segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Educação Social – teorias  e   práticas
A metodologia utilizada pela Educação Social, nos seus projectos e processos de mudança social, é a Investigação-Acção Participativa, onde a acção e a participação são realizadas em simultâneo, estando fortemente relacionadas e interdependentes. Este método é fundamentado pela Educação Social na sua preocupação com a justiça social e com o desenvolvimento social. É uma teoria de acção, promotora da mudança social, contribuindo para a consciência da comunidade, melhoria da qualidade de vida e resolução de problemas. É favorável à produção de conhecimento pela aprendizagem (aprender com os outros e aprender a aprender). Este conhecimento é produzido com a participação dos actores implicados em todo o processo de mudança (investigador colectivo). Esta metodologia é vantajosa pela sua flexibilidade e procura de adequação de estratégias ao contexto e objectivos. Permite que este seja um processo democrático, participativo, desenvolvendo o saber prático através da acção e reflexão. Na Investigação-acção Participativa, cada indivíduo é protagonísta central e todos os sujeitos possuem e podem produzir conhecimentos úteis para a condução da sua vida e da comunidade.


Nesta medida, a realidade em que se vive, familiar, é um bom conteúdo de aprendizagem. Esta é favorecida pela participação na análise de situações e na tomada de decisão que levam a responsabilização e empenhamento na concretização dos objectivos. Os princípios orientadores desta metodologia são a implicação de todos os sujeitos no processo como investigadores da própria acção, a capacitação e emancipação dos indivíduos e dos grupos e a criação de condições de participação, de responsabilização no local, com as pessoas envolvidas, utilizando os recursos existentes nestas e desenvolvendo-os. A participação deverá progredir para a convergência no sentido de decisões democraticamente tomadas e assumidas.
A Educação Social pode trabalhar em diversos contextos. Petrus apresenta-nos como âmbitos da Educação Social, a educação de populações em situações de conflito social (com o objectivo de reinserção social dos indivíduos), a animação socio-comunitária (participação da população com vista ao seu desenvolvimento - trabalho colectivo) e a educação de adultos. outro autor, Parcerisa, apresenta-nos como âmbitos de intervenção a educação de sectores com problemáticas específicas, a animação socio-comunitária, a educação de adultos e ainda a intervenção nos meios de educação informal. Parceriza valoriza o contexto de vida natural dos indivíduos e os contextos de rua.
De acordo com os âmbitos de intervenção, surgem as funções adequadas ao perfil do educador social. Segundo Romani, existem: funções formativas; funções de promoção e desenvolvimento; funções de relação comunicativa e de mediação, funções de orientação, assessoriamento e informação; funções de desenho, planificação e avaliação e; funções de gestão, organização e administração. as funções formativas referem-se ao apoio, à transferência de aprendizagem social, à função reeducativa, educativa e formativa integral da pessoa; as funções de promoção e desenvolvimento referem-se às actividades socioculturais, à animação e promoção individual, em grupo e comunitária e à promoção ocupacional; as funções de relação comunicativa e mediação dizem respeito à relação e diálogo entre pessoas, grupos e suas iniciativas; as funções de orientação, assessoriamento e informação estão inseridas no âmbito socio-educativo, são as funções detectoras e de análise dos problemas sociais e suas causas; as funções de desenho, planificação e avaliação nos projectos socio-educativos e culturais específicos, de acção directa; e as funções de gestão, organização e administração, na gestão de actividades e recursos socioculturais e apoio organizativo na participação da vida quotidiana comunitária. Petrus apresenta-nos funções a desenvolver em meio externo e em meio interno. Em meio externo temos as funções socio-educativas em relação à comunidade, no desenvolvimento de projectos comunitários, com o contributo de vários profissionais. Em meio interno, referindo-se às instituições, onde há valores e leis próprias, onde o educador social deve possuir certa mobilidade e autonomia para cumprir funções de gestão de recursos técnicos, humanos e financeiros da instituição.
Para realizar todas estas funções referidas, o educador social, deve possuir uma série de competências que irá desenvolvendo no desempenho do seu trabalho. Estas, completam o perfil do educador social. São o conjunto de conhecimentos, habilidades e qualidades que permitem uma boa realização das tarefas. existem três grandes tipos de competências: o saber, sendo portador de conhecimentos úteis à acção; o saber-fazer, ou seja, o modo como aplica esse conhecimento nas práticas educativas (aptidões e capacidades); e o saber-ser que se refere a atitudes, como por exemplo a auto-reflexão e o saber-estar perante pessoas e situações (habilidades sociais). O educador social é um educador, pois confronta o outro com projectos de vida alternativos; é um actor, pois é também protagonísta num determinado contexto social e histórico; é um mediador social, funcionando como elo de ligação entre os indivíduos e seus diferentes contextos e é também um técnico da relação e da proximidade. O educador social é uma figura de referência, influenciando o processo pedagógico com a sua postura e valores, é promotor de cidadania e de redes sociais. a sua postura deve ser crítica e reflexiva, deve possuir capacidade de escuta e de trabalho em equipa multidisciplinar. Promove a capacidade de decisão, a participação e a qualidade de vida dos indivíduos, trabalhando com intencionalidade sob compromisso. Deve desenvolver em si e nos sujeitos o questionamento, a reflexão e a implicação, responsabilizando o sujeito pelo próprio processo de mudança, é tido em conta e deve ser activo em todo o processo.
No entanto, a Educação Social é, como profissão, muito recente e sofre, por isso, de vários problemas como a indefinição de um campo de trabalho; o facto de haverem diferentes concepções sobre “intervenção educativa”; a sobreposição de tarefas em relação a outros profissionais, a especialização, ainda não muito específica, de algumas àreas que necessitam de intervenções mais especializadas; a defesa da especificidade do trabalho em relação a outos novos perfis que actuam no mesmo campo de acção; a irregularidade das contratações e a instabilidade dos postos de trabalho dependentes, quase sempre, de recursos públicos; e a indefinição do papel do educador social no campo social.
A base da profissionalização do educador social é constituída por um conjunto de conhecimentos, regras, padrões organizativos, estratégias e técnicas interrelacionadas que determinam um saber e um saber-fazer referido a metas educativas. Para isso, criou-se o Código Deontológico da Educação Social, que comporta a moral profissional e realça a dimensão ética da acção. O Código Deontológico é um código ético de conduta, que esclarece princípios e normas correctos à intervenção do educador social. Pode prever sanções e funcionar também como instrumento de consulta. Tem como objectivos estimular a reflexão crítica e desenvolver a consciência ética. Favorece o reconhecimento da profissão e das suas práticas (dá credibilidade à profissão). No entanto, também são refeidas críticas ao código ético como por exempo, que este é bloqueador da acção perante uma situação concreta que exige resposta imediata. É importante que o educador social possua um domínio sobre as técnicas e metodologias e que reflicta sobre as suas normas, valores individuais e sobre o seu desempenho profissional.


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