4CEDFEPROLICEN03
INCLUINDO A EDUCAÇÃO DO CAMPO EM ESCOLAS DE
ASSENTAMENTOS RURAIS ATRAVES DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE
EDUCADORES
Juberlane de Oliveira Santos (1);
Risolene Carmem dos Santos (1); Maria do Socorro Xavier Batista (3).
Centro de educação/Departamento de Fundamentação da
Educação/PROLICEN
Resumo: A
intenção desse artigo é apresentar o projeto intitulado “Incluindo a educação
do Campo em Escolas de Assentamentos Rurais Através da formação Continuada de
Educadores”. O projeto vem promovendo atividade
de estudos e pesquisa-ação, através de uma ação educativa na Escola de Educação
Infantil e Ensino Fundamental Tiradentes, localizada no assentamento Tiradentes,
no município de Mari, na Paraíba. Os principais objetivos do projeto são: contribuir
para a inserção da Educação do Campo no projeto político e pedagógico da escola;
promover oficinas pedagógicas para contribuir para a formação continuada de
professores do ensino fundamental; oportunizar estudos sistemáticos sobre a Educação
do campo e realizar atividades teórico-metodológicas a partir de oficinas
pedagógicas, considerando as necessidades e dificuldades dos educadores e dos educandos.
Para alcançar os objetivos propostos a
metodologia deste trabalho envolveu pesquisa e extensão fundamentado-se no
paradigma qualitativo da pesquisa-ação e valeu-se de vários procedimentos, como
o uso de oficinas pedagógicas com os professores e com a comunidade local
envolvendo os temas geradores agricultura familiar e agrotóxicos versus
agricultura orgânica.
Palavras-chave: educação do
campo, formação de educadores, educação popular.
Introdução
O projeto que ora
apresentamos foi apoiado pela Pró-Reitoria de Graduação, através do Programa de
Apoio às Licenciaturas – PROLICEN, teve início em abril de 2009. Os principais objetivos do projeto são:
contribuir para a inserção da Educação do Campo no projeto político e
pedagógico da escola; Promover oficinas pedagógicas para contribuir para a
formação continuada de professores do ensino fundamental; Oportunizar estudos
sistemáticos sobre a Educação do campo e realizar atividades
teórico-metodológicas a partir de oficinas pedagógicas, considerando as
necessidades e dificuldades dos educadores e dos educando. Buscando refletir
sobre os problemas e desafios da educação do campo e da formação continuada de
professores incorporada às idéias do movimento “Por uma Educação Básica do Campo”
e responder aos questionamentos postos sobre essa problemática instigada no
objeto de estudo.
Tal proposta teve a
pretensão de contribuir para a prática docente em sala de aula como também para
a construção do projeto político e pedagógico da escola e para a melhoria do
processo ensino-aprendizagem que nela se efetiva, através de uma ação de
formação continuada através de oficinas pedagógicas. Atuar na formação de
educadores e técnico-administrativos da escola, buscando efetivar os princípios
da Educação do Campo defendidos pelo movimento “Por uma Educação do Campo”
empreendido por uma articulação que envolve diversos movimentos sociais do
campo, os quais foram contemplados no Parecer CNE/CEB 36/2001 e da Resolução
CNE/CEB 1, de 3 de abril de 2002 que instituem as Diretrizes Operacionais para
a Educação Básica nas escolas do Campo.
Esse projeto se situa
numa perspectiva de Educação do campo que se afirma como um paradigma de
educação, a partir da articulação nacional dos movimentos sociais e sindicais
de trabalhadores e trabalhadoras rurais, de diferentes entidades e de
organização que realizaram em 1998
a 1ª Conferencia de Nacional “Por Uma Educação Básica do
Campo”, momento em que buscam discutir e propor políticas de educação que
atenda as especificidades dos diferentes sujeitos que vivem no e do campo,
ressaltando a diversidade de culturas, de saberes suas memórias e historias. A
educação do campo parte da necessidade de se construir outra noção do espaço rural,
superando a bipartição que encara o espaço urbano como avançado e as áreas ocupadas
pelos camponeses como atrasadas e traz o desejo de reconhecer e valorizar a
especificidade da vida e das relações sociais e culturais. Portanto educação no
campo não salienta apenas o lugar, mas seus sujeitos e suas práticas. Conforme
esclarece Caldart (2004, p.26).
Uma educação que seja no e do campo. No: O povo tem
direito a ser educado no lugar onde vive; Do: O povo tem direito a uma educação
pensada desde o seu lugar e com sua participação vinculada á sua cultura e ás
suas necessidades humanas e sócias.
