Universidade Federal do
Tocantins
Curso de Pós - Graduação em Gestão Escolar
Leila
Curcino Alves
PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO:
Um olhar diferenciado para a educação do
campo
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, que segundo a
legislação brasileira e regulação específica da universidade, constitui-se em
quesito parcial obrigatório à conclusão do Curso de Pós- Graduação Lato-Sensu em Gestão de Escolar,
desenvolvido pela Universidade Federal to Tocantins, sob orientação da Profa.
Especialista Evania D’arc Fonseca Aires Paranhos e Profª. Ma. Klívia de Cássia Silva Nunes.
Rio Sono - To
2010
AGRADECIMENTOS
Ø A gratidão maior com toda expressão
do meu coração ao meu Deus, pela concessão da vida, pelas grandes bênçãos e por
capacitar-me a chegar onde cheguei. Glórias, pois a Ele;
Ø Aos meus queridos pais, que se
alegram com a minha vitória;
Ø Às minhas irmãs, irmãos, cunhadas e
cunhados, pela preocupação constante com o meu sucesso e que, de um jeito ou de
outro, dava-me palavras de incentivo para vencer esta etapa;
Ø Aos queridos mestres, pela riqueza de
sabedoria e conhecimentos que, sem dúvida, contribuíram grandemente para minha
formação;
PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO: Um olhar
diferenciado para a educação do campo
Evania D’arc Fonseca Aires Paranhos [2]
Resumo
O presente artigo evidência uma
reflexão sobre a reestruturação do Projeto Político Pedagógico da Escola
Municipal Bernardo Guimarães, conforme a realidade da educação no campo,
envolvendo os diversos agentes que fazem parte da realidade escolar como: pais,
alunos e comunidade escolar. Considerando como ponto fundamental à compreensão
de que a escola deve possuir uma identidade própria que se constitui sob a
influência dessa realidade local. Tendo em vista que a educação no campo
precisa de um trabalho mais abrangente para que possa convergir rumo à
concretização da escola autônoma. Este trabalho tem como embasamento teórico os
autores: Damasceno (2006), que encontrei algumas discussões sobre a realidade
da educação rural, Ilma Passos (1995) discute a construção do projeto político
pedagógico e Moacir Gadotti (1994) as
discussões dos pressupostos do projeto pedagógico. Como procedimentos
metodológicos foram realizados reuniões com os servidores, pais e alunos da
escola aplicaram - se questionários como instrumento de coleta de dados, pelo
fato de ser pesquisa de campo e bibliográfica. Conclui-se que o processo de
reestruturação do PPP se faz necessário pela implantação de uma proposta
pedagógica de acordo com a realidade de Unidade de Ensino situada no meio rural.
Palavras Chave: Projeto Político
Pedagógico. Reestruturação. Educação do campo.
1.
INTRODUÇÃO
A escola tem como
objetivo estimular e desenvolver a cidadania e proporcionar a sua comunidade
estudantil, situações em que tenham oportunidades de adquirir valores e
conhecimentos básicos para viver em sociedade. Deve ter atitudes e habilidades
necessárias para que cada aluno possa vir a participar plena e efetivamente da
vida política, econômica e social do país.
Para realizar essa função
social, é preciso propor situações em que os educandos possam participar de
projetos coletivos de interesse da escola e da comunidade, exercitar-se na
autonomia de uma convivência social saudável, expressar livremente suas idéias
e opiniões, aprender a ouvir e debater, estabelecendo com isso uma atitude para
com o saber e o conhecimento que eleve o desejo de querer aprender sempre mais.
O presente artigo é em
suma do relato dos resultados e das dificuldades vivenciadas na pesquisa de
campo, pois foi no espaço geográfico da zona rural, que se viveram às
experiências, relembrar esse fato possibilita dizer que faltava (e ainda falta)
infra-estrutura e/ou preocupação com a qualificação dos educadores e educandos
que viviam (vivem) na zona rural, acredita-se que a escola Municipal Bernardo
Guimarães buscou através de um olhar e um tratamento diferenciado, o envolvimento
dos diversos membros que fazem parte da rotina da instituição e da comunidade
local, que foi essencial para a reelaboração do Projeto Político Pedagógico, que
é considerado a identidade da escola por isso precisa ser realizado por aqueles
que convivem e conhecem todos os problemas e fraquezas dela, buscou-se discutir
e analisar as melhores respostas para os diversos questionamentos que surgiu
dentro do grupo nas reuniões realizadas, esse processo de reconstrução deverá
sempre ser revisto, pois o sistema educacional e as ações da escola estão em
constantes mudanças que são vistas sempre de forma positiva pelos que nela
estão inseridos.
