminho começaram a discordar com relação ao
material que usariam para construir o novo lar.
Cada porquinho queria usar um material diferente.
O primeiro porquinho, um dos preguiçosos foi logo dizendo:
__ Não quero ter muito trabalho! Dá para construir uma boa casa com um monte de
palha e ainda sobra dinheiro para comprar outras coisas.
O porquinho mais sábio advertiu:
__ Uma casa de palha não é nada segura.
O outro porquinho preguiçoso, o irmão do meio, também deu seu palpite:
__ Prefiro uma casa de madeira, é mais resistente e muito prática. Quero ter
muito tempo para descansar e brincar.
__ Uma casa toda de madeira também não é segura - comentou o mais velho- Como
você vai se proteger do frio? E se um lobo aparecer, como vai se
proteger?
__ Eu nunca vi um lobo por essas bandas e, se fizer frio, acendo uma fogueira
para me aquecer! - respondeu o irmão do meio- E você, o que pretende fazer, vai
brincar conosco depois da construção da casa?
Já que cada um vai fazer uma
casa, eu farei uma casa de tijolos, que é resistente. Só quando acabar é que
poderei brincar. – Respondeu o mais velho.
O porquinho mais velho, o trabalhador, pensava
na segurança e no conforto do novo lar.
Os irmãos mais novos preocupavam-se em não
gastar tempo trabalhando.
__Não vamos enfrentar nenhum perigo para ter a
necessidade de construir uma casa resistente. - Disse um dos preguiçosos.
Cada porquinho escolheu um canto da floresta
para construir as respectivas casas. Contudo, as casas seriam próximas.
O Porquinho da casa de palha, comprou a palha e
em poucos minutos construiu sua morada. Já estava descansando quando o irmão do
meio, que havia construído a casa de madeira chegou chamando-o para ir ver a
sua casa.
Ainda era manhã quando os dois porquinhos se
dirigiram para a casa do porquinho mais velho, que construía com tijolos sua
morada.
__Nossa! Você ainda não acabou! Não está nem na
metade! Nós agora vamos almoçar e depois brincar. – disse irônico, o porquinho
do meio.
O porquinho mais velho, porém não ligou para os
comentários, nem par a as risadinhas, continuou a trabalhar, preparava o
cimento e montava as paredes de tijolos. Após três dias de trabalho intenso, a
casa de tijolos estava pronta, e era linda!
Os dias foram passando, até que um lobo percebeu
que havia porquinhos morando naquela parte da floresta. O Lobo sentiu sua
barriga roncar de fome, só pensava em comer os porquinhos.
Foi então bater na porta do porquinho mais novo,
o da casa de palha. O porquinho antes de abrir a porta olhou pela janela e
avistando o lobo começou a tremer de medo.
O Lobo bateu mais uma vez, o porquinho então,
resolveu tentar intimidar o lobo:
__ Vá embora! Só abrirei a porta para o meu pai,
o grande leão!- mentiu o porquinho cheio de medo.
__ Leão é? Não sabia que leão era pai de
porquinho. Abra já essa porta. – Disse o lobo com um grito assustador.
O porquinho continuou quieto, tremendo de medo.
__Se você não abrir por bem, abrirei à força. Eu
ou soprar vou soprar muito forte e sua casa irá voar.
O porquinho ficou desesperado, mas continuou
resistindo. Até que o lobo soprou um à vez e nada aconteceu, soprou novamente e
da palha da casinha nada restou, a casa voou pelos ares. O porquinho
desesperado correu em direção à casinha de madeira do seu irmão.
O lobo correu atrás.
Chagando lá, o irmão do meio estava sentado na
varanda da casinha.
__Corre, corre entra dentro da casa! O lobo vem
vindo! – gritou desesperado, correndo o porquinho mais novo.
Os dois porquinhos entraram bem a tempo na casa,
o lobo chegou logo atrás batendo com força na porta.
Os porquinhos tremiam de medo. O lobo então
bateu na porta dizendo:
__Porquinhos, me deixemeu entrar só um
pouquinho! __ De forma alguma Seu Lobo, vá embora e nos deixe em paz. -
disseram os porquinhos.
__ Então eu vou soprar e soprar e farei a
casinha voar. O lobo então furioso e esfomeado encheu o peito de ar e soprou
forte a casinha de madeira que não agüentou e caiu.
Os porquinhos aproveitaram a falta de fôlego do
lobo e correram para a casinha do irmão mais velho.
Chegando lá pediram ajuda ao mesmo.
__Entrem, deixem esse lobo comigo!- disse
confiante o porquinho mais velho.
Logo o lobo chegou e tornou a atormentá-los:
__ Porquinhos, porquinhos, deixem-me entrar, é
só um pouquinho!
__Pode esperar sentado seu lobo mentiroso. -
respondeu o porquinho mais velho.
__ Já que é assim, preparem-se para correr. Essa
casa em poucos minutos irá voar! O lobo encheu seus pulmões de ar e soprou a
casinha de tijolos que nada sofreu.
Soprou novamente mais forte e nada.
Resolveu então se jogar contra a casa na
tentativa de derrubá-la. Mas nada abalava a sólida casa.
O lobo resolveu então voltar para a sua toca e
descansar até o dia seguinte.
Os porquinhos assistiram a tudo pela janela do
andar superior da casa. Os dois mais novos comemoraram quando perceberam que o
lobo foi embora.
__ Calma, não comemorem ainda! Esse lobo é muito
esperto, ele não desistirá antes de aprende ruma lição. - Advertiu o porquinho
mais velho.
No dia seguinte bem cedo o lobo estava de volta
à casa de tijolos. Disfarçado de vendedor de frutas.
__ Quem quer comprar frutas fresquinhas?-
gritava o lobo se aproximando da casa de tijolos.
Os dois porquinhos mais novos ficaram com muita
vontade de comer maçãs e iam abrir a porta quando o irmão mais velho entrou na
frente deles e disse: -__ Nunca passou ninguém vendendo nada por aqui antes,
não é suspeito que na manhã seguinte do aparecimento do lobo, surja um
vendedor?
Os irmãos acreditaram que era realmente um
vendedor, mas resolveram esperar mais um pouco.
O lobo disfarçado bateu novamente na porta e
perguntou:
__ Frutas fresquinhas, quem vai querer?
Os porquinhos responderam:
__ Não, obrigado.
O lobo insistiu:
Tome peguem três sem pagar nada, é um presente.
__ Muito obrigado, mas não queremos, temos
muitas frutas aqui.
O lobo furioso se revelou:
__ Abram logo, poupo um de vocês!
Os porquinhos nada responderam e ficaram
aliviados por não terem caído na mentira do falso vendedor.
De repente ouviram um barulho no teto. O lobo
havia encostado uma escada e estava subindo no telhado.
Imediatamente o porquinho mais velho aumentou o
fogo da lareira, na qual cozinhavam uma sopa de legumes.
O lobo se jogou dentro da chaminé, na intenção
de surpreender os porquinhos entrando pela lareira. Foi quando ele caiu bem
dentro do caldeirão de sopa fervendo.
___AUUUUUUU!- Uivou o lobo de dor, saiu correndo
em disparada em direção à porta e nunca mais foi visto por aquelas terras.
Os três porquinhos, pois, decidiram morar juntos
daquele dia em diante. Os mais novos concordaram que precisavam trabalhar além
de descansar e brincar.
Pouco tempo depois, a mãe dos porquinhos não agüentando
as saudades, foi morar com os filhos.
Todos viveram felizes e em harmonia na linda
casinha de tijolos.
A
Festa no Céu
Entre os bichos da floresta, espalhou-se a notícia de que haveria uma
festa no Céu.
Porém, só foram convidados os animais que voam.
As aves ficaram animadíssimas com a notícia, começaram a falar da festa por
todos os cantos da floresta. Aproveitavam para provocar inveja nos outros
animais, que não podiam voar.
Um sapo muito malandro, que vivia no brejo, lá no meio da floresta, ficou com
muita vontade de participar do evento. Resolveu que iria de qualquer jeito, e
saiu espalhando para todos, que também fora convidado.
Os animais que ouviam o sapo contar vantagem, que também havia sido convidado
para a festa no céu, riam dele.
Imaginem o sapo, pesadão, não agüentava nem correr, que diria voar até a tal
festa!
Durante muitos dias, o pobre sapinho, virou motivo de gozação de toda a
floresta.
_ Tira essa idéia da cabeça, amigo sapo. – dizia o esquilo, descendo da árvore.
- Bichos como nós, que não voam, não têm chances de aparecer na Festa no
Céu.
_ Eu vou sim.- dizia o sapo muito esperançoso. - Ainda não sei como, mas irei.
Não é justo fazerem uma festa dessas e excluírem a maioria dos amimais.
Depois de muito pensar, o sapo formulou um plano.