Os estudos sobre a
Educação do Campo refletem sobre o papel
da educação na formação da identidade dos sujeitos do campo e a noção de identidade,
vinculada aos elementos dos saberes dos camponeses. Segundo as Referências a
identidade da escola do campo é definida a partir dos sujeitos sociais a quem
se destina: agricultores/as familiares, assalariados/as, assentados/as,
ribeirinhos, caiçaras, extrativistas, pescadores, indígenas, remanescentes de
quilombos, enfim, todos os povos do campo brasileiro. (REFERENCIAS p. 35)
O conceito de identidade social pode ser
entendido como “um conjunto de imagens e símbolos compartilhados por um
conjunto de sujeitos, correspondendo a uma representação coletiva que tem na
linguagem um componente fundamental”. (BATISTA, 2007, p.179). Batista destaca
também outro elemento significativo da Identidade que é o sentimento de
pertença a um grupo, movimento social, ou categoria social.(p.180).
A educação do campo
também se propõe a afirmar o pertencimento dos camponeses à uma comunidade como
aparece no documento Referencias para uma política de Educação do Campo, do MEC
“(...) Pertencer significa se reconhecer como integrante de uma comunidade e um
sentimento que move os sujeitos a defender as suas idéias, recriar formas de
convivência e transmitir valores de geração a geração (REFERENCIAS p. 36). Batista
(2007, p.176) destaca alguns elementos que embasam a construção de um paradigma
de educação construído pelos sujeitos coletivos:
a busca de uma identidade
política de movimento e de classe pelo conceito de camponês, como elo entre os
diversos sujeitos envolvidos na luta pela terra e no trabalho no campo; a terra
como instrumento de vida, de cultura, de produção; o trabalho camponês como
princípio educativo; a valorização da cultura camponesa, da experiência de vida
dos sujeitos do campo; a educação como instrumento intrínseco ao projeto de
sociedade e de desenvolvimento que defendem.
Foi em consonância com
essas idéias que esse projeto buscou desenvolver as atividades de formação
continuada com os educadores e com a comunidade do Assentamento.
Descrição Metodológica
Entendendo,
de acordo com Minayo (1994), que a metodologia é o caminho do pensamento e a
prática exercida na abordagem da realidade, para alcançar os objetivos propostos no projeto destacamos que o processo
metodológico tomou como embasamento teórico as idéias da educação do campo
defendidas pelos movimentos sociais e pelos educadores e pesquisadores que comungam
com essas idéias e adotou o paradigma
qualitativo da pesquisa-ação, a qual de acordo com Grittem et all (2008,
p.2) “é considerada um modelo de pesquisa associada a diversas formas de ações
coletivas, orientadas para a resolução de problemas ou com objetivo de
transformação”. O processo de pesquisa envolveu uma reflexão-ação coletiva
envolvendo a comunidade escolar e a do assentamento, através da associação dos
assentados.
Entendemos nossa opção como pesquisa-ação crítica, de
acordo com conceituação de Franco (2005,
p. 485),
se essa transformação
é percebida como necessária a partir dos trabalhos iniciais do pesquisador com
o grupo, decorrente de um processo que valoriza a construção cognitiva da
experiência, sustentada por reflexão crítica coletiva, com vistas à emancipação
dos sujeitos e das condições que o coletivo considera opressivas, essa pesquisa
vai assumindo o caráter de criticidade.
Essa
opção metodológica se deu porque o projeto envolveu pesquisa e extensão
fundamentadas e valeu-se de vários procedimentos, como o uso de oficinas
pedagógicas com os professores com temas sugeridos por eles; palestras com a
participação da comunidade local. Além
destes contamos com outros procedimentos como observação participante e
sistemática na sala de aula realizada pelas alunas-bolsistas autoras deste
relatório, questionário com os professores, levantamento bibliográfico e uma
revisão teórica acerca das temáticas envolvidas no objeto de estudo desta
pesquisa através de estudo e análise de textos, de documentos, dissertações,
periódicos e artigos da Internet, os quais discorreram sobre a temática
educação popular, movimentos sociais, formação e ação docente buscando
identificar, relacionar, analisar o tema, avaliar, propor e realizar ações
junto às professoras das escolas com vistas à melhoria da ação docente e a
melhoria da educação.