A pesquisa foi realizada
por etapas: a primeira foi à fase das reuniões de sensibilização, após as coletas
de dados através dos questionários aplicados e conseqüentemente a reelaboração
do artigo científico e execução das novas ações necessárias para a construção
coletiva de uma escola que é desafiada a incluir todos em todo o tempo. Neste
sentido a atuação do gestor democrático é fundamental, como mediador e
facilitador do processo levando-o a modificar, aperfeiçoar e construir novos
instrumentos de ação e interpretação na reestruturação do projeto político pedagógico
da Escola.
Os relatos mencionados
descrevem como ocorreram as atividades relacionadas a essas etapas, e mostram o
quanto foi importante para a escola após esta pesquisa.
2.
O REAL CONTEXTO DE EDUCAÇÃO DO CAMPO
E O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
Sabe-se das diferenças de realidades
que envolvem a zona rural e urbana, e infelizmente no Município de Rio Sono em
especial a Escola Municipal Bernardo Guimarães ainda não existe políticas
públicas voltadas para educação desta escola.
Foi nos estudos de Damasceno
(2006) que encontrou – se algumas discussões sobre a realidade da educação
rural. Entretanto, é importante salientar que esses estudos são referentes ao
período de 1980 a
1990. De acordo com a autora, não existem muitos estudos divulgados sobre a
educação rural, fato que ela explica através de alguns fatores tais como: 1) A
sociedade capitalista e seus interesses em que as políticas são definidas em
função do poder de barganha dos setores economicamente envolvidos e não pelo
percentual das necessidades de certos grupos ou classes; 2) O preconceito
contribui para que a educação rural seja negligenciada devido ao valor que a
ela é relegada, ou seja, o trabalhador rural não tem necessidade de estudo; 3)
A questão geográfica, pois realizar pesquisas na zona rural demanda
investimentos mais onerosos se comparados com pesquisas que são desenvolvidas
na zona urbana, pois aqui os acessos aos meios de comunicação e transporte são
facilitados pela infra-estrutura. Fatores como esses ajudam a deixar no
esquecimento a educação em escolas do campo e, conseqüentemente, não chama a
atenção do governo para a importância de investimentos nesse setor. Porém, ao
analisar os conteúdos das publicações existentes, a autora expressa que é
visível as mudanças ocorridas em relação às políticas públicas para a educação
rural, baseada nas mudanças sociais que vêm ocorrendo na sociedade em geral.
Nessa direção foi assumido um compromisso nas Diretrizes
Operacionais para a Educação Básica na escola do campo, aprovadas pela
Resolução CNE/CEB nº1, de 3 de abril de 2002. Cabe salientar que a sua
implementação foi uma reivindicação histórica dos movimentos sociais do campo,
e suas orientações referem-se às responsabilidades dos diversos sistemas de
ensino com o atendimento escolar. Da Resolução acima citada retirou-se o
seguinte trecho, a relevância do olhar na educação do campo:
E,
neste ponto, o que está em jogo é definir, em primeiro lugar, aquilo no qual se
pretende ser incluído, respeitando-se a diversidade e acolhendo as diferenças
sem transformá-las em
desigualdades. A discussão da temática tem a ver, neste
particular, com a cidadania e a democracia, no âmbito de um projeto de
desenvolvimento em que as pessoas se inscrevem como sujeitos de direito. Assim,
a decisão de propor diretrizes operacionais para a educação básica do campo
supõe em primeiro lugar a identificação de um modo próprio de vida social e de
utilização do espaço, delimitando o que é rural e urbano sem perder de vista o
nacional. (CNE/CEB, 2001:18)
O que se pode perceber, é
que poderá derivar da integração escola/campo princípios de um novo fazer
pedagógico que envolva os educadores e educandos com as experiências cotidianas
vividas em seu contexto de origem, seus valores e sua realidade. Apesar das conquistas legais para a educação
do campo, percebe-se ainda a falta de compromisso por parte de alguns
governantes com essa realidade. Sabe-se, porém, que o compromisso com a
educação não tem apenas um fator determinante, mas é um problema político,
social e econômico.