Horas antes da festa, procurou o urubu. Conversaram muito, e se divertiram com
as piadas que o sapo contava.
Já quase de noite, o sapo se despediu do amigo:
_ Bom, meu caro urubu, vou indo para o meu descanso, afinal, mais tarde preciso
estar bem disposto e animado para curtir a festa.
_Você vai mesmo, amigo sapo? - perguntou o urubu, meio desconfiado.
_ Claro, não perderia essa festa por nada. - disse o sapo já em retirada. - Até
amanhã!
Porém, em vez de sair, o sapo deu uma volta, pulou a janela da casa do urubu e
vendo a viola dele em cima da cama, resolveu esconder-se dentro dela.
Chegada à hora da festa, o urubu pegou a sua viola, amarrou-a em seu pescoço e voou
em direção ao céu.
Ao chegar ao céu, o urubu deixou sua viola num
canto e foi procurar as outras aves. O sapo aproveitou para espiar e, vendo que
estava sozinho, deu um pulo e saltou da viola, todo contente.
As aves ficaram muito surpresas ao verem o sapo
dançando e pulando no céu. Todos queriam saber como ele havia chegado lá, mas o
sapo esquivando-se mudava de conversa e ia se divertir.
Estava quase amanhecendo, quando o sapo resolveu
que era hora de se preparar para a "carona" com o urubu. Saiu sem que
ninguém percebesse, e entrou na viola do urubu, que estava encostada num
cantinho do salão. O sol já estava
surgindo, quando a festa acabou e os convidados foram voando, cada um para o
seu destino.
O urubu pegou a sua viola e voou em direção à
floresta.
Voava tranqüilo, quando no meio do caminho
sentiu algo se mexer dentro da viola. Espiou dentro do instrumento e avistou o
sapo dormindo, todo encolhido, parecia uma bola.
- Ah! Que sapo folgado! Foi assim que você foi à
festa no Céu? Sem pedir, sem avisar e ainda me fez de bobo!
E lá do alto, ele virou sua viola até que o sapo
despencou direto para o chão.
A queda foi impressionante. O sapo caiu em cima
das pedras do leito de um rio, e mais impressionante ainda foi que ele não
morreu.
Nossa Senhora, viu o que aconteceu e salvou o
bichinho.
Mas nas suas costas ficou a marca da queda; uma
porção de remendos. É por isso que os sapos possuem uns desenhos estranhos nas
costas, é uma homenagem de Deus a este sapinho atrevido, mas de bom coração.
Pinóquio
Era uma vez, um senhor chamado Gepeto. Ele era um homem bom, que morava
sozinho em uma bela casinha numa vila italiana.
Gepeto era marceneiro, fazia trabalhos incríveis com madeira, brinquedos, móveis
e muitos outros objetos. As crianças adoravam os brinquedos de Gepeto.
Apesar de fazer a felicidade das crianças com os brinquedos de madeira, Gepeto
sentia-se muito só, e por vezes triste. Ele queria muito ter tido um filho, e
assim resolveu construir um amigo de madeira para si.
O boneco ficou muito bonito, tão perfeito que Gepeto entusiasmou-se e deu-lhe o
nome de Pinóquio.
Os dias se passaram e Gepeto falava sempre com o Pinóquio, como se este fosse
realmente um menino.
Numa noite, a Fada Azul visitou a oficina de Gepeto. Comovida com a solidão do
bondoso ancião, resolveu tornar seu sonho em realidade dando vida ao boneco de
madeira.
E tocando Pinóquio com a sua varinha mágica disse:
__Te darei o dom da vida, porém para se transformar num menino de verdade deves
fazer por merecer. Deve ser sempre bom e verdadeiro como o seu pai,
Gepeto.
A fada incumbiu um saltitante e esperto grilo na tarefa de ajudar Pinóquio a
reconhecer o certo e o errado, dessa forma poderia se desenvolver mais rápido e
alcançar seu almejado sonho: tornar-se um menino de verdade.
No dia seguinte, ao acordar, Gepeto percebeu-se que o seu desejo havia se
tornado realidade.
Gepeto, que já amava aquele boneco de madeira como seu filho, agora descobria o
prazer de acompanhar suas descobertas, observar sua inocência, compartilhar sua
vivacidade. Queria ensinar ao seu filho, tudo o que sabia e retribuir a
felicidade que o boneco lhe proporcionava.
Sendo assim, Gepeto resolveu matricular Pinóquio na escola da vila, para que
ele pudesse aprender as coisas que os meninos de verdade aprendem, além de
fazer amizades.
Pinóquio seguia a caminho da escola todo contente pensando em como deveria ser
seu primeiro dia de aula estava ansioso para aprender a ler e escrever.
No caminho, porém encontrou dois estranhos que logo foram conversando com ele.
Era uma Raposa e um Gato, que ficaram maravilhados ao ver um boneco de madeira
falante e pensaram em ganhar dinheiro à custa do mesmo.
__ Não acredito que você vai à escola! Meninos espertos preferem aprender na
escola da vida! – falou a Raposa se fazendo de esperta.
_ Vamos Pinóquio, sem desviar do nosso caminho! Gritou o pequeno e responsável
grilo.
A Raposa e o Gato começaram a contar que estavam indo assistir ao show do
teatro de marionetes. Pinóquio não conseguiu vencer sua curiosidade, para ele
tudo era novidade, queria conhecer o teatro divertido, do qual os dois
estranhos falavam.
__ Acho até que você poderá trabalhar no teatro, viajar conhecer novas pessoas,
ganhar muito dinheiro e comprar coisas para você e para quem você gosta.
Continuou a instigar a Raposa.
O pequeno grilo continuou a falar com Pinóquio, mas este estava tão empolgado
que nem o escutava mais.
Pinóquio então, seguiu com a Raposa e o Gato, rumo à apresentação do teatro de marionetes,
deixando seu amigo grilo para trás.
A Raposa e o Gato venderam o boneco par ao dono do
teatro de marionetes.
Pinóquio sem perceber o acontecido atuou na
apresentação dos bonecos e fez grande sucesso com o público.
Ao final da apresentação, Pinóquio quis ir
embora, porém o dono do teatro vai a Pinóquio a sua chance de ganhar muito
dinheiro, sendo assim o trancou numa gaiola.
Pinóquio passou a noite preso, chorando, lembrou
do seu pai e teve medo de não vê-lo novamente.
Já estava amanhecendo quando o Grilo enfim,
conseguiu encontrar Pinóquio. Mas não o conseguiu libertar da gaiola. Nesse
momento, apareceu a Fada Azul que perguntou ao boneco o que havia acontecido.
Pinóquio mentiu, contou que havia se perdido e
encontrado o dono do teatro de marionetes, que o prendeu e o obrigou AA
trabalhar para ele.
Pinóquio se assustou com o que havia acontecido
em seguida.Seu nariz dobrar de tamanho. Assustado, o boneco começou a chorar.
__ Não chore, Pinóquio! Disse a Fada Azul
abrindo com a sua varinha mágica o cadeado da gaiola. __ Sempre que você mentir
seu nariz o denunciará e crescerá. A mentira é algo aparente, é errado e não
deve fazer parte de quem possui um bom coração. - Continuou a Fada.
__ Não quero ter esse nariz! Eu falo a verdade!
Quis saber como era um teatro de marionetes e sai do meu caminho. Acabei me
dando mal.
__ Não minta novamente, Pinóquio! Lembre-se que
para ser um menino de verdade, você deve fazer por merecer. - disse a fada ,
desaparecendo em seguida.
Pinóquio estava voltando para casa com o grilo,
quando viu três crianças correndo sorridentes em uma direção oposta à sua.
Como era muito curioso, Pinóquio perguntou a um
dos meninos onde ele ia.
__ Estamos indo pegar um barco para a Ilha da
Diversão.Lá existe um enorme parque com brinquedos e doces à vontade. Criança
lá não estuda. Só se diverte!
Pinóquio achou a idéia de uma ilha como aquela tentadora.
Parou no meio do caminho e olhou na direção dos meninos que corriam.
__ Não, Pinóquio! Dúvida, não! O que eles estão
fazendo parece bom, divertido, mas é errado. Fazer o que é errado traz más
conseqüências. – disse o esperto grilo. Os meninos, já um pouco distantes
chamavam Pinóquio para ir junto.
__Ah! Grilo, eu vou só conhecer a ilha. Não
ficarei lá para sempre. - disse o inocente boneco, já correndo em direção aos
meninos.
O grilo não concordou, mas seguiu Pinóquio,
afinal era responsável por ele.
Pinóquio entro num barco cheio de crianças que
ia para a tal ilha.
Ao chegarem na ilha, as crianças correram em
direção aos brinquedos. Podia-se brincar à vontade, comer doces o quanto
quisessem.
