sexta-feira, 24 de março de 2017

1. ESCOLA TRADICIONAL:

Desenvolvida no século XIX a Escola Tradicional caracteriza-se por não permitir o questionamento das autoridades, sendo as decisões inquestionáveis. O gestor é um burocrata autoritário, cuja preocupação fundamental é controlar e aplicar programas e ordens oriundas dos órgãos governamentais. O aluno é um ser passivo e seu papel é receber ordens, normas e recomendações do professor, executar a disciplina, a obediência e o espírito de trabalho. O professor é autoritário e transmite um saber fragmentado, desfocado do contexto, enciclopédico. Preocupa-se com a memorização e repetição dos conteúdos.


A base do processo didático é dedutivo, aonde o ensino vai do abstrato ao concreto, do geral para o particular. Quanto aos materiais didáticos, estes resumem-se aos livros-texto, com muitos conteúdos e informações conceituais. A avaliação tem a função de controlar a aprendizagem, e o único instrumento utilizado são os exames, pois para os seguidores da Escola Tradicional, os exames refletem a capacidade de retenção e acúmulo de conhecimento memorizado pelos alunos. Em outras palavras, a iniciativa cabe ao professor, que é, ao mesmo tempo, o sujeito do processo de ensino e aprendizagem, o elemento decisivo e decisório no ensino. A questão pedagógica é aprender.
Dessa maneira, o conceito de ensino é transmissão de conhecimentos, instruções, repassar conteúdos prontos, e aprender é memorizar e acumular informações . O método utilizado baseia-se em aulas expositivas e explicativas. O professor fala aquilo que sabe sobre determinado assunto e espera que o aluno saiba reproduzir o que ele lhe disse. É o detentor do saber e do controle. O saber matemático é pronto e acabado.
As críticas a este tipo de ensino deram origem a um novo pensamento sobre as questões do ensino.


2. ESCOLA NOVA

Assim surge a escola nova (XIX), chegando até a segunda metade do século XX, como um movimento contra as mazelas do modelo tradicional, propondo uma escola mais aberta, descentralizada e crítica da sociedade.
A iniciativa desloca-se para o aluno e o centro da ação educativa situa-se na relação professor-aluno, partindo do princípio de que o aluno é o centro da escola, o protagonista principal do processo de ensino aprendizagem, em torno do qual as interações com o meio social e a questão pedagógica é aprender a aprender. São valorizadas a participação, autogestão e auto-responsabilidade.

Com a Escola Nova, o eixo da questão pedagógica passa do intelecto para o sentimento, do aspecto lógico para o psicológico, dos conteúdos cognitivos para os métodos e processos pedagógicos, do professor para o aluno, do esforço para o interesse, da disciplina para a espontaneidade, da quantidade para a qualidade, de uma pedagogia com inspiração filosófica para uma pedagogia de inspiração experimental, baseada nas contribuições da Biologia e da Psicologia. Ensinar é criar condições de aprendizagem. O importante não é aprender, mas aprender a aprender. O professor passa a estimulador e orientador da aprendizagem.

A avaliação passa a ter natureza qualitativa, havendo a participação ativa dos alunos e o seu crescimento subjetivo no processo de construção da sua aprendizagem. Nesta escola, o processo de ensino-aprendizagem centra-se na atividade e a experiência do aluno, sendo conduzido pelo professor a partir da experiência do aluno, da observação, da manipulação, de atividades sobre realidades concretas tendo como instrumento ou recurso didático o livro-texto, o qual é utilizado nas experiências e atividades dos alunos. O lema é atividade, vitalidade, liberdade, individualidade e coletividade.
3. A ESCOLA ATIVA
A Escola Ativa, embora tenha surgido como reação à escola tradicional, fundamenta-se nos princípios da Escola Nova. As idéias desse novo paradigma têm início no Brasil na década de 20 do século XX, influenciando as reformas educacionais brasileiras, o que pode ser constatado na Constituição de 1934, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB – (Lei nº 4.024/1961) e na Lei nº 5.692/1971, que reformularam a educação básica brasileira, especificamente o ensino de 1º e 2º graus.