A reestruturação do Projeto Político
Pedagógico da Escola Municipal Bernardo Guimarães foi planejada com ações
relevantes e com grandes chances de serem realizadas, pois o projeto será empregado
na busca de grandes melhorias para esta escola. Para Gadotti:
Todo
projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar
significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um
período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da promessa
que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto
educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As
promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores
e autores. (GADOTTI, 1994, p.579).
Seguindo o pensamento de
Gadotti, a consolidação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº
9394/96, em seu artigo 12, inciso I, Prevê que, “os estabelecimentos de ensino,
respeitados as normas comuns e as do seu sistema de ensino, tem a incumbência
de elaborar e executar sua proposta pedagógica”, deixando explicita a idéia de
que a escola não pode prescindir das reflexões sobre sua intencionalidade
educativa. Assim sendo, o projeto pedagógico passou a ser objeto prioritário de
estudos e de muita discussão sendo construído com a participação de todos os
profissionais da instituição.
Entende-se então, que o
PPP é uma forma concreta de planejar a organização da escola evidenciando
assim, os interesses, desejos e propostas dos educadores e educandos, sendo um
importante caminho para a construção da instituição, pois é um instrumento
eficiente para a transformação da realidade da escola. Conforme a posição de
Veiga, que afirma a intencionalidade do PPP:
Projeto Político Pedagógico é uma ação
intencional. É político no sentido de compromisso da formação do cidadão para
um tipo de sociedade. É pedagógico no sentido de definir as ações educativas e
as características necessárias das escolas de cumprirem seus propósitos e sua
intencionalidade (VEIGA, 1995, p.13).
Desta forma a dimensão
política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática
especificamente pedagógica. A construção
do Projeto Político Pedagógico é então de fundamental importância, pois ele é a
concretização da identidade da escola e do oferecimento de garantias para um
ensino de qualidade.
É previsto, dentro das
normas de elaboração e consolidação do PPP, instaurar uma forma de reelaboração, execução
e reorganização do trabalho pedagógico.
Evidentemente faz-se necessário a participação ativa do gestor escolar, juntamente com todos os protagonistas da escola e
comunidade local, pois são parte integrantes desse processo educativo,
pois sem dúvida, contribuirá para que a escola consiga chegar ao seu objetivo.
3.
UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A ESCOLA:
reconhecimento de sua identidade
Esta escola começou a
funcionar em 1986, com o nome Bernardo Guimarães na Fazenda Santa Rita, região
de Canjarana Município de Rio Sono To. Após foi transferida para Rio Sono,
permaneceu por dois anos, ficou paralisada num período de três anos por não ter
demanda suficiente para seu funcionamento, em 1992, foi transferida para
Fazenda Grota Azul onde passou a funcionar normalmente. Em 1995 foi transferida
para o Povoado Brejo Fundo onde funciona em sua sede própria apenas com a
primeira fase. Em 2004 foi implantado gradativamente o ensino fundamental
segunda fase. Em 2006 com aumento do número de alunos a escola passou por
reformas nos pavilhões, onde construiu sala de professores, um banheiro para
funcionários, mais duas salas de aula. Contamos atualmente com seis salas de
aula, mini biblioteca, sala de direção, secretaria, cantina dois depósitos e
sanitário masculino e feminino, sua área é toda murada. Em 2007 implantou-se uma tele-sala de nível
superior pela Educon/Unitins. Pretende-se para o ano de 2010/2011 uma reforma
geral na escola, construção de uma biblioteca, mais duas salas de aula, um
laboratório de informática e ampliação na sala da direção e secretaria.
A Escola municipal
Bernardo Guimarães está regulamentada pela Lei 16A/86, de 01.04.1986.
Identificada pelo código do INEP Nº 17031656, localizada na Av. Brejo Fundo s/n
Povoado Brejo Fundo Zona Rural a 51
km da sede do Município de Rio Sono, situado na região
norte, a leste do Estado do Tocantins, sendo seu clima tropical. Limita – se
entre as cidades de Rio Sono e Novo Acordo, com rodovias em condições de
tráfego precárias. Este povoado está cercado por dois riachos: Brejo Fundo e
Riacho de Areia, esta comunidade ainda está em fase de construção. A demanda
escolar em Brejo Fundo
é atendida apenas por esta escola, por ser um local iniciante recebemos alunos
inclusive de outros municípios. A agricultura, o comércio e a pecuária formam a
base da economia deste povoado. A população brejofundense é alegre, apesar da
condição sócia - econômica se constituir de classe media/baixa.
