Discalculia - Dicas para a sala de aula
A discalculia é
um distúrbio neurológico que afeta a habilidade com números.
Sendo um problema de aprendizado independente, mas que pode estar também
associado à dislexia. Tal comprometimento faz com que a pessoa se confunda em
operações matemáticas, conceitos matemáticos, fórmulas, sequência numéricas, ao
realizar contagens, sinais numéricos e até na utilização da matemática no
dia-a-dia.
Pode
ocorrer como resultado de distúrbios na memória auditiva, quando a pessoa não
consegue entender o que é falado e consequentemente não entende o que é proposto
a ser feito, distúrbio de leitura quando o problema está ligado à dislexia e
distúrbio de escrita quando a pessoa tem dificuldade em escrever o que é pedido
(disgrafia).
É muito
importante buscar auxílio para descobrir a discalculia, ou não, no período
escolar quando alguns sinais são apresentados, pois alguns alunos que são
discalcúlico, são estigmatizados como desatentos e preguiçosos quando possuem
problemas quanto à assimilação e compreensão do que é pedido. É válido
ressaltar que o distúrbio neurológico que provoca a
discalculia não causa deficiências mentais como algumas pessoas questionam.
O discalcúlicopode ser auxiliado no seu dia-a-dia por uma
calculadora, uma tabuada, um caderno quadriculado, com questões diretas e se
ainda tiver muita dificuldade, o professor ou colega de trabalho pode fazer
seus questionamentos oralmente para que o problema seja resolvido. O discalcúliconecessita
da compreensão de todas as pessoas que convivem próximas a ele, pois encontra
grandes dificuldades nas coisas que parecem óbvias. Essa má formação
neurológica provoca transtornos na aprendizagem de tudo o que se relaciona a
números, como fazer operações matemáticas, fazer classificações, dificuldade em
entender os conceitos matemáticos, a aplicação da matemática no cotidiano e na
sequenciação numérica. Acredita-se que a causa dessa má formação pode ser
genética, neurobiológica ou epidemiológica.
Normalmente, crianças e qualquer outra pessoa que possui tal distúrbio
apresentam sinais como dificuldade com tabuadas, ordens numéricas, dificuldades
em posicionar os números em folha de papel, dificuldade em somar, subtrair,
multiplicar e dividir, dificuldade em memorizar cálculos e fórmulas,
dificuldade em distinguir os símbolos matemáticos, dificuldade em compreender
os termos utilizados.
Algumas das
dificuldades ainda existentes em pessoas com discalculia é também caracterizada
na dislexia, distúrbio que apresenta dificuldade em ler, escrever e soletrar,
pois a pessoa com necessidade educativa especial possui dificuldade em
interpretar o enunciado dos exercícios e dos conceitos matemáticos.
A discalculia já
pode ser notada a partir da pré-escola, quando a criança tende a ter
dificuldades em compreender os termos já utilizados, como igual, diferente,
porém somente após a introdução de símbolos e conceitos mais específicos é que
o problema se acentua e sim já pode ser diagnosticado.
Existem métodos
que podem facilitar a vida dessas pessoas quando necessitam da matemática. Para
melhorar o seu desempenho, o professor deve permitir que o indivíduo utilize
tabuada, calculadora, cadernos quadriculados e elaborar exercícios e provas com
enunciados mais claros e diretos. Ainda pode estimular o indivíduo passando
trabalhos de casa com exercícios repetitivos e cumulativos. Nesse sentido,
pensamos em trazer algumas dicas para serem utilizadas como forma de intervir e
amenizar os sintomas da discalculia:
Antes de
chegar a idade de frequentar o Ensino Fundamental existe o teste de
numerosidade, onde as crianças com a idade de 4 anos já conseguem olhar para a
gravura e dizer quantos objetos há, sem a necessidade de contar.
No desenho abaixo, é medido quanto tempo a criança leva para
perceber que existem 3 pontos. Crianças com discalculia precisam contar cada
bolinha para saber que existem 3 bolinhas.
SUGESTÕES DE
INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS E NEUROPSICOPEDAGÓGICAS...
Atividades
para desenvolver a competência de classificação
- Peça ao aluno que classifique objetos
em grupos. Pergunte depois que regras utilizou para classificar.
- Entregue ao aluno uma caixinha de
ovos vazia e uma caixa que contenha objetos pequenos. Peça que classifique os
objetos de acordo com alguma propriedade, por exemplo, cor. Em seguida peça a
ele que pense em outras formas de classificar os objetos, por exemplo: tamanho,
textura, etc.
