5.1.
Reflexões sobre o Processo de Alfabetização de
Alunos Ouvintes numa Abordagem Construtivista
Alunos Ouvintes numa Abordagem Construtivista
Emília Ferreiro e colaboradores desenvolveram uma teoria de alfabetização que
deixa de se fundamentar nos aspectos mecanicistas para seguir os pressupostos
construtivistas - interacionistas de PIAGET e VIGOTSKI, onde o eixo principal
do processo deixa de ser o ato de ensinar para se fixar no ato de construir,
passando o educando a ser visto com um sujeito com um sujeito que constrói seu
conhecimento, tornando-se capaz de agir sobre o mundo, transformando-o e,
conseqüentemente, exercendo de forma plena sua cidadania.
Dentro desta abordagem, termos como “prontidão” e “imaturidade” deixam de fazer
sentido. A estimulação dos aspectos motores, cognitivos e afetivos de forma
isolada e desarticulada da realidade da realidade sócio-cultural do educando
são considerados prejudiciais. Cada um destes fatores é importante para
construção do conhecimento, mas não se pode admiti-los separadamente.
Para Ferreira, “hoje a perspectiva construtivista considera a interação de
todos eles, numa visão política, integral para explicar a aprendizagem”.
A questão dos diferentes níveis, nas salas de aula, deixa de ser característica
negativa para assumir papel de importância no processo ensino-aprendizagem,
onde a interação entre os alunos é fator imprescindível. Na alfabetização, as
diferenças individuais e o ritmo são entendidos a partir dos níveis estruturais
da aprendizagem da escrita, que, segundo Emília Ferreiro são:
a) Nível Pré-Silábico
Neste nível a escrita é alheia a qualquer busca de correspondência com o som.
Interessa ao aluno considerações como tipo e quantidade de grafismo. Neste
nível o aluno:
- tenta a diferenciação entre desenho e escrita:
- reproduz os traços típicos da escrita, conforme seu contato com as formas gráficas, (cursivas ou imprensa), elegendo a mais familiar para utilizar em sua grafias;
- utiliza a grafia do seu nome para retirar elementos para escrita de outras palavras;
- concebe a hipótese de utilizar, no mínimo, duas ou três letras para poder formar palavras;
- percebe a necessidade de variar os caracteres para obter palavras diferentes.
- reproduz os traços típicos da escrita, conforme seu contato com as formas gráficas, (cursivas ou imprensa), elegendo a mais familiar para utilizar em sua grafias;
- utiliza a grafia do seu nome para retirar elementos para escrita de outras palavras;
- concebe a hipótese de utilizar, no mínimo, duas ou três letras para poder formar palavras;
- percebe a necessidade de variar os caracteres para obter palavras diferentes.
b) Nível Silábico
Este nível subdivide-se em Silábico e Silábico Alfabético.
- Silábico: A criança (ouvinte) compreende que
as diferenças de representações escritas se relacionam com as diferenças na
pauta sonora das palavras. Surge a necessidade de utilizar uma grafia para cada
som, fazendo uma utilização aleatória dos símbolos gráficos, empregando ora
letras “inventadas”, ora apenas consoantes, ora vogais repetindo-as conforme o
número de sílabas das palabras;
- Silábico Alfabético: Neste estágio de desenvolvimento da escrita, coexistem as formas de fazer corresponder os sons às formas silábica e alfabética, que induz a uma escolha de letras de forma ortográfica ou fonética.
- Silábico Alfabético: Neste estágio de desenvolvimento da escrita, coexistem as formas de fazer corresponder os sons às formas silábica e alfabética, que induz a uma escolha de letras de forma ortográfica ou fonética.
Ex.: SAPATO = SAPATO (ortográfica)
SAPTU =SAPATO (fonética)
SAPTU =SAPATO (fonética)
c) Nível Alfabético
É o último nível na aprendizagem da escrita. Momento em que o aluno chega aos
seguintes entendimentos:
- A sílaba não pode ser considerada uma unidade,
podendo ser desmembrada em elementos menores;
- A identificação do som não garante a
identificação da letra, gerando as dificuldades ortográficas;
- Para proceder a escrita é necessário a análise
fonética das palavras.
Após esta revolução conceitual a respeito da aprendizagem da escrita, faz-se
mister que a dinâmica pedagógica também se revolucione. Assim, as atividades
devem ser organizadas de modo a desafiar o pensamento dos educandos, gerando
conflitos cognitivos que os façam repensar e reorganizar as idéias para
alcançar novas resposta. Os conteúdos a serem assimilados surgem a partir de
temas de interesse surgem da própria realidade do aluno, de suas necessidades,
de seus problemas e de sua curiosidade sobre o que vê na comunidade, nos meios
de comunicação, na família, etc. A relação professor/aluno dever basear-se no
respeito mútuo, na cooperação, na troca de pontos de vista e numa crescente
autonomia do educando.
Desta forma, o professor, para se tornar construtivista, precisa desenvolver a
habilidade de, respeitando o nível de desenvolvimento do educando, seus
interesses e aptidões, acompanhar o seu raciocínio sem cortá-lo ou limitá-lo
com perguntas ou orientações que impõem outra direção ao pensamento infantil,
desviando-o do caminho que deseja ou a que pode chegar.
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