quarta-feira, 1 de março de 2017

O Brincar na visão de Vigotski e Piaget e a Educação Infantil.

O que é brincar e qual a sua importância para o desenvolvimento social e a aprendizagem da criança na educação infantil?
Ou o brincar seria apenas uma diversão sem importância alguma para a criança?
O texto a seguir mostrará os estudos dos teóricos Vigotski e Piaget sobre o brincar, sua importância para o desenvolvimento da criança, porém antes vamos repassar o que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) afirmam sobre brincar:


Os PCNs que foram elaborados no ano de 1998  em Brasília e que é um documento de extrema relevância para a educação pois é uma conquista e efetivação dos direitos da criança integrada a modalidade infantil, afirma que o brincar é a linguagem infantil,
porque  brincarndo as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão brincando e no ato de brincar os gestos, os objetos valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser,o principal indicador da brincadeira , entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam.
Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca, assim o brincar contribui, para a interiorização de determinados modelos de adulto.
Os conhecimentos da criança provém da imitação de alguém ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do relato de um colega ou de um adulto ou d, de cenas assistidas na televisão, no cinema ou narradas em livros.
Segundo os PCNs o brincar apresenta-se por meio de várias categorias: O movimento e as mudanças das percepções; a relação com os objetos e suas propriedades; a linguagem oral e gestual e os limites definidos pelas regras.
Os pesquisadores afirmam que o brincar pode ser dividido em duas grandes categorias: O brincar social: que reflete o grau nos quais as crianças interagem umas com as outras e,
O brincar cognitivo: que revela o nível de desenvolvimento mental da criança.
Para Vigotski (1984) brincar permite a aprendizagem:
         “(...) a criança ao brincar de faz-de-conta, cria uma situação imaginária                 podendo assumir diferentes papéis, como o papel de um adulto. A criança passa a se comportar como se realmente fosse mais velha, seguindo as regras, que esta situação propõe.”
Neste sentido, a brincadeira, está favorecendo a criança, em processos que estão em formação ou que serão completados.
De acordo com Vigotski (1998), a criação de situações imaginárias na brincadeira surge da tensão entre o indivíduo e a sociedade e libera a criança da realidade imediata, dando-lhe oportunidade para controlar uma situação existente.
Na brincadeira, os significados e as ações relacionadas aos objetos convencionalmente podem ser libertados.
No jogo de faz-de-conta, as crianças utilizam de processos de pensamento de ordem superior, que assume um papel central no desenvolvimento da aquisição da linguagem e das habilidades de solução de problemas por elas (Meira, 2003).
A importância do brincar para o desenvolvimento infantil está no fato de que esta atividade contribui para a mudança na relação da criança com os objetos, pois estes perdem sua força determinadora na brincadeira.
...” a criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação ao que vê. Assim é alcançada uma condição que começa agir independente daquilo que vê” (Vigotski, 1998, p. 127).
A criança pode dar outros sentidos aos objetos e jogos a partir da sua própria ação ou imaginação, em situações em que a criança ainda é bem pequena mas estimulada podemos observar que ela rompe com relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que expressa o seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento.
Vigotski (1998) definiu a zona de desenvolvimento proximal (ZPD) como:
(...) a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outros companheiros mais capazes ( p. 97).”
A brincadeira representa o funcionamento da criança na zona proximal e portanto promove o desenvolvimento infantil (Vigotski, 1998).
Piaget afirma que o brincar oferece à criança a oportunidade de assimilar o mundo exterior às suas necessidades, sem precisar muito acomodar realidades externas. A brincadeira possibilita uma acomodação do mundo exterior completamente livre, uma vez que ela não tem nenhum compromisso com a realidade que a cerca.
         Indispensável a prática educativa, a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, como nos diz, Piaget.
         Piaget ressalta que o brincar possibilita a criança a manipular o mundo externo fazendo com que ele se encaixe nos seus esquemas atuais.
         O teórico afirma que o intelecto de uma pessoa desenvolve-se através do processo de assimilação e acomodação. O aprendizado ocorre, quando esses processos juntos, resultam no equilíbrio. O processo de assimilação seria o momento em que a pessoa recolhe todas as informações do mundo externo e acaba acomodando-as com as informações já existentes.
         O jogo é essencial ma vida da criança, acredita Piaget e segundo ele, as crianças quando jogam, assimilam e podem transformar a realidade, sendo uma atividade essencial para o desenvolvimento infantil.
         Piaget identificou estágios nas brincadeiras das crianças pequenas:
-         Jogo de exercício:
O bebê nos seus primeiros meses de vida, ainda não tem um domínio de sua visão, da coordenação e apreensão de objetos, portanto, nessa fase, a criança exercita as habilidades motoras, através de atividades básicas, tais como morder, chupar, sacudir, agarrar e lançar, repetindo várias vezes estes movimentos, aperfeiçoando-os e também por prazer.
-         Jogo de construção:
Nessa fase inicia-se a noção de regra na criança, porque ela inventa a sua regra e a pratica individualmente, porque ela adquire capacidades fundamentais para o desenvolvimento motor e intelectual como classificar, seriar, equilibrar, noções de quantidades, peso, diferenciação das formas e das cores.
-         Jogos simbólicos:
A criança pequena só é capaz de imitar um modelo que esteja presente, porque ainda não é capaz de imaginar. A criança passa a imitar modelos ausentes, produzindo um modelo já interiorizado por ela.
Além de relembrar mentalmente o acontecido, executa a representação.
-         Jogos de imitação:
As primeiras imitações que as crianças realizam surgem da observação de modelos próximos dela, pessoas com quem convive, para depois ampliar seus modelos retirados do mundo adulto. A criança imita a forma de andar, voz e os gestos, porém acaba colocando traços pessoais como forma de buscar sua auto-afirmação.

-         Transposição:
Muitas vezes, em suas brincadeiras, a criança utiliza um objeto querendo simbolizar outro. Podemos citar como exemplo, quando a criança pega  uma caixa para simbolizar um carrinho ou uma caminha para simbolizar uma boneca. Nessa fase os jogos são extremamente criativos e fluem livremente.
-         Jogos de regras:
A criança passa a lidar com delimitações de tempo, espaço, com o que pode ou não ser feito. O jogo de regras garante à criança uma certa regularidade que organiza a ação tornando-a orgânica, são transmitidos de criança para criança e aumentam seu valorem função e em proporção ao processo de seu desenvolvimento social.

Pesquisas sobre a história da infância nos mostram que a criança vê o mundo através do brinquedo, das brincadeiras e em cada geração renovam a cultura infantil.
Estudiosos de diversas áreas tentaram conceituar o brinquedo,não conseguindo definir critérios universalmente aceitos para determinar se uma atividade é ou não uma brincadeira.
Porém, para nós educadores, essa definição não é a mais importante mas sim a forma como vamos utilizar o brincar na nossa proposta, por que o brincar exige uma aprendizagem, sendo assim o professor possui o papel de inserir na criança a brincadeira, criando espaços, oportunidades e interagindo com ela.
É imprescidível que os educadores compreendam a importância do brincar e suas implicações, para organizar o processo educativo de modo mais positivo, contribuindo para o desenvolvimento das crianças ( Pontes & Magalhães,2003) .Sem esta compreensão, corre-se o risco de uma prática docente com equívocos.É preciso que o professor reconheça a impotância do estabelecido no Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil como uma conquista , tanto para ele quanto para o aluno e faça deste documento um norteador para sua prática educativa em sala de aula.

        


        



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