O grilo observava, desapontado, o boneco se
divertindo.
A noite chegou, e as crianças exaustas de tanto
brincar, dormiram no chão, espalhadas pelo parque. Algumas sentiam dores na
barriga de tanto comer doces.
Pinóquio estava quase dormindo, quando o grilo o
acordou.
__Pinóquio, o que está acontecendo?
__O que grilo? Estou com sono. Está acontecendo
que todos estão dormindo. - disse o boneco sonolento.
_ Não estou falando disso, Pinóquio! Falo das
orelhas de vocês! Estão com orelhas... de burro! – disse o grilo preocupado.
Pinóquio despertou e assustado correu em direção
a um lago, para ver seu reflexo na água.
Várias crianças já haviam percebido o que estava
acontecendo e choravam assustadas.
Pinóquio ficou com m muito medo, pois via que
outras crianças já estavam também com rabo de burro.
O grilo chamou o boneco para saírem
imediatamente da ilha. Devia ser algum feitiço. Em troca da diversão que
tiveram estavam se transformando em burros.
Pinóquio correu em direção a um pequeno
barco.Com ele, iam o grilo e outras crianças. Porém, ninguém conseguia dirigir
o barco.
Pinóquio, chorando, chamou a fada Azul.
_ Fada Azul, por favor, nos ajude!
A fada apareceu, ficou feliz por Pinóquio pedir
ajuda também pelas outras crianças.
Ao perguntar ao boneco o que havia acontecido, a
Fada recebeu deste outra mentira. Pinóquio mentiu que havia seguido um menino
que ia para a mesma vila que o Gepeto morava e acabaram se perdendo. No mesmo instante, o nariz do boneco começou a
crescer.
Assustado, Pinóquio lembrou do que a fada havia
dito e falou a verdade.
Seu nariz voltou ao normal, e a Fada anulou o
feitiço que estava fazendo Pinóquio e as outras crianças se transformarem em
burros.
Pinóquio seguiu com o grilo em direção à sua
casa na vila. Sentia muita saudade do seu pai Gepeto. Estava começando a
entender que o seu pai queria sempre o melhor para ele, e o melhor, naquele
momento, era a seu lar, a escola e a vila.
Ao chegar em casa, Pinóquio não encontrou
Gepeto. Com medo, ficou imaginando que Gepeto poderia ter morrido de tristeza
com o seu sumiço. Mas o grilo encontrou um bilhete de Gepeto, pendurado na
porta. No bilhete, Gepeto dizia que
ia de barco procurar o seu filho amado. Pinóquio foi em direção à praia, junto com o grilo. Chegando lá, não viram nenhum sinal do barco do
Gepeto.
Pinóquio ficou sabendo por uns pescadores que um
pequeno barco havia sido engolido por uma baleia naquela manhã. O boneco imediatamente pensou que se tratava de Gepeto
e atirou-se ao mar, para procurar a tal baleia. O grilo foi atrás de Pinóquio. Ambos nadaram bastante
até encontrarem uma enorme criatura. O
grilo avisou ao boneco que aquela era uma baleia. Pinóquio se colocou na frente
do animal e em poucos segundos foi engolido por ela. O grilo que o acompanhava
todo o tempo, também foi engolido. Ao
chegarem no estômago do animal, viram um pequeno barco e Gepeto, triste,
cabisbaixo, sentado com as mãos na cabeça. Ao ver o boneco, Gepeto sorriu e correu ao seu encontro. Pinóquio abraçou o pai e pediu desculpas por ter agido
mal.
__ A única coisa que importa meu filho, é que
você está bem. -disse o bondoso velhinho
Pinóquio teve a idéia de fazerem uma fogueira
com pedaços de madeira do barco, assim a baleia podia espirrar e atirá-los para
fora da sua barriga.
O plano deu certo, e a baleia espirrou o barco
onde estavam Gepeto, Pinóquio e o grilo. Ao chegarem à praia, Pinóquio e Gepeto novamente se abraçaram felizes
por ter dado tudo certo.
_ Prometo ser obediente, papai! Não mentir e
cumprir meus deveres. –disse o boneco.
Gepeto ficou orgulhoso do filho. Sabia que
Pinóquio tinha aprendido valiosas lições.
Nesse momento, a Fada Azul apareceu e sorridente
disse ao boneco:
__ Você aprendeu as diferenças entre o bem e o
mal. O valor do amor, da lealdade. Tudo o que fazemos tem uma conseqüência, que
pode ser boa ou ruim dependendo de como agimos. Por tudo o que você aprendeu e
pelo modo como agiu, agora farei de você será um menino de verdade!
Assim, a Fada transformou Pinóquio em um menino
de verdade. E este viveu muito feliz com o seu pai, Gepeto, e com o amigo
grilo.
Branca
de Neve e os sete anões
Um dia, a rainha de um reino bem distante bordava
perto da janela do castelo, uma grande janela com batentes de ébano, uma
madeira escuríssima. Era inverno e nevava muito forte.
A certa altura, a rainha desviou o olhar para admirar os flocos de neve que
dançavam no ar; mas com isso se distraiu e furou o dedo com a agulha.
Na neve que tinha caído no beiral da janela pingaram três gotinhas de sangue. O
contraste foi tão lindo que a rainha murmurou:
— Pudesse eu ter uma menina branquinha como a neve, corada como sangue e com os
cabelos negros como o ébano…
Alguns meses depois, o desejo da rainha foi atendido.
Ela deu à luz uma menina de cabelos bem pretos, pele branca e face rosada. O
nome dado à princesinha foi Branca de Neve.
Mas quando nasceu à menina, a rainha morreu. Passado um ano, o rei se casou
novamente. Sua esposa era lindíssima, mas muito vaidosa invejosa e cruel.
Um certo feiticeiro lhe dera um espelho mágico, ao qual todos os dias ela
perguntava, com vaidade:
— Espelho, espelho meu, diga-me se há no mundo mulher mais bela do que
eu.
E o espelho respondia:
— Em todo o mundo, minha querida rainha, não existe beleza maior.
O tempo passou. Branca de Neve cresceu, a cada ano mais linda…
E um dia o espelho deu outra resposta à rainha.
— A sua enteada, Branca de Neve, é agora a mais bela.
Invejosa e ciumenta, a rainha chamou um de seus guardas e lhe ordenou que
levasse a enteada para a mata e lá a matasse. E que trouxesse o coração de
Branca de Neve, como prova de que a missão fora cumprida.
O guarda obedeceu. Mas, quando chegou à mata, não teve coragem de enfiar a faca
naquela lindíssima jovem inocente que, afinal, nunca fizera mal a
ninguém.
Deixou-a fugir. Para enganar a rainha, matou um veadinho, tirou o coração e
entregou-o a ela, que quase explodiu de alegria e satisfação.
Enquanto isso, Branca de Neve fugia, penetrando cada vez mais na mata, ansiosa
por se distanciar da madrasta e da morte.
Os animais chegavam bem perto, sem a atacar; os galhos das árvores se abriam
para que ela passasse.
Ao anoitecer, quando já não se agüentava mais em pé de tanto cansaço, Branca de
Neve viu numa clareira uma casa bem pequena e entrou para descansar um
pouquinho.
Olhou em volta e ficou admirada: havia uma mesinha posta com minúsculos sete
pratinhos, sete copinhos, sete colherezinhas e sete garfinhos. No cômodo
superior estavam alinhadas sete caminhas, com cobertas muito brancas.
Branca de Neve estava com fome e sede. Experimentou então uma colher da sopa de
cada pratinho, tomou um gole do vinho de cada copinho e deitou-se em cada
caminha, até encontrar a mais confortável. Nela se ajeitou e dormiu profundamente.
Os donos da casa voltaram tarde da noite; eram sete anões que trabalhavam numa
mina de diamantes, dentro da montanha.
Logo que entraram, viram que faltava um pouco de sopa nos pratos, que os copos
não estavam cheios de vinho… Estranho.
Lá em cima, nas camas, as cobertas estavam mexidas… E na última cama — surpresa
maior! — estava adormecida uma linda donzela de cabelos pretos, pele branca
como a neve e face vermelha como o sangue.
— Como é linda! — murmuraram em coro.
— E como deve estar cansada — disse um deles —, já que dorme assim.
Decidiram não incomodar; o anão dono da caminha onde dormia a donzela passaria
a noite numa poltrona.
Na manhã seguinte,
quando despertou, Branca de Neve se viu cercada pelos sete anões barbudinhos e
se assustou. Mas eles logo a acalmaram, dizendo-lhe que era muito bem-vinda.
— Como se chama? — perguntaram.
— Branca de Neve.
— Mas como você chegou até aqui, tão longe, no
coração da floresta?
