A Educação Infantil tem Promovido um Ambiente Alfabetizador
Significativo e Contextualizado?
Por: Alessandra Cardoso de Araujo
Palavras chaves: Educação Infantil, ambiente alfabetizador e letramento.
Na Educação Infantil a criança está frequentemente em contato com
variadas situações de comunicação que necessitam de mediação pela escrita e
dependendo da sociedade na qual está inserida, caso seja uma sociedade letrada,
já nasce em contato com a linguagem escrita, trazendo para a escola diversas
experiências com tal linguagem, ampliando assim seu repertório.
Diante disso, questionamos: Qual seria a importância na Educação
Infantil trabalhar a sequência de vogais, encontros vocálicos, cobrir
pontilhados, por exemplo? Se o foco é inserir a criança na cultura escrita e
nas funções sociais da leitura e da escrita, para que ela possa valorizar essa
cultura e se familiarizar com os diversos gêneros textuais.
PAPEL DA LINGUAGEM ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A primeira forma de comunicação é através do contato entre mãe e filho
ainda no útero, seguindo para a fase do choro, após nascimento, como forma de
comunicação.
Aos três anos a criança possui uma gramática internalizada onde constrói
frases regulares de forma experimental. Neste momento é adequado trabalhar a
reconstrução de fatos, histórias que darão sustentação a linguagem escrita.
Para que a linguagem escrita não seja prejudicada, devemos entender que há
pré-requisitos a serem trabalhados de forma que estimulem devidamente o aluno.
O papel da linguagem escrita nesta fase infantil é o de introduzir a
criança na sociedade que a cerca, onde apenas observar letras e representá-las,
de forma mecânica e descontextualizada, não desempenha nem um papel crítico nem
expressivo nas crianças. Elas devem ser ativas no processo de elaboração da
escrita, como se destaca a seguir:
O que muitos educadores ainda não perceberam é que determinadas práticas
pedagógicas além de atrofiar, menosprezam a capacidade das crianças. O
desenvolvimento da linguagem escrita deve nortear a magia em todos os momentos,
pois o ato do encantamento aos escritos incentivará a prática da escrita
autônoma. Vale salientar que a escrita espontânea, aquela em que a criança
escreve de acordo com suas hipóteses de escrita, descrita pela psicogênese da
língua escrita, promove a escrita autônoma. Visto que a criança reflete sobre a
escrita, favorecendo aHá crianças que ingressam na leitura por meio da magia
(uma magia cognitivamente desafiante) e crianças que entram na língua escrita
pelo treino de habilidades básicas. Em geral, as primeiras se tornam leitoras;
as outras têm um destino incerto, “[...]” não podemos reduzir as crianças a um
par de olhos que veem, um par de que escutam, a um aparelho fonador que emite
sons e uma m ã o que aperta com torpeza um lápis numa folha de papel. Por trás
dos olhos, dos ouvidos, do aparelho fonador e da mão, há um sujeito que pensa e
que tenta incorporar a seus próprios saberes esse maravilhoso meio de
representar e recriar a l íngua que é a escrita, todas as escritas (Ferreiro,
2002, p. 67).
Então, qual seria a importância na educação infantil de trabalhar a
sequência de vogais, de famílias silábicas, por exemplo? Se o foco é ampliar o
repertório da criança em relação à cultura letrada, por meio de textos diversos
e com sentido, textos que fazem parte do universo infantil, como: parlendas,
poesias, músicas, trava-línguas, quadrinhas, histórias, entre outros. Assim
estaremos potencializando os conhecimentos das crianças, estimulando a
aprendizagem de forma lúdica e prazerosa.
As salas de Educação Infantil precisam ser um convite ao mundo letrado,
possibilitando o contato com os diferentes portadores textuais, mas isso não
significa apenas cobrir as paredes com coisas escritas, pois isso por si só não
promove um comportamento leitor.
Como bem nos informa Soares (2004) a criança que ainda não se
alfabetizou, mas já folheia livros, finge lê-los, brinca de escrever, ouve
histórias que lhe são lidas, está rodeada de material escrito e percebe seu uso
e função. Essa criança é ainda “analfabeta”, por que não aprendeu a ler e a
escrever, mas já penetrou no mundo do letramento, já é de certa forma, letrada.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil, todas as tarefas que, tradicionalmente o professor realizava fora da
sala e na ausência das crianças, como preparar convites para reuniões de pais,
escrever uma carta para uma criança que está se ausentando, ler um bilhete
deixado pelo professor do outro período etc, podem ser partilhadas com as
crianças ou integrarem atividades de exposição dos diversos usos da escrita e
da leitura.
As escolas de Educação Infantil precisam promover esse ambiente
alfabetizador e de letramento, respeitando o ritmo e as habilidades de cada
faixa etária, fazendo uso de atividades desafiadoras, interatividade,
construções individuais e coletivas de histórias e tudo isso cercado de muita
ludicidade.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante ressaltar que para realizar um trabalho pedagógico eficaz
nessa faixa etária em relação ao desenvolvimento da leitura e da escrita faz-se
necessário entender e respeitar os limites e a faixa etária da criança fazendo
um elo de sua realidade para com o mundo letrado.
Por fim, fica a nossa contribuição, no intuito de que outros estudos
possam ser desenvolvidos de maneira que, em um futuro próximo se chegue a
conclusões mais significativas acerca da temática abordada, bem como, a
construção de projetos que visem implementar esse o ambiente alfabetizador e de
letramento em todas as escolas de Educação Infantil. Desta forma as crianças
terão a oportunidade de saírem da Educação Infantil, seduzidas por esse mundo
letrado.
Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil/Ministério
da Educação e do Desposto, Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília:
MEC/SEF, 1998. 3V.:il.
Edição comemorativa dos 20 anos de publicação
Cortez: 2002.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 2 ed. Belo Horizonte:
Autêntica, 2004.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente, O desenvolvimento dos
processos superiores, São Paulo: Martins Fontes, 1998.
1 Professora e Psicóloga, atuante como educadora de Primeiro ano,
concluinte do Curso de Psicologia pela UNIP e Pedagogia pela Universidade Aberta
à Vida – Unavida.
Fonte: http://www.brasilescola.com
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