- Utilizando variedade de objetos,
pedir que faça um grupo.
Por exemplo. A professora ou outros
colegas adivinharão as propriedades dos objetos pertencentes a esse grupo. Por
exemplo: figuras geométricas de diferentes tamanhos, cores e formas, etc.
- Utilizar cartões com imagens de
alimentos, plantas, brinquedos, pessoas, para fazer diferentes classificações.
Atividades
para desenvolver a seriação
- Entregar ao aluno alguns objetos de
diferentes comprimentos e pedir que os coloque em ordem a partir do mais curto
até o mais longo.
- Colocar alguns copos com água em
diferentes níveis e pedir à criança que os ordene. Em seguida pedir-lhe que
explique sua forma de ordenamento.
- Jogo dos Cubos e das
Garrafas: inicie o jogo entregando para as crianças garrafas de
plásticos de tamanhos bem diferentes e alguns cubos de madeira coloridos
para que ela enfileire os objetos sem observar regras. Depois peça que
elas separem as garrafas por critérios estabelecidos pelo professor
como: os maiores dos menores, os de plástico e os de madeira, por
cores e também por critérios estabelecidos pelos alunos.
Essa atividade pode ser registrada pela
criança por meio de desenhos. O objetivo é verificar a noção de tamanho,
a percepção espacial e a atenção da criança.
-Jogo das garrafas coloridas:
selecionam-se oito garrafas de plástico com alturas diferentes. A criança
deve ordenar as garrafas agrupando as de tamanhos quase iguais ou
diferentes.
Elas também podem ordená-las em
fileiras, da menor para a maior e da maior para a menor. O objetivo dessa
atividade é verificar as noções de tamanho (maior/menor), estimular a
coordenação motora e a contagem.
- Jogo de Dominó: colocamos
à disposição da criança um jogo de dominó para ela ordenar as peças de
acordo com a numeração de bolinhas contidas nas extremidades,
utilizando as regras do dominó. À medida que é apresentada uma
peça, o aluno deve colocar a correspondente.
Esta atividade visa desenvolver a
percepção do sistema de numeração e estimular a associabilidade, a noção
de sequência e a contagem. Uma variação do jogo é o dominó dos pares.
Neste jogo a soma das peças deve ser um número par. A atividade permite
que o aluno explore a relação entre a soma de números pares. Ou
seja, é possível explorar com os alunos que a soma de dois números pares
é um número par; a soma de dois números ímpares é um número par; a soma
de um número par e um número ímpar é um número ímpar. Também é possível
jogar o dominó dos ímpares, no qual a soma das peças deve ser um número
ímpar e as observações anteriores se repetem.
- Botões matemáticos: separam-se
botões de várias cores e tamanhos. A criança é orientada a separar botões
por tamanhos, na quantidade solicitada, utilizando barbante e folha
de papel. O objetivo dessa atividade é desenvolver a habilidade de
compreensão de sistemas de numeração, a coordenação motora e a orientação
espacial. Também pode ser proposto que o aluno explique os critérios
adotados por ele e justifique o seu raciocínio.
Desenvolvimento de trabalho com:
Jogo da memória – motricidade
fina, memória, hipótese, cores e estratégias.
Resta um – formas,
regras e estratégias.
Quebra-cabeça – motricidade
fina e memória, formas, hipótese, cores, análise-síntese, figura-fundo e
estratégias.
Arquiteto – planejamento,
equilíbrio, motricidade fina e estratégias.
Cilada – percepção de
formas, encaixe, motricidade fina, organização, plano mental, projeto e
criatividade.
Tangran – formas geométricas,
buscas de solução, percepção de figura e formas, hipótese, paciência,
regras, motricidade fina e representação mental.
Material dourado – trabalhar o
sistema de numeração decimal.
Referenciais Bibliográficos:
CARRAHER, Terezinha Nunes (Org.). Aprender Pensando.
Petrópolis, Vozes, 2002.
GARCÍA, J. N. Manual de Dificuldades de Aprendizagem. Porto
Alegre, ArtMed, 1998
JOSÉ, Elisabete da Assunção, Coelho, Maria Teresa. Problemas de
aprendizagem. São Paulo, Ática, 2002.
RISÉRIO, Taya Soledad. Definição dos transtornos de
aprendizagem. Programa de (re) habilitação cognitiva e novas tecnologias da
inteligência. 2003.
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