Branca de Neve contou tudo. Falou da crueldade
da madrasta, da sua ordem para matá-la, da piedade do caçador que a deixara
fugir, desobedecendo à rainha, e de sua caminhada pela mata até encontrar
aquela casinha.
— Fique aqui, se gostar… — propôs o anão mais
velho.
— Você poderia cuidar da casa, enquanto nós
estamos na mina, trabalhando. Mas tome cuidado enquanto estiver sozinha. Cedo
ou tarde, sua madrasta descobrirá onde você está, e se ela a encontrar… Não
deixe que ninguém entre! É mais seguro.
Assim começou uma vida nova para Branca de Neve,
uma vida de trabalho.
E a madrasta? Estava feliz, convencida de que
beleza de mulher alguma superava a sua.
Mas, um dia, teve por acaso a idéia de
interrogar o espelho mágico:
— Espelho, espelho meu, diga-me se há no mundo
mulher mais bela do que eu.
E o espelho respondeu com voz grave:
— Na mata, na casa dos mineiros, querida rainha,
está Branca de Neve, mais bela que nunca!
A rainha entendeu que tinha sido enganada pelo
guarda: Branca de Neve ainda vivia! Resolveu agir por si mesma, para que não
houvesse no mundo inteiro mulher mais linda do que ela.
Pintou o rosto, colocou um lenço na cabeça e
irreconhecível, disfarçada de velha mercadora, procurou pela mata a casinha dos
anões. Quando achou, bateu à porta e Branca de Neve, ingenuamente, foi atender.
A malvada ofereceu-lhe suas mercadorias, e a
princesa apreciou um lindo cinto colorido.
— Deixe-me ajudá-la a experimentar o cinto. Você
ficará com uma cintura fininha, fininha — disse a falsa vendedora, com uma
risada irônica e estridente, apertando cada vez mais o cinto.
E apertou tanto, tanto, que Branca de Neve se
sentiu sufocada e desmaiou, caindo como morta. A madrasta fugiu.
Pouco depois, chegaram os anões. Assustaram-se
ao ver Branca de Neve estirada e imóvel.
O anão mais jovem percebeu o cinto apertado
demais e imediatamente o cortou. Branca de Neve voltou a respirar e a cor, aos
poucos, começou a voltar a sua face; melhorou e pôde contar o ocorrido.
— Aquela velha vendedora ambulante era a rainha
disfarçada — disseram logo os anões.
— Você não deveria tê-la deixado entrar. Agora,
seja mais prudente.
Enquanto isso, a perversa rainha, já no castelo,
consultava o espelho mágico e se surpreendeu ao ouvi-lo dizer:
— No bosque, na casa dos anões, minha querida
rainha, há Branca de Neve, mais bela que nunca.
Seu plano fracassara! Tentaria novamente.
No dia seguinte, Branca de Neve viu chegar uma
camponesa de aspecto gentil, que lhe colocou na janela uma apetitosa maçã, sem
dizer nada, apenas sorrindo um sorriso desdentado. A princesinha nem suspeitou
de que se tratava da madrasta, numa segunda tentativa.
Branca de Neve, ingênua e gulosa, mordeu a maçã.
Antes de engolir a primeira mordida, caiu imóvel.
Dessa vez, devia estar morta, pois o socorro
dado pelos anões, quando regressaram da mina, nada resolveu.
Não acharam cinto apertado, nem ferimento algum,
apenas o corpo caído.
Branca de Neve parecia dormir; estava tão linda
que os bons anõezinhos não quiseram enterrá-la.
— Vamos construir um caixão de cristal para a
nossa Branca de Neve, assim poderemos admirá-la sempre.
O esquife de cristal foi construído e levado ao
topo da montanha. Na tampa, em dourado, escreveram: “Branca de Neve, filha de
rei”.
Os anões guardavam o caixão dia e noite, e
também os animaizinhos da mata – veadinhos, esquilos e lebres —todos choravam
por Branca de Neve.
Lá no castelo, a malvada rainha interrogava o
espelho mágico:
— Espelho, espelho meu, diga-me se há no mundo
mulher mais bela do que eu.
A resposta era invariável.
— Em todo o mundo, não existe beleza maior.
Branca de Neve parecia dormir no caixão de
cristal; o rosto branco como a neve e de lábios vermelho como sangue,
emoldurado pelos cabelos negros como ébano. Continuava tão linda como enquanto
vivia.
Um dia, um jovem príncipe que caçava por ali
passou no topo da montanha.
Bastou ver o corpo de Branca de Neve para se
apaixonar, apesar de a donzela estar morta. Pediu permissão aos anões para
levar consigo o caixão de cristal. Havia tanta paixão, tanta dor e tanto
desespero na voz do príncipe, que os anões ficaram comovidos e consentiram.
— Está bem. Nós o ajudaremos a transportá-la
para o vale. A donzela Branca de Neve será sua.
Com o caixão nas costas, puseram-se a caminho.
Enquanto desciam por um caminho íngreme, um anão
tropeçou numa pedra e quase caiu. Reequilibrou-se a tempo.
O abalo do caixão, porém, fez com que o pedaço
da maçã envenenada, que Branca de Neve trazia ainda na boca, caísse. Assim a
donzela se reanimou. Abrindo os olhos e suspirando se sentou e, admirada, quis
saber:
— O que aconteceu? Onde estou?
O príncipe e os anões, felizes, explicaram tudo.
O príncipe declarou-se a Branca de Neve e
pediu-a em casamento. Branca de Neve aceitou felicíssima.
Foram para o palácio real, onde toda a corte os
recebeu.
Foram distribuídos os convites para a cerimônia
nupcial. Entre os convidados estava a rainha madrasta — mas ela mal sabia que a
noiva era sua enteada. Vestiu-se a megera suntuosamente, pôs muitas jóias e,
antes de sair, interrogou o espelho mágico:
— Espelho, espelho meu, diga-me se há no mundo
mulher mais bela do que eu.
E o fiel espelho:
— No seu reino, a mais bela é você; mas a noiva
Branca de Neve é a mais bela do mundo.
Louca de raiva, a rainha saiu apressada para a
cerimônia. Lá chegando, ao ver Branca de Neve, sofreu um ataque: o coração explodiu
e o corpo estourou tamanha era sua ira.
Mas os festejos não cessaram um só instante. E
os anões, convidados de honra, comeram, cantaram e dançaram três dias e três
noites. Depois, retornaram para sua casinha e sua mina, no coração da mata.
Cachinhos
dourados e os 3 ursos
Era uma vez, uma família de ursinhos; o Pai Urso, a
Mãe Urso e o Pequeno Urso. Os três moravam numa bela casinha, bem no meio da
floresta.
O Papai Urso, o maior dos três, era também o mais forte, muito corajoso e tinha
uma voz bem grossa. A Mamãe Urso era um pouco menor, era gentil e delicada e
tinha uma voz meiga. O Pequeno Urso era o menorzinho, muito curioso e sua voz
era fininha.
Certa manhã, ao se levantarem, Mamãe Urso fez um delicioso mingau, como era de
costume. Porém, o mingau estava muito quente.
Sendo assim, mamãe Urso propôs que fossem dar uma voltinha junta pela floresta,
enquanto o mingau esfriava.
E assim fizeram. Mamãe Urso deixou o mingau em suas tigelinhas, esfriando em
cima da mesa e os três ursos saíram pela floresta.
Enquanto eles estavam fora, apareceu por ali uma menina de cabelos loiros
cacheados, era conhecida como Cachinhos Dourados. Ela morava do outro lado da
floresta, num vilarejo, e tinha o mau hábito de sair de casa sem avisar seus
pais.
Quando se aproximou da casinha dos ursos, já muito cansada de tanto andar,
resolveu bater na porta.
Bateu, bateu, mas ninguém respondeu.
Assim, ao perceber que a porta estava apenas encostada, resolveu entrar.
Ao entrar, se deparou com uma mesa forrada com uma bela toalha xadrez e em cima
da mesa havia três tigelinhas de mingau.
Como estava com muita fome, e não viu ninguém na casa, resolveu provar a
iguaria.
Provou, então, o mingau da tigela maior, mas achou-o muito quente.
Provou o da tigela do meio e achou-o muito frio.
Provou o mingau da tigelinha menor e achou-o delicioso, não resistiu e comeu-o
todo.
Após comer o mingau, Cachinhos Dourados foi em direção à sala. Lá encontrou
três cadeiras, como estava muito cansada, resolveu sentar-se.
Achou a primeira cadeira muito grande e levantou-se a seguir.
Sentou-se, então, na cadeira do meio, mas achou-a desconfortável e ainda grande
demais.
Sentou-se na cadeirinha menor e achou-a muito confortável e num bom tamanho.
Porém, sentou-se tão desajeitadamente que a quebrou.
Ainda cansada, Cachinhos Dourados resolveu subir às escadas.