As
modalidades oferecidas pela escola citada são: Duas turmas do ABC da cidadania,
Pré-escolar, (Ensino Fundamental (1ª e 2ª Fase) e Ensino Médio (Curso Médio
Básico do Programa “Direito de Aprender”), PARECER/ SEDUC/ COEME/ N° 074/2004.
No qual esta modalidade é uma extensão do Colégio Estadual de Rio Sono e está
sendo desenvolvido nesta escola. Estas Modalidades estão distribuídas nos três
turnos, atendendo aproximadamente 350 alunos, distribuídos em 18 turmas. A escola atende a uma clientela com idades de
04 a 65
anos de idade, distribuídos nos períodos matutino, vespertino e noturno. Os 350
alunos estão divididos em: Turno matutino, sete turmas pré - escolar e ensino
fundamental 1ª fase 140 alunos. No turno vespertino ensino fundamental 2ª fase,
cinco turmas com 110 alunos. No turno noturno ensino Médio três turmas com 70
alunos e duas turmas da Modalidade Brasil Alfabetizado 30 alunos, todos são
pertencentes à zona rural do Município de Rio Sono.
O quadro funcional administrativo da escola,
possui um total de 34 funcionários e está distribuído da seguinte forma: 01
Diretor com curso Superior em Pedagogia e Pós-Graduação em Orientação Educacional ,
01 Secretário formado em Pedagogia, 02 Coordenadores Pedagógicos formadas em
pedagogia, 01 Coordenadora de Apoio, formada em Letras, 01 Bibliotecária, graduada em Letras, 01 Assistente de
Secretária, 05 Auxiliares de Serviços Gerais, 04 Merendeiras e 02 Vigias.O
corpo docente é composto por 16 professores, todos com Ensino Superior
completo, com este quadro de professores, a escola supre todas as necessidades
no que se refere ao corpo docente.
A Escola Municipal
Bernardo Guimarães, até 2008, não tinha um PPP sistematizado, suas ações eram
elaboradas conforme o calendário regional que não condizia com a realidade de
uma escola do campo, com isso trazia conseqüências na freqüência e no
aprendizado dos alunos. Como diz Veiga 1995, p 12 ”Nesta perspectiva, o Projeto
Político Pedagógico vai além de um simples argumento de planos de ensino e de
atividades diversas”. Para Veiga, o PPP não está centrado em um amontoado de
palavras argumentativas, mas sim, em um veículo norteador de toda base de
ensino da Instituição para qual ele foi elaborado.
4. DA TEORIA À PRÁTICA NA REESTRUTURAÇÃO DO PPP: pesquisa de campo
Diante dessa análise a equipe gestora organizou vários momentos de
participação com todos os autores do cotidiano escolar e comunidade local para reelaboração do PPP de maneira coletiva e
democrática, com o objetivo de buscar uma identidade real, evidenciando um
olhar diferenciado a realidade desta escola do campo, esta reelaboração foi com
base na proposta pedagógica, referencial curricular e no calendário próprio com
as devidas alterações como escola do campo, foi um planejamento flexível, pois poderão
sofrer variações devidas os diversos fatores, desde o nível de aprendizado até
o tempo disponível.
O Projeto Político Pedagógico é uma atribuição legal conferida a escola
pela lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 para os
estabelecimentos de ensino, ampliando o papel da escola diante da sociedade e
colocando-a como centro de atenção das políticas educacionais mais gerais.
Ainda sugere o fortalecimento da sua autonomia, delegando aos que fazem à
escola (comunidade interna e externa) a tarefa da reelaboração do projeto
político-pedagógico. Nos seus artigos 12 e 13 regulamenta a participação dos
docentes na elaboração da proposta pedagógica das instituições as quais fazem parte.
Dando continuidade em seu
Art. 14 assegura aos sistemas de ensino a autonomia de
sistematização dos seus Projetos Pedagógicos, assim exposto na lei:
Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do
ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e
conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da
educação na elaboração do projeto pedagógico da escola (LDB 9.394/96 Art. 12, 13,14).
Portanto
seguindo esta linha, para o cumprimento ao disposto
instituído nesta lei, procurou oficializar sua concepção de educação e
conseqüentemente de cidadão a ser formado, para a sociedade atual. Dentro deste
contexto sistematizou a reelaboração do seu Projeto Político Pedagógico, com
ações necessárias para a melhoria da instituição bem como uma melhor
organização do trabalho pedagógico e administrativo evidenciando através dessas
ações uma escola do campo.