Neste modelo escolar são privilegiadas as relações pessoais, assim, na relação professor-aluno, o professor remete-se para uma posição de facilitador de um processo de aprendizagem que é da iniciativa do aluno. A criatividade, a iniciativa, a liberdade individual, a ação e a descoberta, são valores que preconizam todas as relações de trabalho.
Portanto, a organização curricular orienta-se no sentido de atender os interesses e vivências dos alunos, onde os programas se manifestam abertos e pouco estruturados. As aulas transformam-se em oficinas de aprendizagem de destrezas, hábitos, e técnicas para descobrir o mundo, onde alunos e professores aprendem e fazem coisas juntos, inclusive a elaboração do próprio livro didático. Como o que importa é o processo de aprendizagem, a escola ativa não dá ênfase à avaliação.

4. A ESCOLA COMPORTAMENTALISTA

Tendo como principal fonte de inspiração a psicologia behaviorista representada por John Watson, Skinner e outros, a escola comportamentalista nasceu da insatisfação dos educadores com os modelos pedagógicos evidentes nas concepções da escola nova e da escola ativa. Sua base é a pedagogia por objetivos, disciplina e padrões elevados de eficácia. O papel fundamental dos envolvidos no processo educacional é ler “a cartilha” da legislação e interpretá-la corretamente, através de um estilo de direção burocrata centralizada. Assim, são valorizados os papéis das estruturas e dos organogramas normalizados.

Dessa maneira, a relação professor-aluno é marcada pelo poder burocrata do professor que, a partir dos objetivos gerais definidos verticalmente pelo Estado, deve verificar se os alunos estão conseguindo atingi-los no decorrer do processo de ensino e aprendizagem. Com esta concepção, o saber é transmitido em pequenas unidades previamente divididas em função de objetivos específicos susceptíveis de serem mensuráveis. Para o aluno, resta receber e aceitar os conteúdos sem questionar, o que torna o currículo uma estrutura fechada com receitas para cada objetivo.

No que se refere aos materiais didáticos, estes se resumem ao livro-texto do aluno e funciona como um roteiro para facilitar o trabalho do professor no sentido de atingir os objetivos propostos.o controle absoluto de todas as ações é realizado em todas as etapas do processo de ensino, através de instrumentos de avaliação considerados infalíveis.
5. A ESCOLA CONSTRUTIVISTA

Associado às contribuições de Bruner, Novak, Ausebel e Outros, esta concepção do conhecimento e da aprendizagem que derivam, principalmente, das teorias da epistemologia genética de Jean Piaget parte da idéia de que o homem não nasce inteligente, mas também não é passivo sob a influência do meio, isto é, ele responde aos estímulos externos agindo sobre eles para construir e organizar o seu próprio conhecimento, de forma cada vez mais elaborada.

De acordo com AZENHA (1997, p.18) “A concepção piagetiana do funcionamento intelectual inspira- se fortemente no modelo biológico de trocas entre o organismo e o ambiente” A relação professor-aluno é formada por um professor mediador no processo de ensino aprendizagem, a quem compete planejar, orientar, organizar, proporcionar recursos, e encaminhar as diferentes atividades realizadas pelos alunos. Ou seja, não é mais um simples instrutor ou avaliador, mas um facilitador que deixa o controle de tal processo por conta do aluno.

Para a corrente construtivista a aprendizagem é um processo de construção individual do sujeito que não copia a realidade, mas a constrói a partir de suas representações internas. A interpretação pessoal rege o processo de conhecer, o qual desenvolve seu significado através da experiência; rejeita a apresentação de conhecimentos prontos.

No construtivismo o professor deve ser subtraído a sua formação dos conteúdos escolares em prol do desenvolvimento de habilidades que o levem a gerar a autonomia no aluno que é pesquisador no processo de aprendizagem. A forma de avaliar nesta escola também é diferente dos moldes tradicionais que muitas escolas estão acostumadas, ela deve ser mediadora, formativa e a favor do aluno.

De acordo com esta corrente, o aluno deve participar ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estimulo a dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos. A partir de sua ação, vai estabelecendo as propriedades dos objetos e construindo as características do mundo.

As escolas que usam o método construtivista têm características de estrutura diferentes das escolas que usam outros métodos.Apesar disto, o construtivismo recebe algumas críticas por fugir das características que estão instaladas nos processos de aprendizagem. Muito se fala de inovação, trabalhar a realidade dos alunos, serem mediadores, mas a maioria ainda adota a pedagogia da decoreba.

