O Brincar na visão de Vigotski e
Piaget e a Educação Infantil.
O que é brincar e qual a sua
importância para o desenvolvimento social e a aprendizagem da criança na
educação infantil?
Ou o brincar seria apenas uma
diversão sem importância alguma para a criança?
O texto a seguir mostrará os estudos
dos teóricos Vigotski e Piaget sobre o brincar, sua importância para o
desenvolvimento da criança, porém antes vamos repassar o que os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) afirmam sobre brincar:
Os PCNs que foram elaborados no ano
de 1998 em Brasília e que é um documento
de extrema relevância para a educação pois é uma conquista e efetivação dos
direitos da criança integrada a modalidade infantil, afirma que o brincar é a
linguagem infantil,
porque
brincarndo as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram
origem, sabendo que estão brincando e no ato de brincar os gestos, os objetos
valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser,o principal indicador
da brincadeira , entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam.
Nas brincadeiras, as crianças transformam os
conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais
brinca, assim o brincar contribui, para a interiorização de determinados
modelos de adulto.
Os conhecimentos da criança provém da imitação de
alguém ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros
ambientes, do relato de um colega ou de um adulto ou d, de cenas assistidas na
televisão, no cinema ou narradas em livros.
Segundo os PCNs o brincar apresenta-se por meio de
várias categorias: O movimento e as mudanças das percepções; a relação com os
objetos e suas propriedades; a linguagem oral e gestual e os limites definidos
pelas regras.
Os pesquisadores afirmam que o brincar pode ser
dividido em duas grandes categorias: O brincar social: que reflete o grau nos
quais as crianças interagem umas com as outras e,
O brincar cognitivo: que revela o nível de
desenvolvimento mental da criança.
Para Vigotski (1984) brincar permite a aprendizagem:
“(...)
a criança ao brincar de faz-de-conta, cria uma situação imaginária podendo assumir diferentes
papéis, como o papel de um adulto. A criança passa a se comportar como se
realmente fosse mais velha, seguindo as regras, que esta situação propõe.”
Neste sentido, a brincadeira, está favorecendo a
criança, em processos que estão em formação ou que serão completados.
De acordo com Vigotski (1998), a criação de situações
imaginárias na brincadeira surge da tensão entre o indivíduo e a sociedade e
libera a criança da realidade imediata, dando-lhe oportunidade para controlar
uma situação existente.
Na brincadeira, os significados e as ações
relacionadas aos objetos convencionalmente podem ser libertados.
No jogo de faz-de-conta, as crianças utilizam de
processos de pensamento de ordem superior, que assume um papel central no
desenvolvimento da aquisição da linguagem e das habilidades de solução de
problemas por elas (Meira, 2003).
A importância do brincar para o desenvolvimento
infantil está no fato de que esta atividade contribui para a mudança na relação
da criança com os objetos, pois estes perdem sua força determinadora na
brincadeira.
...” a criança vê um objeto, mas age de maneira
diferente em relação ao que vê. Assim é alcançada uma condição que começa agir
independente daquilo que vê” (Vigotski, 1998, p. 127).
A criança pode dar outros sentidos aos objetos e
jogos a partir da sua própria ação ou imaginação, em situações em que a criança
ainda é bem pequena mas estimulada podemos observar que ela rompe com relação
de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que expressa o
seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento.
Vigotski (1998) definiu a zona de desenvolvimento
proximal (ZPD) como:
(...) a distância entre o nível de
desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente
de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da
solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outros
companheiros mais capazes ( p. 97).”
A brincadeira representa o funcionamento da criança
na zona proximal e portanto promove o desenvolvimento infantil (Vigotski,
1998).
Piaget afirma que o brincar oferece à criança a
oportunidade de assimilar o mundo exterior às suas necessidades, sem precisar
muito acomodar realidades externas. A brincadeira possibilita uma acomodação do
mundo exterior completamente livre, uma vez que ela não tem nenhum compromisso
com a realidade que a cerca.