Primeiramente
organizou-se uma reunião com a equipe pedagógica e administrativa da escola e o
conselho escolar para exposição da necessidade da reelaboração com a
argumentação de que nossa visão de mundo sempre muda e que nossas ações
precisam ser sempre revistas. Foi apresentado o projeto já elaborado e como a
equipe precisa se empenhar para reelaborar esse PPP. Expondo a necessidade
desse projeto para a melhoria da nossa escola e que ele será a alma da
instituição, pois expressa o pensamento e os anseios coletivos de toda uma
equipe, uma vez que, tudo que é feito em equipe acaba definindo a visão de todos
democraticamente e conseqüentemente se tem um resultado positivo.
Para operacionalizar as
atividades, optou pelos questionários, que foram direcionados aos servidores,
alunos e pais. Como metodologia de aplicação dos questionários se deu da
seguinte forma: Aos professores foram aplicados no momento do planejamento, aos
servidores através de reuniões. A estratégia de
leitura e análise de cada passo do PPP construído em anos anteriores, desde o
seu marco referencial teórico, aos planos de ação de cada uma das dimensões da
escola como: Plano de trabalho da gestão, plano da coordenação pedagógica e de
apoio. Por ocasião dessa leitura e análise do PPP existente, os aspectos que
não atendiam as demandas atuais da comunidade foram reestruturados.
A revista
gestão em rede, nesse sentido aborda
que:
A escola, na qual as
famílias se integram, tem uma tradição e um presente que garantem a
concretização de esperanças. A experiência tem mostrado ao longo do tempo que
sistemas educacionais que deram certo, e continuam dando certo, são aqueles que
os pais participam da educação de seus filhos. Esta participação redunda
qualidade educativa da escola. (REVISTA GESTÃO EM REDE, agosto de 2005, p. 12).
Certamente os
pais precisam perceber a importância de sua participação no processo de
aprendizagem dos filhos. Conscientizá-los, por exemplo, de que o binômio
família-comunidade é importante para manter um bom relacionamento com a escola,
e não se restringe apenas a reclamações que dizem respeito ao comportamento dos
alunos. Mas, o que se observa, é que a comunidade não se deu conta ainda da
importância da escola como fator de transformação do ser humano e da sociedade.
Quanto à
participação da família no cotidiano escolar percebeu-se dificuldades devido à
maioria dos pais residirem nas fazendas não tendo assim a oportunidade de
acompanhar seus filhos com mais freqüência, por essa razão a participação dos
pais e comunidade em geral nesse processo de reelaboração acabou sendo um pouco
complicado, pois a adequação de horário para as reuniões nem sempre coincidia
com o horário disponível dos pais, pois muitos alegam que o trabalho acaba
sendo um grande empecilho para a participação nas reuniões e conseqüentemente
na vida escolar dos filhos. Neste sentido
Foi entregue
na reunião de pais questionários para um público em média de 40% dos pais, onde
estavam contidos informações e questionamentos aos mesmos sobre o conhecimento
da realidade da nossa clientela e como os pais viam a instituição e que modelo
de escola eles gostariam para seus filhos, na visão de pais o que impossibilita
na participação da vida estudantil dos filhos na ocasião foi explicado o
objetivo do questionário e da proposta da reelaboração do PPP, bem como sua
importância para a melhoria da nossa escola. À medida que os questionários eram
retornados à escola foi feito um levantamento de dados da seguinte forma:
Foi visível dentre os pais presentes que existem famílias
predominantes do tipo pai e mãe 45%. Foi questionado que 70,3% do número de
pessoas na família variam de 02
a 15, das famílias pesquisadas a maioria informal e os
demais são formados por humildes trabalhadores rurais sonhadores no que se
refere a um futuro promissor aos filhos e aos demais membros da família,
percebeu que mesmo diante de tantas dificuldades com o trabalho rural são
poucos que desistem dos estudos. No que se refere á formação escolar dos pais,
constatou que existe desde não alfabetizados a graduados, prevalecendo à
maioria com ensino fundamental incompleto.
A
participação dos alunos na reelaboração do PPP se deu através de conversas e
reuniões em sala de aula por turma, onde foi aplicado questionário sobre a
visão do aluno sobre a instituição e que seria necessário mudar ou para haver
uma melhoria na escola como um todo. Foi aplicado um questionário
sócio-econômico, individualmente com o objetivo de conhecer a realidade
dos alunos para assim poder trabalhar de forma mais direcionada. Constatou que
60% deste alunado são constituídos de classe menos favorecida, 65% são
participativos e 70% têm bom grau de sociabilidade esportiva cultural e de
lazer.