Assim as oficinas se caracterizaram como intervenções nas
práticas educativas/formativas dos educadores e contribuíram para a formação
desses agentes possibilitadores da transformação da realidade do assentamento.
Para tanto, foram pautadas nas teorias e nos documentos que fundamentam a
prática da Educação do Campo. Cada oficina tinha 8 horas de duração,
dividindo-se a metade do tempo em discussões problematizadoras da realidade e
discussões teóricas e a outra metade em atividades de planejamento baseadas nos
temas geradores que foram sendo propostos pelos próprios educadores e corpo
docente da escola em
questão. A luta da Educação do Campo busca desconstruir a
escola que desqualifica e ignora os saberes construídos, da vivencia diária de
seus educando, excluindo os saberes populares.
“Conhecimento, todas as
pessoas posuem e podem construir. Sendo assim, a escola precisa levar em conta
os conhecimentos que os pais, os/as alunos/as, as comunidades possuem, e resgatá-los
dentro da sala de aula num diálogo permanente com os saberes produzidos nas
diferentes áreas de conhecimento. Tais conhecimentos precisam garantir
elementos que contribuam para uma melhor qualidade de vida. Os vários saberes
não têm fins em si mesmo, eles são instrumentos para intervenção e mudança de
atitudes dos vários segmentos neste processo de renovação.” (BRASIL, 2004,
p.37).
Assim, a concepção de
educação que fundamenta o projeto insere-se no paradigma da Educação do Campo
(EC) e nas teorias de Paulo Freire, pioneiro da Educação Popular que trouxe
elementos fundamentais para a educação do campo. A contribuição do pensamento e
da prática educativa de Paulo Freire pode ser percebida nos princípios
defendidos pela EC tais como: educação para a formação humana unilateral,
vínculo entre educação e política especialmente com a classe trabalhadora
oprimida, o respeito à cultura e aos saberes dos educandos como instrumento de
compreensão crítica da realidade social, econômica, política e cultural;
educação como instrumento para a libertação e a autonomia dos sujeitos, com
vistas à construção de uma sociedade emancipada, para além do capitalismo
opressor.
Resultados
Foram realizadas nesse
período cinco Oficinas Pedagógicas
envolvendo os temas Agricultura Familiar e Agrotóxicos os quais foram
definidos a partir das sugestões que foram feitas pelos pais, na pesquisa realizada
pelos professores e alunos da escola, buscando fazer um levantamento da
produção agricultura familiar dos assentados, da qual sobressaíram os temas:
agrotóxicos, drogas.
Os
temas geradores
agricultura familiar e agrotóxico foram trabalhados fazendo um contraponto com a
orgânica.
1) Oficina Pedagógica em Maio de 2009 –Água e Agricultura familiar
Primeiro momento
discussão sobre a importância água para a agricultura Familiar. Foram
identificados algumas questões que poderiam ser trabalhadas em sala de aula com
os alunos: relação da água da chuva com
a agricultura e os produtos que são cultivados no assentamento. Qual a quantidade de água necessária para cada
cultura. Estudar a origem da água do assentamento, estudar as componentes da
água. Convidar técnico que atende ao assentamento para analisar a água
existente.
Após a discussão nos grupos foram
sugeridas várias atividades a serem realizadas com os alunos: Potencialidade
hídrica do assentamento, identificar poços, açudes, cacimbas. Utilização e conservação
da água: consumo humano, animal e atividades agrícolas. Formas de poluição da
água: lixo, lavagem de roupa, banho de animais, dejetos, fossas. Conseqüências
das águas não tratadas. Analisar a água com microscópio. Doenças transmitidas através da água. Utilidades
da água, uso na agricultura. Montar um filtro (com pedras e areis) em um vidro
transparente, ou garrafa pet. Fazer estudo para identificar a localização e a distância
entre a fossa e o poço. Necessidade de cuidar e tratar da água do poço. Fontes
de água naturais e artificiais. Executar experiências em sala de aula. Realizar
palestra com a comunidade. Elaborar gráfico mostrando a quantidade de água
doce, salgada e em forma degelo.
2) Oficina Pedagógica em 31 de julho de 2009 -Agricultura familiar
No primeiro momento, pela
manhã, foi efetivada uma avaliação do trabalho que vem sendo desenvolvido e um
levantamento sobre os temas a serem trabalhados e a apresentação do resultado da tabulação do questionário
sobre agricultura familiar.
