WALLON: REPROVAR É SINÔNIMO DE EXPULSAR, NEGAR,
EXCLUIR
Wallon: “Reprovar é
sinônimo de expulsar, negar, excluir. É a própria negação do ensino”
quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o
movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa. Militante apaixonado
(tanto na política como na educação), dizia que reprovar é sinônimo de
expulsar, negar, excluir. Ou seja, “a própria negação do ensino”.
Afetividade
As emoções, para Wallon, têm papel preponderante no desenvolvimento da
pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades.
Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível,
mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino. As transformações
fisiológicas de uma criança (ou, nas palavras de Wallon, no seu sistema
neurovegetativo) revelam traços importantes de caráter e personalidade.
“A emoção é altamente orgânica, altera a respiração, os batimentos
cardíacos e até o tônus muscular, tem momentos de tensão e distensão que ajudam
o ser humano a se conhecer”, explica Heloysa Dantas, da Faculdade de Educação
da Universidade de São Paulo, estudiosa da obra de Wallon há 20 anos. Segundo
ela, a raiva, a alegria, o medo, a tristeza, a alegria e os sentimentos mais
profundos ganham função relevante na relação da criança com o meio. “A emoção
causa impacto no outro e tende a se propagar no meio social”, completa a pedagoga
Izabel Galvão, também da USP. Ela diz que a afetividade é um dos principais
elementos do desenvolvimento humano.
Movimento
Segundo a teoria de Wallon, as emoções dependem fundamentalmente da
organização dos espaços para se manifestarem. A motricidade, portanto, tem
caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento quanto por sua
representação. Por que, então, a disposição do espaço não pode ser diferente?
Não é o caso de quebrar a rigidez e a imobilidade adaptando a sala de aula para
que as crianças possam se movimentar mais? Mais que isso, que tipo de material
é disponibilizado para os alunos numa atividade lúdica ou pedagógica? Conforme
as idéias de Wallon, a escola infelizmente insiste em imobilizar a criança numa
carteira, limitando justamente a fluidez das emoções e do pensamento, tão
necessária para o desenvolvimento completo da pessoa.
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Inteligência
Estudos realizados por Wallon com crianças entre 6 e 9 anos mostram que
o desenvolvimento da inteligência depende essencialmente de como cada uma faz
as diferenciações com a realidade exterior. Primeiro porque, ao mesmo tempo,
suas idéias são lineares e se misturam — ocasionando um conflito permanente
entre dois mundos, o interior, povoado de sonhos e fantasias, e o real, cheio de
símbolos, códigos e valores sociais e culturais. Nesse conflito entre situações
antagônicas ganha sempre a criança. É na solução dos confrontos que a
inteligência evolui. Wallon diz que o sincretismo (mistura de idéias num mesmo
plano), bastante comum nessa fase, é fator determinante para o desenvolvimento
intelectual. Daí se estabelece um ciclo constante de boas e novas descobertas.
O eu e o outro
A construção do eu na teoria de Wallon depende essencialmente do outro.
Seja para ser referência, seja para ser negado. Principalmente a partir do
instante em que a criança começa a viver a chamada crise de oposição, em que a
negação do outro funciona como uma espécie de instrumento de descoberta de si
própria. Isso se dá aos 3 anos de idade, a hora de saber que “eu” sou.
“Manipulação (agredir ou se jogar no chão para alcançar o objetivo), sedução
(fazer chantagem emocional com pais e professores) e imitação do outro são
características comuns nessa fase”, diz a professora Angela Bretas, da Escola
de Educação Física da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. “Até mesmo a
dor, o ódio e o sofrimento são elementos estimuladores da construção do eu”,
emenda Heloysa Dantas. Isso justifica o espírito crítico da teoria walloniana
aos modelos convencionais de educação.
Wallon considera a pessoa como um todo. Afetividade, emoções, movimento
e espaço físico se encontram num mesmo planowallon na escola: humanizar a inteligência
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