Encontrou um quarto com três caminhas, uma grande, uma média e uma
pequena.
Tentou deitar-se na cama maior, mas achou-a muito dura. Deitou-se na do meio e
achou-a macia demais. Deitou-se na menor e achou-a muito boa. Estava tão
cansada que não resistiu e acabou pegando no sono.
Enquanto ela dormia, os ursinhos voltaram do passeio. Foram logo à cozinha para
tomar o mingau, que era o café da manhã. Estranharam a porta aberta, e logo
perceberam que alguém havia estado ali.
__Alguém mexeu no meu mingau! - rosnou o Papai Urso.
__Alguém comeu do meu mingau! – disse brava a Mamãe Urso.
__ Alguém comeu todo o meu mingau! –gritou o Pequeno Urso.
Os três ursos se dirigiram para a sala. Papai Urso olhou para sua cadeira e
exclamou:
__ Alguém sentou na minha cadeira!
Mamãe Urso, com sua voz, já não tão meiga, reclamou:
__ Alguém também sentou na minha cadeira!
O Pequeno Urso, chorando, queixou-se:
__ Alguém quebrou a minha cadeirinha!
Os três subiram as escadas, e foram em direção ao quarto.
Papai Urso olhou para sua cama e perguntou:
__ Quem deitou na minha cama?
Mamãe Urso olhou para sua cama e disse:
__Alguém esteve deitado na minha cama e deixou-a bagunçada!
O Pequeno Urso, muito bravo, gritou:
__Alguém está deitado na minha caminha!
Cachinhos Dourados acordou com o grito de Pequeno Urso.
Ficou muito assustada ao ver os três ursos bravos olhando para ela.
Seu susto foi tão grande que em um só pulo saiu da cama e já estava descendo as
escadas. Mal deu tempo para que os ursos piscassem os olhos. Num segundo pulo,
Cachinhos Dourados pulou a janela e saiu correndo pela floresta, rápida como o
pensamento.
Depois desse enorme susto a menina aprendeu a lição, nunca mais fugiu de casa,
muito menos entrou em casa de ninguém sem ser convidada.
Chapeuzinho
vermelho
Era uma vez, numa pequena cidade às margens da
floresta, uma menina de olhos negros e louros cabelos cacheados, tão graciosos
quanto valiosa.
Um dia, com um retalho de tecido vermelho, sua mãe costurou para ela uma curta
capa com capuz; ficou uma belezinha, combinando muito bem com os cabelos louros
e os olhos negros da menina.
Daquele dia em diante, a menina não quis mais saber de vestir outra roupa,
senão aquela e, com o tempo, os moradores da vila passaram a chamá-la de
“Chapeuzinho Vermelho”.
Além da mãe, Chapeuzinho Vermelho não tinha outros parentes, a não ser uma avó
bem velhinha, que nem conseguia mais sair de casa. Morava numa casinha, no
interior da mata.
De vez em quando ia lá visitá-la com sua mãe, e sempre levavam alguns
mantimentos.
Um dia, a mãe da menina preparou algumas broas das quais a avó gostava muito,
mas, quando acabou de assar os quitutes, estava tão cansada que não tinha mais
ânimo para andar pela floresta e levá-las para a velhinha.
Então, chamou a filha:
— Chapeuzinho Vermelho vá levar estas broinhas para a vovó, ela gostará muito.
Disseram-me que há alguns dias ela não passa bem e, com certeza, não tem
vontade de cozinhar.
— Vou agora mesmo, mamãe.
— Tome cuidado, não pare para conversar com ninguém e vá direitinho, sem
desviar do caminho certo. Há muitos perigos na floresta!
— Tomarei cuidado, mamãe, não se preocupe. A mãe arrumou as broas em um cesto e
colocou também um pote de geléia e um tablete de manteiga. A vovó gostava de
comer as broinhas com manteiga fresquinha e geléia.
Chapeuzinho Vermelho pegou o cesto e foi embora. A mata era cerrada e escura.
No meio das árvores somente se ouvia o chilrear de alguns pássaros e, ao longe,
o ruído dos machados dos lenhadores.
A menina ia por uma trilha quando, de repente, apareceu-lhe na frente um lobo
enorme, de pêlo escuro e olhos brilhantes.
Olhando para aquela linda menina, o lobo pensou que ela devia ser macia e
saborosa. Queria mesmo devorá-la num bocado só. Mas não teve coragem, temendo
os cortadores de lenha que poderiam ouvir os gritos da vítima. Por isso,
decidiu usar de astúcia.
— Bom dia, linda menina — disse com voz doce.
— Bom dia — respondeu Chapeuzinho Vermelho.
— Qual é seu nome?
— Chapeuzinho Vermelho
. — Um nome bem certinho para você. Mas diga-me, Chapeuzinho Vermelho, onde
está indo assim tão só?
— Vou visitar minha avó, que não está muito bem de saúde.
— Muito bem! E onde mora sua avó?
— Mais além, no interior da mata.
— Explique melhor, Chapeuzinho Vermelho.
— Numa casinha com as venezianas verdes, logo29 após o velho engenho de
açúcar.
O lobo teve uma idéia e propôs:
— Gostaria de ir também visitar sua avó doente. Vamos fazer uma aposta, para
ver quem chega primeiro. Eu irei por aquele atalho lá abaixo, e você poderá
seguir por este. Chapeuzinho Vermelho aceitou a proposta.
— Um, dois, três, e já! — gritou o lobo.
Conhecendo a floresta tão bem quanto seu nariz, o lobo escolhera para ele o
trajeto mais breve, e não demorou muito para alcançar a casinha da vovó.
Bateu à porta o mais delicadamente possível, com suas enormes patas.
— Quem é? — perguntou a avó.
O lobo fez uma vozinha doce, doce, para responder:
— Sou eu, sua netinha, vovó. Trago broas feitas em casa, um vidro de geléia e
manteiga fresca.
A boa velhinha, que ainda estava deitada, respondeu:
— Puxe a tranca, e a porta se abrirá.
O lobo entrou, chegou ao meio do quarto com um só pulo e devorou a pobre
vovozinha, antes que ela pudesse gritar.
Em seguida, fechou a porta. Enfiou-se embaixo das cobertas e ficou à espera de
Chapeuzinho Vermelho. A essa altura, Chapeuzinho Vermelho já tinha esquecido do
lobo e da aposta sobre quem chegaria primeiro. Ia andando devagar pelo atalho,
parando aqui e acolá: ora era atraída por uma árvore carregada de pitangas, ora
ficava observando o vôo de uma borboleta, ou ainda um ágil esquilo. Parou um
pouco para colher um maço de flores do campo, encantou-se a observar uma
procissão de formigas e correu atrás de uma joaninha.
Finalmente, chegou à casa da vovó e bateu de leve na porta.
— Quem está aí? — perguntou o lobo, esquecendo de disfarçar a voz.
Chapeuzinho Vermelho se espantou um pouco com a voz rouca, mas pensou que fosse
porque a vovó ainda estava gripada.
— É Chapeuzinho Vermelho, sua netinha. Estou trazendo broinhas, um pote de
geléia e manteiga bem fresquinha!
Mas aí o lobo se lembrou de afinar a voz cavernosa antes de responder:
— Puxe o trinco, e a porta se abrirá.
— Chapeuzinho Vermelho puxou o trinco e abriu a porta.
O lobo estava escondido, embaixo das cobertas, só deixando aparecer a touca que
a vovó usava para dormir.
Coloque as broinhas, a geléia e a manteiga no armário, minha querida netinha, e
venha aqui até a minha cama. Tenho muito frio, e você me ajudará a me aquecer
um pouquinho.
Chapeuzinho Vermelho obedeceu e se enfiou embaixo das cobertas. Mas estranhou o
aspecto da avó. Antes de tudo, estava muito peluda! Seria efeito da doença? E
foi reparando:
— Oh, vovozinha, que braços longos você tem!
— São para abraçá-la melhor, minha querida menina!
— Oh, vovozinha, que olhos grandes você tem!
— São para enxergar também no escuro, minha menina!
— Oh, vovozinha, que orelhas compridas você tem!
— São para ouvir tudo, queridinha!
— Oh, vovozinha, que boca enorme você tem!
— É para engolir você melhor!!!
Assim dizendo, o lobo mau deu um pulo e, num movimento só, comeu a pobre
Chapeuzinho Vermelho.
— Agora estou
realmente satisfeito — resmungou o lobo. Estou até com vontade de tirar uma
soneca, antes de retomar meu caminho.
Voltou a se enfiar embaixo das cobertas, bem
quentinho. Fechou os olhos e, depois de alguns minutos, já roncava. E como
roncava! Uma britadeira teria feito menos barulho.
Algumas horas mais tarde, um caçador passou em
frente à casa da vovó, ouviu o barulho e pensou: “Olha só como a velhinha
ronca! Estará passando mal!? Vou dar uma espiada.”