Os resultados do questionário
sobre a agricultura familiar constaram das seguintes questões referentes aos
perfil da família: constituição do pai, da mãe, dos filhos e aos demais membros
da família, residentes na residência. Outras questões buscavam identificar a
ocupação, a faixa etária, nível de escolaridade. Quanto aos aspectos
relacionados com a produção buscou-se identificar os manejos para conter as
pragas das plantações, os tipos de adubo utilizados para fortalecer o solo, os principais
problemas ou dificuldades encontrada na plantação, quais as dificuldades ou
problemas para a comercialização da produção, quais os tipos de produção e
plantação que eles tem e a quantidade produzida. E, por último foram
solicitadas sugestões de assuntos que a escola deveria discutir em sala. O questionário foi
respondido pelos pais dos alunos, com o intuito de conhecer a realidade do
assentamento.
No segundo momento, à
tarde foi feita uma discussão em grupo com a participação dos professores e o
gestor da escola com intuito planejar atividades a serem realizadas na escola
com os alunos. A partir dos resultados do questionário foram pensadas
atividades envolvendo: identificação de medidas utilizadas na produção da
agricultura, pelos assentados: hectares, braça, talhão, cubo, metro, centímetro,
entre outros. Foram sugeridas atividades envolvendo comparação de medidas,
diferenciação e transformação de uma medida para outra, adição e subtração
usando sementes. Identificar os produtos produzidos e desenvolver produção de
textos envolvendo as palavras e as letras dos nomes dos produtos produzidos.
3) Oficina pedagógica em 18 de setembro-Agrotóxico versus agricultura
orgânica.
O objetivo dessa oficina
era discutir e problematizar o uso de agrotóxico na agricultura familiar, com
os assentados e com os professores e o gestor da escola. Este tema foi definido
porque na pesquisa identificou-se que 85,71 dos camponeses usam agrotóxicos nas
suas produções, além de a área ser atingida pela utilização nas áreas vizinhas
que produzem cana-de-açúcar e abacaxi nas redondezas. Para trabalhar esse tema buscou-se o apoio de
um técnico da EMATER, a partir da articulação de Ivanalda Di Lorenzo, aluna do
Programa de Pós-Graduação em Educação que trabalha na instituição como
extensionista.
No período da manhã
ocorreu uma palestra com um técnico da EMATER, com a participação dos
professores sobre o uso de agrotóxico e os Equipamentos Proteção Individual que
devem ser utilizados por quem trabalha com agrotóxicos. O tema foi apresentado
a partir de um vídeo que aborda ;;;; Após a palestra ocorreu à discussão com os
professores como incorporar o agrotóxico como conteúdo em sala de aula. Foram
sugeridas pelos professores várias possibilidades de se trabalhar esse tema com
os alunos. Inicialmente suscitar dos alunos os conhecimentos que eles já tem
sobre o tema buscando identificar o significado de agrotóxico para as crianças
e a partir daí identificar os aspectos positivos e negativos do uso dos
agrotóxicos. Buscar levantar os tipos de agrotóxicos que eles conhecem e que já
viram os pais usar.
No segundo momento, à tarde,
ocorreu a discussão sobre essa mesma temática com a comunidade juntamente com
os professores, enfatizando o quanto o uso de agrotóxico e era prejudicial não
só ao solo, mas também a sua saúde. A partir desse
4) Oficina pedagógica em 04 de outubro de 2009 - Agrotóxico
versus agricultura orgânica.
Este tema desenvolvido
nessa oficina foi dirigida aos assentados para discutir o uso e os cuidados com
uso de agrotóxicos e surgiu em virtude de que a maioria da população do
assentamento faz uso de agrotóxicos na agricultura e a comunidade também é
atingida pela pulverização aérea de agrotóxicos feita na lavoura de
cana-de-açúcar de uma fazenda vizinha. A
oficina ocorreu num domingo aproveitando a reunião da associação do
assentamento. No primeiro momento foi feita uma breve introdução sobre a
importância da participação da comunidade para um melhor desenvolvimento do
assentamento. Depois foi realizada uma dinâmica em que foram divididos dois
grupos que tinham como tarefa conduzir um “barco” (faixa de cartolina) com o
objetivo de atravessar um trecho de aproximadamente um metro, sem que nenhum
participante caísse ou colocasse o pé no chão.
Os integrantes desenvolveram uma estratégia para alcançar o objetivo até
um ponto determinado sem rasgar nem abandonar nenhum participante. Foram divididos
02 grupos contendo 05 integrantes em cada.
No segundo momento formaram-se
três grupos para fazer um diagnostico da comunidade e relatarem em cartazes.