Um dos princípios da pedagogia de Paulo Freire é a crença na capacidade de o aluno organizar sua própria aprendizagem. Assim, o professor assume o papel de um orientador da aprendizagem por meio de atividades centradas na discussão de temas sociais e políticos, tendo como base do ensino a realidade social dos alunos. Nessa concepção, o homem é considerado um ser situado num mundo material, concreto, econômico, social e ideologicamente determinado. Sendo assim, resta-lhe transformar essa situação através de ações coletivas para a busca descrição, análise e soluções para os problemas extraídos da realidade.

A busca do conhecimento é imprescindível, entendida como atividade inseparável da prática social, e não deve se basear no acúmulo de informações, mas, sim, numa reelaboração mental que deve surgir em forma de ação, sobre o mundo social.

Dessa forma, a escola deve ser valorizada como instrumento de luta das camadas populares, propiciando o acesso ao saber historicamente acumulado pela humanidade, porém reavaliando a realidade social na qual o aluno está inserido. A educação se relaciona dialeticamente com a sociedade, podendo constituir-se em um importante instrumento no processo de transformação da mesma. Sua principal função é elevar o nível de consciência do educando a respeito da realidade que o cerca, a fim de torná-lo capaz para atuar no sentido de buscar sua emancipação econômica, política, social e cultural.

Neste sentido, as atividades escolares se constituem em um processo de participação ativa por meio de diferentes atividades a discussão, os relatos de experiências vividas, a pesquisa participante, trabalhos em grupo e outros atos educativos de caráter reflexivo.

A pedagogia de Paulo Freire contribuiu para que os educadores em geral procurassem pensar o seu trabalho docente sob novos paradigmas, voltados para a inclusão social, a ética, a liberdade e a autonomia, onde o currículo seja compreendido em sentido amplo e com uma prática pedagógica centrada na ação-reflexão-ação, onde o diálogo seja o caminho para a transformação da realidade.

Além disto, suas idéias contribuíram para reforçar a importância da participação democrática e o exercício da autonomia na construção de projetos político-pedagógicos, de maneira que os professores possam lutar contra as receitas e pacotes governamentais elaborados sem a participação da comunidade escolar, ao mesmo tempo em que incentivou a incorporação de saberes necessários a prática de uma educação crítica. Vale ressaltar como contribuição também, o respeito aos saberes socialmente construídos e a necessidade de serem discutidos alguns saberes, suas razões políticas e ideológicas, bem como a visão de matemática na percepção de alunos e professores.

É fundamental para o educador matemático a formação didática, considerando o papel desta ciência na sociedade e por oferecer a estes profissionais melhores condições para um ensino voltado para a formação da cidadania. Isto porque, um bom desempenho em sua ação pedagógica vai depender dos conhecimentos teóricos e práticos, com destaque nos aspectos culturais, sociais, formativos e políticos. Em outras palavras, a didática promove o conhecimento da Matemática como conhecimento, como dimensão cultural e social, o que permite comunicar, interpretar, prever, conjeturar e raciocinar logicamente.

Os PCNs subsidiam os professores em suas reflexões sobre a prática docente numa sociedade em constantes e rápidas mudanças, funcionando como suporte na elaboração de propostas pedagógicas que atendam às exigências do mundo moderno, tecnológico e globalizado, propondo uma formação curricular segundo os princípios da contextualização e da interdisciplinaridade. Embora a maioria dos profissionais envolvidos em educação saiba disto, as práticas observadas contrariam os discursos apresentados sobre a questão. A mesma aula, o mesmo modo de transmitir o conhecimento, as mesmas concepções de ensino, aprendizagem e avaliação, convivem em descompasso com as mudanças tecnológicas, com os novos paradigmas.
IRECÊ – BAHIA
2010


REFERÊNCIAS

AZENHA. Maria da Graça. Construtivismo: De Piaget a Emilia Ferreiro. São Paulo: Ática, 1997.
Textos e outros recursos disponibilizados na biblioteca do AVA.
Fonte: http://sirlene58.blogspot.com.br


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