Abriu a porta, chegou perto da cama e… quem ele
viu?
O lobo, que dormia como uma pedra, com uma
enorme barriga parecendo um grande balão!
O caçador ficou bem satisfeito. Há muito tempo
estava procurando esse lobo, que já matara muitas ovelhas e cabritinhos.
— Afinal você está aqui, velho malandro! Sua
carreira terminou. Já vai ver!
Enfiou os cartuchos na espingarda e estava
pronto para31 atirar, mas então lhe pareceu que a barriga do lobo estava se
mexendo e pensou: “Aposto que este danado comeu a vovó, sem nem ter o trabalho
de mastigá-la! Se foi isso, talvez eu ainda possa ajudar!”.
Guardou a espingarda, pegou a tesoura e, bem
devagar, bem de leve, começou a cortar a barriga do lobo ainda adormecido.
Na primeira tesourada, apareceu um pedaço de
pano vermelho, na segunda, uma cabecinha loura, na terceira, Chapeuzinho
Vermelho pulou fora.
— Obrigada, senhor caçador, agradeço muito por
ter me libertado. Estava tão apertado lá dentro, e tão escuro… Faça outro
pequeno corte, por favor, assim poderá libertar minha avó, que o lobo comeu
antes de mim.
O caçador recomeçou seu trabalho com a tesoura,
e da barriga do lobo saiu também a vovó, um pouco estonteada, meio sufocada,
mas viva.
— E agora? — perguntou o caçador. — Temos de
castigar esse bicho como ele merece!
Chapeuzinho Vermelho foi correndo até a beira do
córrego e apanhou uma grande quantidade de pedras redondas e lisas. Entregou-as
ao caçador que arrumou tudo bem direitinho, dentro da barriga do lobo, antes de
costurar os cortes que havia feito.
Em seguida, os três saíram da casa, se
esconderam entre as árvores e aguardaram.
Mais tarde, o lobo acordou com um peso estranho
no estômago. Teria sido indigesta a vovó? Pulou da cama e foi beber água no
córrego, mas as pedras pesavam tanto que, quando se abaixou, ele caiu na água e
ficou preso no fundo do córrego.
O caçador foi embora contente e a vovó comeu com
gosto as broinhas. Chapeuzinho Vermelho prometeu a si mesma nunca mais esquecer
os conselhos da mamãe: “Não pare para conversar com ninguém, e vá em frente
pelo seu — caminho”.
João
e Maria
Às margens de uma extensa mata existia, há muito
tempo, uma cabana pobre, feita de troncos de árvore, na qual morava um lenhador
com sua segunda esposa e seus dois filhinhos, nascidos do primeiro casamento. O
garoto chamava-se João e a menina, Maria.
A vida sempre fora difícil na casa do lenhador, mas naquela época as coisas
haviam piorado ainda mais: não havia comida para todos.
— Minha mulher, o que será de nós? Acabaremos todos por morrer de necessidade.
E as crianças serão as primeiras…
— Há uma solução… — disse a madrasta, que era muito malvada. — Amanhã daremos a
João e Maria um pedaço de pão, depois os levaremos à mata e lá os
abandonaremos.
O lenhador não queria nem ouvir falar de um plano tão cruel, mas a mulher,
esperta e insistente, conseguiu convencê-lo.
No aposento ao lado, as duas crianças tinham escutado tudo, e Maria desatou a
chorar.
— Não chore — tranqüilizou-a o irmão — Tenho uma idéia.
Esperou que os pais estivessem dormindo, saiu da cabana, catou um punhado de
pedrinhas brancas que brilhavam ao clarão da lua e as escondeu no bolso. Depois
voltou para a cama.
No dia seguinte, ao amanhecer, a madrasta acordou as crianças.
As crianças foram com o pai e a madrasta cortar lenha na floresta e lá foram
abandonadas.
João havia marcado o caminho com as pedrinhas e, ao anoitecer, conseguiram
voltar para casa.
O pai ficou contente, mas a madrasta, não. Mandou-os dormir e trancou a porta
do quarto. Como era malvada, ela planejou levá-los ainda mais longe no dia
seguinte.
João ouviu a madrasta novamente convencendo o pai a abandoná-los, mas desta vez
não conseguiu sair do quarto para apanhar as pedrinhas, pois sua madrasta havia
trancado a porta. Maria desesperada só chorava. João pediu-lhe para ficar calma
e ter fé em Deus.
Antes de saírem para o passeio, receberam para comer um pedaço de pão velho.
João, em vez de comer o pão, guardou-o.
Ao caminhar para a floresta, João jogava as migalhas de pão no chão, para
marcar o caminho da volta.
Chegando a uma clareira, a madrasta ordenou que esperassem até que ela colhesse
algumas frutas, por ali. Mas eles esperaram em vão. Ela os tinha abandonado
mesmo!
- Não chore Maria, disse João. Agora, só temos é que seguir a trilha que eu fiz
até aqui, e ela está toda marcada com as migalhas do pão.
Só que os passarinhos tinham comido todas as migalhas de pão deixadas no
caminho.
As crianças andaram
muito até que chegaram a uma casinha toda feita com chocolate, biscoitos e
doces. Famintos, correram e começaram a comer.
De repente, apareceu uma velhinha, dizendo: -
Entrem, entrem, entrem que lá dentro tem muito mais para vocês.
Mas a velhinha era uma bruxa que os deixou comer
bastante até caírem no sono e confortáveis caminhas.
Quando as crianças acordaram, achavam que
estavam no céu, parecia tudo perfeito.
Porém a velhinha era uma bruxa malvada que e
aprisionou João numa jaula para que ele engordasse. Ela queria devorá-lo bem
gordo. E fez da pobre e indefesa Maria, sua escrava.
Todos os dias João tinha que mostrar o dedo para
que ela sentisse se ele estava engordando. O menino, muito esperto, percebendo
que a bruxa enxergava pouco, mostrava-lhe um ossinho de galinha. E ela ficava
furiosa, reclamava com Maria:
- Esse menino, não há meio de engordar.
- Dê mais comida para ele!
Passaram-se alguns dias até que numa manhã assim
que a bruxa acordou, cansada de tanto esperar, foi logo gritando:
- Hoje eu vou fazer uma festança.
- Maria ponha um caldeirão bem grande, com água
até a boca para ferver.
- Dê bastante comida paro seu o irmão, pois é
hoje que eu vou comê-lo ensopado.
Assustada, Maria começou a chorar.
— Acenderei o forno também, pois farei um pão
para acompanhar o ensopado. Disse a bruxa.
Ela empurrou Maria para perto do forno e disse:
_Entre e veja se o forno está bem quente para
que eu possa colocar o pão.
A bruxa pretendia fechar o forno quando Maria
estivesse lá dentro, para assá-la e comê-la também. Mas Maria percebeu a
intenção da bruxa e disse:
- Ih! Como posso entrar no forno, não sei como
fazer?
- Menina boba! Disse a bruxa. Há espaço
suficiente, até eu poderia passar por ela.
A bruxa se aproximou e colocou a cabeça dentro
do forno. Maria, então, deu-lhe um empurrão e ela caiu lá dentro. A menina,
então, rapidamente trancou a porta do forno deixando que a bruxa morresse
queimada.
Mariazinha foi direto libertar seu irmão.
Estavam muito felizes e tiveram a idéia de
pegarem o tesouro que a bruxa guardava e ainda algumas guloseimas.
Encheram seus bolsos com tudo que conseguiram e
partiram rumo à floresta.
Depois de muito andarem atravessaram um grande
lago com a ajuda de um cisne.
Andaram mais um pouco e começaram a reconhecer o
caminho. Viram de longe a pequena cabana do pai.
Ao chegarem à cabana encontraram o pai triste e
arrependido. A madrasta havia morrido de fome e o pai estava desesperado com o
que fez com os filhos.
Quando os viu, o pai ficou muito feliz e foi
correndo abraçá-los. Joãozinho e Maria mostraram-lhe toda a fortuna que traziam
nos seus bolsos, agora não haveria mais preocupação com dinheiro e comida e
assim foram felizes para sempre.
O
patinho feio
A mamãe pata tinha escolhido um lugar ideal para
fazer seu ninho: um cantinho bem protegido, no meio da folhagem, perto do rio
que contornava o velho castelo.
Mais adiante estendiam-se o bosque e um lindo jardim florido.
Naquele lugar sossegado, a pata agora aquecia pacientemente seus ovos. Por fim,
após a longa espera, os ovos se abriram um após o outro, e das cascas rompidas
surgiram, engraçadinhos e miúdos, os patinhas amarelos que, imediatamente,
saltaram do ninho.
Porém um dos ovos ainda não se abrira; era um ovo grande, e a pata pensou que
não o chocara o suficiente.
