Texto
introdutório
Onde
está a noite?
Todo dia
era dia,
Pois a
noite não existia.
Viviam
presos
Os
bichinhos.
Cri...cri...cri...
Ninguém
ouvia!
Nem a
luz dos vaga-lumes
Nem o
pio das corujas.
Nem as
estrelas do céu,
Nem a
lua cor de prata
Nada...nada
de breu!
Só o dia
existia!
Só o sol
brilhava eterno.
Nem
descansar ele podia!
Quem
será que a linda noite
Vai
conseguir libertar?
Só
ouvindo esta história
Que
agora vou contar!
O curumim que libertou a noite
Muito,
muito tempo atrás, a noite foi roubada e escondida dentro de uma grande cabaça
pelo velho índio Jurupari.
Ele
levou a noite para um lugar distante e desconhecido.
Sem
a noite, as pessoas não podiam dormir, por isso viviam cansadas e tristes.
Certo
dia, um pequeno curumim chamado Aquitã disse ao cacique:
-
Vou sair pelo mundo a fora para encontrar a noite e libertá-la.
Todos
da aldeia riram do pequeno curumim. Então, o grande cacique perguntou-lhe:
-
Aquitã, como você acha que libertará a noite se nem mesmo eu, que sou o grande
cacique, consegui?
-
Por favor, deixe-me tentar. Será a minha prova para me tornar um guerreiro
forte e valente como você.
Percebendo
a determinação do pequeno curumim, o cacique decidiu deixá-lo partir.
A
aldeia reuniu-se para despedir-se de Aquitã. Cada um levou um presente.
As
mulheres lhe deram uma cesta cheia de frutas frescas e um grande pedaço de
carne seca.
O
guerreiro mais forte deu-lhe uma lança e disse:
-
Para partir a cabaça e libertar a noite, você deve dizer: Tupã.guie minha lança até a cabaça para que a noite se faça!
O
pajé deu-lhe uma borduna mágica e disse:
-
Valente Aquitã, quando a escuridão tomar conta de tudo, bata essa borduna três
vezes no chão e diga:
-Borduna, borduna mágica.
Três vezes bato você no chão.
Agora, faça um forte clarão.
O
cacique deu-lhe uma canoa encantada e disse:
-Quando
quiser voltar para a aldeia, diga a essa canoa:
-Minha canoa, cheguei agora. Não perca tempo,
leve-me embora.
E, assim, o pequeno curumim partiu determinado a
encontrar a noite. Ele seguiu o seu caminho dizendo:
-Sou pequenino, mas muito valente!
Vou buscar a noite que com o dia irá se
casar
Para todo o meu povo
Vou dar estrelas de presente
E o frescor da noite
Para a gente descansar!
Aquitã entrou em sua canoa, remou por vários dias
até chegar à outra margem do rio.,
Passou
várias semanas caminhando até chegar ao pé da montanha. Ele a escalou até
chegar ao topo, de onde podia avistar toda a Terra.
Aquitã
desceu a montanha, chegou mais perto e viu Jurupari sentado numa pedra, com a
grande cabaça bem segura nos braços. Ao seu lado, para protegê-lo havia uma
enorme e gorda onça.
Aquitã
pegou o ultimo pedaço de carne seca e jogou na frente do animal, que
imediatamente começou a comê-la.
O
velho Jurupari levantou-se desconfiado, deixando a cabaça em cima da pedra, e
correu justamente na direção do curumim.
Percebendo
o perigo, Aquitã pegou sua lança e disse as palavras mágicas:
-
Tupa~,. Guie minha lança até a cabaça
para que a noite se faça!
Logo
em seguida, arremessou a lança, e a cabaça foi partida ao meio. Imediatamente,
a noite, com toda a sua ,magia, começou a se espalhar. As estrelas, a lua, os
vaga-lumes, os morcegos, os sapos, as corujas e todas as criaturas da noite
foram libertas.
A
escuridão tomou conta do mundo, e Jurupari, tentando encontrar o pequeno
curumim, acabou caindo numa moita de espinhos, ficando cego para sempre.
Aquitã,
sem saber que direção tomar, lembrou-se da borduna e disse:
-Borduna, borduna mágica, três vezes bato
você no chão, agora faça um forte clarão!
No
mesmo instante, na ponta da borduna, apareceu uma chama que iluminou a
escuridão.
Foi
assim, que o pequeno curumim encontrou a canoa às margens do rio e, quase sem
fôlego, disse as palavras mágicas:
-Minha canoa, cheguei agora, não perca tempo,
leve-me embora.
Em seguida, pulou dentro da canoa, mas tão fraco e
cansado estava que acabou adormecendo.
Quando
acordou, viu que estava na aldeia cercado pelo seu povo.
A
alegria foi tamanha que fizeram uma grande festa para comemorar a volta de
Aquitã e celebrar a beleza da noite.
Aquitã,
o pequeno curumim, foi transformado no mais novo guerreiro de sua aldeia. E
esta história entrou pelo nariz do jacaré e saiu pela boca de uma mulher. Conte
outra quem quiser!
Nenhum comentário:
Postar um comentário