O primeiro grupo desenvolveu um mapa
da comunidade: os participantes desenharam o assentamento com todos os
equipamentos existentes (casas, escola, igreja, ruas, posto de saúde, sede da
associação).
O segundo grupo construiu um mapa
destacando os recursos naturais: participantes desenharam todos os recursos
naturais que compõem o assentamento (bicas, açudes, arvores, animais, reservas
ambientais, plantas). E o terceiro grupo elaborou um Diagrama de VEEN, no qual
se apresentavam os parceiros do assentamento que estivessem mais próximos em
ordem crescente foram apresentados os parceiros: Escola, Banco do Nordeste, Incra, Séc. da
Saúde, Séc. da Educação, Emater, MDA, rádio comunitária, Sec. do Urbanismo,
UFPB, Séc. da Ação Social, MST, Sebrae, Prefeitura Municipal e Sindicato dos
Trabalhadores.
Após
a construção dos cartazes os grupos apresentaram resultados e foi elaboração
uma relação destacando por ordem de prioridade os problemas detectados que
deveriam ser alvo de novas oficinas com a comunidade..
Conclusão
Destacamos a necessidade
do currículo das escolas da Educação do Campo incorporar temas que sejam
significativos para os alunos e professores e toda a comunidade onde a escola
está inserida, considerando o contexto de significados e que estejam
interligados com a vida e a luta da comunidade local. Que o processo
ensino-aprendizagem se dê através de uma práxis que vise transformar a
realidade dos sujeitos envolvidos.
Com o foco desta pesquisa
centrado em ações educativas voltadas para a formação de educadores da escola
Tiradentes, tendo como meta principal a implementação de uma prática
educacional diferenciada com vistas às proposições e concepções da Educação do
Campo percebemos como a escola se torna dinâmica e envolvida com os problemas
da comunidade.
Buscou-se unir o discurso e a prática, ação-reflexão,
pelo trabalho e participação ativa de todos os envolvidos nesse processo,
promovendo assim uma reflexão coletiva da práxis pedagógica da escola e da
comunidade. Nesse processo tanto a equipe da universidade quanto comunidade
geral e da escola tiveram ricos momentos de aprendizagem, de troca de
saberes possibilitados pelas reflexões e
envolvimento de todos no processo. Pela possibilidade que todos tiveram de
descobrir e desenvolver novas alternativas metodológicas e novas possibilidades
de discussão, com vistas à encontrar alternativas para se desenvolver uma
escola que promova reflexão e reavaliação de suas práticas pedagógicas.
Nas Oficinas tivemos a
oportunidade de observar as condições pedagógicas e de infra-estrutura de
funcionamento da escola, perceber as dificuldades enfrentadas pelos professores
e alunos como sujeitos que dela participam. Destacamos que a educação é de
fundamental importância para os sem-terra, não só na conquista dos seus
direitos como trabalhadores rurais, mas também para que eles se tornem agentes
de transformação do campo.
Assim, as oficinas se
caracterizaram como intervenções nas práticas educativas e formativas dos
educadores e contribuíram para a formação desses agentes possibilitadores da
transformação da realidade do assentamento e de suas vidas.
Referências
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Educação Popular do Campo (Re)
constituindo território e a Identidade Camponesa. In: JEZINE, Edineide ; ALMEIDA, Maria de Lourdes Pinto de
(Org). Educação e Movimentos Sociais:
Novos Olhares.Campinas, SP.ed. Alínea,2007.
BOGO, Ademar. Identidade
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Trabalho de Educação do Campo. Referências para uma política nacional de educação
do campo - GPTEC: Caderno de Subsídios. Ramos, Marise Nogueira, Moreira, Santos, Telma Maria Clarice Aparecida dos. (Coord.). Brasília: Secretaria de Educação Média e
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CALDART, Roseli Salete. Elementos para a construção de um projeto político e pedagógico da Educação do Campo. In:
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DECLARAÇÃO
FINAL e TEXTO BASE. II Conferência
Nacional Por Uma Educação do Campo. Luziânia-Go, 02 a 06 de agosto de 2004.
Disponível em: http://www.cnbb.org.br/documento_geral
THIOLLENT,
Michel. Metodologia da Pesquisa-Ação.
12. ed. - São Paulo: Cortez, 2003. (Coleção temas básicos de Pesquisa-ação).
DOSSIÊ, MST ESCOLA. Documentos e Estudos 1990-2001.
Caderno de Educação Nº 13. ed. Especial.
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