Impaciente, deu umas bicadas no ovão e ele começou a se romper.
No entanto, em vez de um patinho amarelinho saiu uma ave cinzenta e
desajeitada. Nem parecia um patinho.
Para ter certeza de que o recém-nascido era um patinho, e não outra ave, a
mãe-pata foi com ele até o rio e o obrigou a mergulhar junto com os outros.
Quando viu que ele nadava com naturalidade e satisfação, suspirou aliviada. Era
só um patinho muito, muito feio.
Tranqüilizada, levou sua numerosa família para conhecer os outros animais que
viviam nos jardins do castelo.
Todos parabenizaram a pata: a sua ninhada era realmente bonita. Exceto um. O
horroroso e desajeitado das penas cinzentas!
— É grande e sem graça! — falou o peru.
— Tem um ar abobalhado — comentaram as galinhas.
O porquinho nada disse, mas grunhiu com ar de desaprovação.
Nos dias que se seguiram, as coisas pioraram. Todos os bichos, inclusive os
patinhos, perseguiam a criaturinha feia.
A pata, que no princípio defendia aquela sua estranha cria, agora também sentia
vergonha e não queria tê-lo em sua companhia.
O pobre patinho crescia só, malcuidado e desprezado. Sofria. As galinhas o
bicavam a todo instante, os perus o perseguiam com ar ameaçador e até a
empregada, que diariamente levava comida aos bichos, só pensava em enxotá-lo.
Um dia, desesperado, o patinho feio fugiu. Queria ficar longe de todos que o
perseguiam.
Caminhou, caminhou e chegou perto de um grande brejo, onde viviam alguns
marrecos. Foi recebido com indiferença: ninguém ligou para ele. Mas não foi
maltratado nem ridicularizado; para ele, que até agora só sofrera, isso já era
o suficiente.
Infelizmente, a fase tranqüila não durou muito. Numa certa madrugada, a
quietude do brejo foi interrompida por um tumulto e vários disparos: tinham
chegado os caçadores!
Muitos marrequinhos perderam a vida. Por um milagre, o patinho feio conseguiu
se salvar, escondendo-se no meio da mata.
Depois disso, o brejo já não oferecia segurança; por isso, assim que cessaram
os disparos, o patinho fugiu de lá.
Novamente caminhou, caminhou, procurando um lugar onde não sofresse.
Ao entardecer chegou a uma cabana. A porta estava entreaberta, e ele conseguiu
entrar sem ser notado. Lá dentro, cansado e tremendo de frio, se encolheu num
cantinho e logo dormiu.
Na cabana morava uma velha, em companhia de um gato, especialista em caçar
ratos, e de uma galinha, que todos os dias botava o seu ovinho.
Na manhã seguinte, quando a dona da cabana viu o patinho dormindo no canto, ficou
toda contente.
— Talvez seja uma patinha. Se for, cedo ou tarde botará ovos, e eu poderei
preparar cremes, pudins e tortas, pois terei mais ovos. Estou com muita
sorte!
Mas o tempo passava, e nenhum ovo aparecia. A velha começou a perder a
paciência. A galinha e o gato, que desde o começo não viam com bons olhos
recém-chegado, foram ficando agressivos e briguentos.
Mais uma vez, o coitadinho preferiu deixar a segurança da cabana e se aventurar
pelo mundo.
Caminhou, caminhou e achou um lugar tranqüilo perto de uma lagoa, onde parou.
Enquanto durou a boa estação, o verão, as coisas não foram muito mal. O patinho
passava boa parte do tempo dentro da água e lá mesmo encontrava alimento
suficiente.
Mas chegou o outono. As folhas começaram a cair, bailando no ar e pousando no
chão, formando um grande tapete amarelo. O céu se cobriu de nuvens ameaçadoras
e o vento esfriava cada vez mais.
Sozinho, triste e esfomeado, o patinho pensava, preocupado, no inverno que se
aproximava.
Num final de tarde, viu surgir entre os arbustos um bando de grandes e
lindíssimas aves. Tinham as plumas alvas, as asas grandes e um longo pescoço,
delicado e sinuoso: eram cisnes, emigrando na direção de regiões quentes.
Lançando estranhos sons, bateram as asas e levantaram vôo, bem alto.
O patinho ficou encantado, olhando a revoada, até que ela desaparecesse no
horizonte. Sentiu uma grande tristeza, como se tivesse perdido amigos muito
queridos.
Com o coração apertado, lançou-se na lagoa e nadou durante longo tempo. Não
conseguia tirar o pensamento daquelas maravilhosas criaturas, graciosas e
elegantes.
Foi se sentindo mais feio, mais sozinho e mais infeliz do que nunca.
Naquele ano, o inverno chegou cedo e foi muito rigoroso.
O patinho feio precisava nadar ininterruptamente, para que a água não
congelasse em volta de seu corpo, criando uma armadilha mortal. Mas era uma
luta contínua e sem esperança.
Um dia, exausto, permaneceu imóvel por tempo suficiente para ficar com as patas
presas no gelo.
— Agora morrerei — pensou. — Assim, terá fim todo meu sofrimento.
Fechou os olhos, e o último pensamento que teve antes de cair num sono parecido
com a morte foi para as grandes aves brancas.
Na manhã seguinte, bem cedo, um camponês que passava por aqueles lados viu o
pobre patinho, já meio morto de frio.
Quebrou o gelo com um pedaço de pau, libertou o pobrezinho e levou-o para sua
casa.
Lá o patinho foi alimentado e aquecido, recuperando um pouco de suas forças.
Logo que deu sinais de vida, os filhos do camponês se animaram:
— Vamos fazê-lo voar!
— Vamos escondê-lo em algum lugar!
E seguravam o patinho,
apertavam-no, esfregavam-no. Os meninos não tinham más intenções; mas o
patinho, acostumado a ser maltratado, atormentado e ofendido, se assustou e
tentou fugir. Fuga atrapalhada!
Caiu de cabeça num balde cheio de leite e,
esperneando para sair, derrubou tudo. A mulher do camponês começou a gritar, e
o pobre patinho se assustou ainda mais.
Acabou se enfiando no balde da manteiga,
engordurando-se até os olhos e, finalmente se enfiou num saco de farinha,
levantando uma poeira sem fim. br> A cozinha parecia um campo de batalha.
Fora de si, a mulher do camponês pegara a vassoura e procurava golpear o
patinho. As crianças corriam atrás do coitadinho, divertindo-se muito.
Meio cego pela farinha, molhado de leite e
engordurado de manteiga, esbarrando aqui e ali, o pobrezinho por sorte
conseguiu afinal encontrar a porta e fugir, escapando da curiosidade das
crianças e da fúria da mulher.
Ora esvoaçando, ora se arrastando na neve, ele
se afastou da casa do camponês e somente parou quando lhe faltaram as forças.
Nos meses seguintes, o patinho viveu num lago,
se abrigando do gelo onde encontrava relva seca.
Finalmente, a primavera derrotou o inverno. Lá
no alto, voavam muitas aves. Um dia, observando-as, o patinho sentiu um
inexplicável e incontrolável desejo de voar.
Abriu as asas, que tinham ficado grandes e
robustas, e pairou no ar. Voou. Voou. Voou longamente, até que avistou um
imenso jardim repleto de flores e de árvores; do meio das árvores saíram três
aves brancas.
O patinho reconheceu as lindas aves que já vira
antes, e se sentiu invadir por uma emoção estranha, como se fosse um grande
amor por elas.
— Quero me aproximar dessas esplêndidas
criaturas — murmurou. — Talvez me humilhem e me matem a bicadas, mas não
importa. É melhor morrer perto delas do que continuar vivendo atormentado por
todos.
Com um leve toque das asas, abaixou-se até o
pequeno lago e pousou tranqüilamente na água.
— Podem matar-me, se quiserem — disse,
resignado, o infeliz.
E abaixou a cabeça, aguardando a morte. Ao fazer
isso, viu a própria imagem refletida na água, e seu coração entristecido deu um
pulo. O que via não era a criatura desengonçada, cinzenta e sem graça de
outrora. Enxergava as penas brancas, as grandes asas e um pescoço longo e
sinuoso.
Ele era um cisne! Um cisne, como as aves que
tanto admirava.
— Bem-vindo entre nós! — disseram-lhe os três
cisnes, curvando os pescoços, em sinal de saudação.
Aquele que num tempo distante tinha sido um
patinho feio, humilhado, desprezado e atormentado se sentia agora tão feliz que
se perguntava se não era um sonho!
Mas, não! Não estava sonhando. Nadava em
companhia de outros, com o coração cheio de felicidade.
Mais tarde, chegaram ao jardim três meninos,
para dar comida aos cisnes.
O menorzinho disse, surpreso:
— Tem um cisne novo! E é o mais belo de todos! E
correu para chamar os pais.
