Brincadeira é Coisa Séria!
Nossa sociedade mudou, temos uma
inversão de papeis e valores, mais informação do que podemos absorver, a mulher
trabalha fora, o avanço tecnológico é grande, a família mudou, a criança mudou,
o aluno e a escola também mudaram. As mudanças tecnológicas mudaram as formas
de brincadeiras. As crianças deixaram de brincar na rua, jogar bola, pular
amarelinha e passaram a jogar videogames e jogos de computador, ignorando o sol
que brilha a convidar as brincadeiras na rua. Tanta mudança gera confusão e
expectativas, por isso, a escolha por este tema que trata da importância do
brincar, ou ainda, como o lúdico interfere no desenvolvimento de uma criança.
Este desenvolvimento, para Wallon, se dá através de uma interação entre
ambientes físicos e sociais, sendo que os membros desta cultura, como pais,
avós, educadores e outros, ajudam a proporcionar à criança participar de
diferentes atividades, promovendo diversas ações, levando a criança a um saber
construído pela cultura e modificando-se através de suas necessidades
biológicas e psicosociais. Por isso, a importância da brincadeira, pois é a
criação de uma nova relação entre situações do pensamento e situações reais.
Brincar é coisa muito séria. Toda criança deveria poder brincar.
A brincadeira
contribui para o processo de socialização das crianças, oferecendo-lhes
oportunidades de realizar atividades coletivas livremente, além de ter efeitos
positivos para o processo de aprendizagem e estimular o desenvolvimento de
habilidades básicas e aquisição de novos conhecimentos.
As brincadeiras aparentemente simples
são fontes de estímulo ao desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da
criança e também é uma forma de auto-expressão. Talvez poucos pais saibam o
quanto é importante o brincar para o
desenvolvimento físico e psíquico do seu filho. A idéia difundida popularmente
limita o ato de brincar a um simples passatempo, sem funções mais importantes
que entreter a criança em atividades divertidas.
A partir de muitos referenciais
teóricos, será possível observar uma série de conceitos importantes, visando o
bom desenvolvimento da aprendizagem da criança de 0 a 6 anos e o papel de pais
e educadores nesta função tão importante que é educar uma criança.
No presente estudo pretende-se
colaborar com a discussão e reflexão sobre a importância do brincar e da
brincadeira no desenvolvimento da criança, verificando o papel da família no
desempenho escolar das crianças e no processo de inclusão do brincar no quesito
educacional, e a influência de seus valores no desempenho e influência escolar
do aluno. Além disso, apresentar a influência do brinquedo e as vantagens que a
brincadeira traz para o desenvolvimento da criança; localizar as dificuldades
encontradas pelos educadores em utilizar a brincadeira como ferramenta
pedagógica e se a brincadeira pode propiciar as condições para um
desenvolvimento saudável da criança. Além de incentivar a conscientização dos
pais e educadores sobre um trabalho conjunto para a introdução do brinquedo na
aprendizagem da criança.
O principal objetivo deste trabalho é
compreender o papel da brincadeira no desenvolvimento infantil, bem como a
utilizar a brincadeira como ferramenta pedagógica.
A maioria dos pensadores e educadores
que trabalham com este tema ressalta a importância da brincadeira no processo
de aprendizagem e socialização. Infelizmente, tenho observado que a brincadeira
não faz parte do projeto pedagógico da escola e da ação do professor.
Este princípio me levou a mergulhar
nesta temática para melhor compreende-la e descobrir como a brincadeira pode
ajudar o professor em seu fazer pedagógico e a criança em seu processo de
aprendizagem.
Piaget (1976) diz que a atividade
lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Estas não
são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das
crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.
Ele afirma:
"O jogo é, portanto, sob as suas
duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma
assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento
necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu.
Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se
forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas
cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem
exteriores à inteligência infantil". (Piaget 1976, p.160).
Wallon fez inúmeros comentários onde
evidenciava o caráter emocional em que os jogos se desenvolvem, e seus aspectos
relativos à socialização.
Referindo-se a faixa etária dos sete
anos, Wallon (1979) demonstra seu interesse pelas relações sociais infantis nos
momentos de jogo:
"A criança concebe o grupo em
função das tarefas que o grupo pode realizar, dos jogos a que pode entregar-se
com seus camaradas de grupo, e também das contestações, dos conflitos que podem
surgir nos jogos onde existem duas equipes antagônicas".(Wallon p.210)
Entre as concepções sobre o brincar,
destaca-se as de Fröbel, o primeiro filósofo a justificar seu uso para educar
crianças pré-escolares. Fröbel foi considerado por Blow (1991) psicólogo da
infância, ao introduzir o brincar para educar e desenvolver a criança. Sua
Teoria Metafísica pressupõe que o brinquedo permite o estabelecimento de
relações entre os objetos do mundo cultural e a natureza, unificados pelo mundo
espiritual. Um tipo especial de jogo está associado ao nome de Maria
Montessori. Trata-se dos jogos sensoriais. Baseado nos "jogos
Educativos" pensados por Fröbel - jogos que auxiliam a formação do futuro
adulto - Montessori, segundo Leif e Brunelle (1978), elaborou os "jogos
sensoriais" destinados a estimular cada um dos sentidos. Para atingir esse
objetivo, Montessori necessitou pesquisar uma série de recursos e projetou
diversos materiais didáticos para possibilitar a aplicação do método. Durante
muito tempo confundiu-se "ensinar" com "transmitir" e,
nesse contexto, o aluno era um agente passivo da aprendizagem e o professor um
transmissor. A idéia de um ensino despertado pelo interesse do aluno acabou
transformando o sentido do que se entende por material pedagógico. Seu
interesse passou a ser a força que comanda o processo da aprendizagem, suas
experiências e descobertas, o motor de seu progresso e o professor um gerador
de situações estimuladoras e eficazes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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