Indispensável
a prática educativa, a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades
intelectuais da criança, como nos diz, Piaget.
Piaget
ressalta que o brincar possibilita a criança a manipular o mundo externo
fazendo com que ele se encaixe nos seus esquemas atuais.
O
teórico afirma que o intelecto de uma pessoa desenvolve-se através do processo
de assimilação e acomodação. O aprendizado ocorre, quando esses processos
juntos, resultam no equilíbrio. O processo de assimilação seria o momento em
que a pessoa recolhe todas as informações do mundo externo e acaba
acomodando-as com as informações já existentes.
O jogo
é essencial ma vida da criança, acredita Piaget e segundo ele, as crianças
quando jogam, assimilam e podem transformar a realidade, sendo uma atividade
essencial para o desenvolvimento infantil.
Piaget
identificou estágios nas brincadeiras das crianças pequenas:
-
Jogo de exercício:
O bebê nos seus primeiros meses de
vida, ainda não tem um domínio de sua visão, da coordenação e apreensão de objetos,
portanto, nessa fase, a criança exercita as habilidades motoras, através de
atividades básicas, tais como morder, chupar, sacudir, agarrar e lançar,
repetindo várias vezes estes movimentos, aperfeiçoando-os e também por prazer.
-
Jogo de
construção:
Nessa fase inicia-se a noção de regra
na criança, porque ela inventa a sua regra e a pratica individualmente, porque
ela adquire capacidades fundamentais para o desenvolvimento motor e intelectual
como classificar, seriar, equilibrar, noções de quantidades, peso,
diferenciação das formas e das cores.
-
Jogos simbólicos:
A criança pequena só é capaz de
imitar um modelo que esteja presente, porque ainda não é capaz de imaginar. A
criança passa a imitar modelos ausentes, produzindo um modelo já interiorizado
por ela.
Além de relembrar mentalmente o
acontecido, executa a representação.
-
Jogos de imitação:
As primeiras imitações que as
crianças realizam surgem da observação de modelos próximos dela, pessoas com
quem convive, para depois ampliar seus modelos retirados do mundo adulto. A
criança imita a forma de andar, voz e os gestos, porém acaba colocando traços
pessoais como forma de buscar sua auto-afirmação.
-
Transposição:
Muitas vezes, em suas brincadeiras, a
criança utiliza um objeto querendo simbolizar outro. Podemos citar como
exemplo, quando a criança pega uma caixa
para simbolizar um carrinho ou uma caminha para simbolizar uma boneca. Nessa
fase os jogos são extremamente criativos e fluem livremente.
-
Jogos de regras:
A criança passa a lidar com
delimitações de tempo, espaço, com o que pode ou não ser feito. O jogo de
regras garante à criança uma certa regularidade que organiza a ação tornando-a
orgânica, são transmitidos de criança para criança e aumentam seu valorem
função e em proporção ao processo de seu desenvolvimento social.
Pesquisas sobre a história da
infância nos mostram que a criança vê o mundo através do brinquedo, das
brincadeiras e em cada geração renovam a cultura infantil.
Estudiosos de diversas áreas tentaram
conceituar o brinquedo,não conseguindo definir critérios universalmente aceitos
para determinar se uma atividade é ou não uma brincadeira.
Porém, para nós educadores, essa
definição não é a mais importante mas sim a forma como vamos utilizar o brincar
na nossa proposta, por que o brincar exige uma aprendizagem, sendo assim o
professor possui o papel de inserir na criança a brincadeira, criando espaços,
oportunidades e interagindo com ela.
É imprescidível que os educadores
compreendam a importância do brincar e suas implicações, para organizar o
processo educativo de modo mais positivo, contribuindo para o desenvolvimento
das crianças ( Pontes & Magalhães,2003) .Sem esta compreensão, corre-se o
risco de uma prática docente com equívocos.É preciso que o professor reconheça
a impotância do estabelecido no Referencial Curricular Nacional para Educação
Infantil como uma conquista , tanto para ele quanto para o aluno e faça deste
documento um norteador para sua prática educativa em sala de aula.
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