— É mesmo uma esplêndida criatura! — disseram os
pais.
E jogaram pedacinhos de biscoito e de bolo.
Tímido diante de tantos elogios, o cisne escondeu a cabeça embaixo da asa.
Talvez um outro, em seu lugar, tivesse ficado
envaidecido. Mas não ele. Seu coração era muito bom, e ele sofrera muito, antes
de alcançar a sonhada felicidade.
João e o
pé de feijão
Era uma vez um menino chamado
João que vivia com sua mãe, uma pobre viúva, numa cabana bem longe da cidade.
Um dia, a mãe de João disse: - Joãozinho acabou
a comida e o dinheiro. Vá até a cidade e venda a nossa vaquinha, o único bem
que nos resta.
João foi para a cidade e, no caminho, encontrou
um homem que o convenceu a trocar a vaquinha por sementes de feijão. O homem
disse:
- Com estas sementes de feijão jamais passarão
fome. João acreditou e trouxe as sementes para casa. Quando a mãe de João viu
as sementes, ficou furiosa. Jogou tudo pela janela.
Na manhã seguinte, João levantou com muita fome
e foi até o quintal. Ficou espantado quando viu uma enorme árvore que ia até o
céu. Nem chamou sua mãe. Decidiu subir pelo pé de feijão até chegar à copa.
João ficou maravilhado ao encontrar um castelo
nas nuvens e quis vê-lo de perto. De repente, uma mulher enorme surgiu de
dentro do castelo e o agarrou: - O que faz aqui, menino? Será o meu escravo.
Mas o gigante não pode saber, por isso, vou escondê-lo. Se ele vir você, com
certeza vai comê-lo.
O gigante chegou fazendo muito barulho. A mulher
havia escondido João num armário. O gigante rugiu:
- Sinto cheiro de criança! E farejou em todos os
cantos à procura de uma criança que estivesse escondida ali. A mulher
adiantou-se e respondeu para o gigante: - Este cheiro é da comida que irei
servir. Sente-se à mesa, meu senhor.
O gigante comeu o saboroso alimento. Depois,
ordenou a uma galinha prisioneira que pusesse um ovo de ouro, e a uma harpa que
tocasse uma bela melodia. Então, o gigante adormeceu em poucos minutos.
Vendo que a mulher havia se esquecido dele, João
saiu do armário e, rapidamente, libertou a galinha e também a harpa. Mas a
galinha cacarejou e a harpa fez um som estridente. Por isso, o gigante
despertou.
Com a galinha debaixo do braço e a harpa na
outra mão, João correu e o gigante foi atrás dele. João chegou primeiro ao
tronco do pé de feijão e deslizou pelos ramos. Quando estava quase chegando ao
chão, gritou para sua mãe, que o esperava: - Mamãe vá buscar um machado, tem um
gigante atrás de mim!
Com o machado, João cortou o tronco, que caiu
com um estrondo. Foi o fim do gigante. E todas as manhãs, a galinha põe ovos de
ouro e a harpa toca para João e sua mãe, que viveram felizes para sempre e
nunca mais sentiram fome.
A
Arca de Noé
Há milhares de anos, numa terra bem distante, vivia um homem chamado
Noé. Noé e sua família eram felizes, porque amavam a Deus. Mas nem tudo na
cidade onde Noé morava era bom.
As pessoas brigavam e faziam muitas coisas más. Um dia, Deus ficou cansado de
ver a terra que Ele tinha criado sendo tão maltratada pelos seus moradores, e
os homens, os quais Ele havia feito com tanto amor, serem tão maus. Então Deus
decidiu destruir a terra com uma chuva bem forte, um dilúvio. Mesmo estando
triste com os moradores da terra, Deus se lembrou de Noé, que era um bom homem,
e prometeu que salvaria a ele e à sua família. Para isso, Ele ordenou:
"Noé, construa um barco bem grande e entre nele com seus filhos, suas
filhas, seus netos e os seus parentes.
Também coloque dentro desta arca um casal de cada animal que há sobre a terra”.
E assim Noé fez. Mas enquanto ele construía o grande barco, as pessoas riam, o
chamavam de louco. "Chover?
Que ideia absurda! “Nunca choveu...” diziam alguns. Mas Noé continuava
alertando aos homens sobre o que iria acontecer.E um dia, quando a arca ficou
pronta, Noé entrou nela com sua família e os animais. Um anjo travou a porta do
barco do lado de fora, e então começou a chover...
Foi uma chuva muita forte, que transbordou rios, encobriu casas e montanhas. O
povo mau, desesperado e com medo, pedia socorro a Noé. Mas ele não podia abrir
a arca. Era tarde demais.
O dilúvio durou 40 dias, e todos os que viviam na terra, morreram. Menos Noé,
sua família e um casal de cada animal, que ficaram por todo esse tempo seguros
dentro da arca.
Quando a chuva parou e as águas baixaram, eles saíram do barco, e Noé agradeceu
a Deus. Deus o abençoou e fez uma aliança: disse que nunca mais a terra seria
destruída por um dilúvio.
Então Ele colocou no céu um lindo arco-íris, como um sinal, para que toda vez
que olharmos para o arco colorido entre as nuvens, estejamos nos lembrando da
promessa
Peter Pan
Peter Pan vive junto com
sua fadinha chamada Sininho na Terra do Nunca. Uma vez, Peter saiu da Terra do
Nunca e foi voar por aí e começou a escutar uma voz doce, a voz de uma menina
que, contava uma história. Ele curioso, foi até a janela dessa menina e se
apaixonou a primeira vista!
A menina linda se chamava Wendy, tinha cabelos castanho claro e olhos verdes.
Ela tinha dois irmãos: João e Miguel. Peter se apresentou a eles e os convidou
para dar uma volta. Os irmãos de Wendy não queriam ir, mas a irmã estava tão
fascinada com aquilo tudo que foram para acompanhá-la.
E eles foram voando de
mãos dadas com Peter Pan e encantados com aquilo tudo que estava acontecendo e
não acreditando que eles estavam voando. Já para Peter, isso era a coisa mais
normal do mundo. Wendy e seus irmãos conheceram a aldeia dos índios, avistaram
o barco pirata e viram os meninos perdidos. Tudo isso de lá de cima. De
repente, Capitão Gancho avista Peter Pan e seus novos amigos e manda canhões em
direção a eles. Wendy neste momento quase foi atingida e se desequilibra e
ameaça cair. Porém, Peter a segura, fazendo com que os dois se apaixonem cada
vez mais. Peter, Wendy e seus irmãos conseguem fugir e vão se esconder na casa
dos meninos perdidos. Eles moravam dentro de uma árvore oca e usavam roupas
todas rasgadas. Se encantaram com Wendy e seu cheiro. Wendy vendo que eles
nunca tinha tido contato com uma menina, começou a contar lindas histórias para
eles.
Um belo dia, Capitão Gancho raptou a Princesa dos Índios. Todos se
mobilizaram e Peter Pan a salvou do Capitão Gancho. O tempo passou e não
satisfeito, o Capitão armou o plano de raptar desta vez os meninos perdidos e
conseguiu! Os raptou e os levou para seu navio. Lá, ele os jogaria no mar para
serem engolidos pelo crocodilo tic tac. Mas quando o pior iria acontecer, Peter
Pan aparece e salva seus amigos. Ele luta valentemente contra o Capitão Gancho
e vence a batalha.
Wendy então
pede para voltar com seus irmãos para sua casa, pois seus pais poderiam estar
preocupados. Peter Pan então os leva. Ao chegar à casa de Wendy, seus irmãos
entram e ela fica para dar o último adeus a Peter Pan. Eles conversam e ela
pergunta se ele não quer ficar ali com eles. Ele diz que não, pois a Terra do
Nunca é a sua casa e lá ele não cresceria e poderia viver para sempre como
criança. Ele se despede de Wendy e voa. Ela o observa pela janela, o
contemplando e pede bem baixinho que ele nunca deixe de olhar por ela.
ÍNDICE
•Os 3 porquinhos
•A Festa no Céu
•Pinóquio
•Branca
de Neve
•Cachinhos Dourados e os 3 ursos
•Chapeuzinho Vermelho
•João e Maria
•O Patinho
Feio
•João
e o Pé de Feijão
•A Arca de Noé
•Peter Pan
Projeto : “QuEm CoNtA Um CoNtO AuMeNtA Um PoNtO”
Durante o ano que se passou foram tantas histórias, tanto faz
de conta.
Agora que o ano letivo chegou ao fim, a imaginação não pode
parar por isto elaboramos uma coletânea de histórias carregadinhas de amor e fantasia.
Espero que o mundo da leitura continue em casa, na rua, na
escola onde você for.
E espero que todos vocês possam:
Tia
Cássia
2013
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