Ao verificar
individualmente as fichas de matrículas dos alunos percebeu que a clientela
desta unidade escolar é bastante diversificada, constituindo – se basicamente
por filhos de pequenos agricultores e funcionários públicos, podemos detectar alguns
alunos carentes e com pouco preparo.
Acreditando no
pressuposto de que “a educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é
transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a
significação dos significados” (FREIRE,1977, p. 69) a educação como prática de
liberdade será conseqüência do processo educativo. Paulo freire nos diz isto
muito bem: devemos assumir o papel de educadores democráticos e ousados,
desenvolvendo em nossa prática educativa atitudes que reforcem a curiosidade e
capacidade crítica dos alunos. Segundo os arquivos
contidos na secretaria da escola os
índices de faltas não justificadas é de 20% no total e justificadas é de 50%
dos alunos do sexo masculino e 30% sexo
feminino se ausentam da escola para colaborarem com os pais na época de plantio
e colheita, ocasionando 25% de baixo desempenho na aprendizagem e 19% de
repetência referente ao ano de 2008, considera-se alto esses índices, pois
constatou-se que o PPP do ano de 2008, não existia ações voltadas a está
repondo este déficit, apesar da recuperação paralela existente bimestralmente. Percebeu ainda que o
estudo seja limitado quase que exclusivamente a escola, cabendo a esta o
importante papel de orientar o aluno a aprender a ser estudante, aprender a
conviver com outros estudantes e professores e fazer aquilo que é proposto, com
a melhor qualidade possível.
O nível de
disciplina dos alunos é considerado bom, pois existe aluno menor responsável
por si mesmo e que responde positivamente quando é chamado atenção por algum
motivo. Na segunda reunião com a equipe de sistematização do PPP, pontuamos
situações prioritárias que na ocasião exigia mudanças em algumas ações. Para os
professores e a coordenadora pedagógica foi feito as seguintes interrogações: o recurso didático da
escola é suficiente e está adequada a realidade, as horas destinadas para o
planejamento é suficiente, se os professores trocam idéias entre se, procuram
saber o que o aluno aprendeu no ano anterior e se considera e ouve a opiniões e
sugestões dos alunos.
Após esses
esclarecimentos através do diagnóstico levantado percebeu-se que o trabalho
coletivo apesar de ser vantajoso para a reconstrução do PPP da escola, não é
tarefa fácil, pois nas reuniões de pais, professores, alunos, certamente todos
possuem conhecimentos, idéias e valores diferentes que podem gerar conflitos.
Por esses conflitos já se
esperava que fosse surgir, mas foram contornados e substituídos pelo
comprometimento e o compartilhar de responsabilidade de maneira que a escola
foi toda envolvida na construção do PPP e foi possível desta forma alcançar o
desenvolvimento pleno das atividades, a partir daí foi possível viabilizar a
sensibilização da comunidade escolar e geral para a necessidade da reconstrução
do projeto político pedagógico. Nesse viés, a escola, aberta para toda
comunidade, sem discriminação, tende a ser um estimulo para o enriquecimento
das relações entre professores e alunos, pais e professores, filhos e pais, entre
si, equipe gestora e comunidade local.
Após as ações do PPP o planejamento passou a ser no mesmo horário, onde todos
os professores e coordenadores trabalham em equipe trocam sugestões e interagem
com os colegas dos horários oposto. Ouve reclamações quanto a precariedade do
material pedagógico e didático.
Em relação à avaliação os docentes
relataram que sentem dificuldade de avaliar os alunos devido o quantitativo de
faltas, principalmente na época do plantio e colheita. As análises de dados
realizadas das respostas dos professores e equipe diretiva fez-se uma
comparação do ensino-aprendizagem em relação aos últimos anos 2008, 2009, e
concluiu-se que os resultados tem sido favorável e animador, pois tem tido um
crescimento elevado no índice de aprendizagem dos alunos, principalmente no ano
de 2009, com a implantação da proposta pedagógica voltada para educação no
campo com projetos educacionais adequado ao calendário agrícola, onde foi
possível contemplar todas as dimensões da escola. Os recursos físicos e
materiais para melhor desenvolvimento das atividades percebeu-se a necessidade
de uma biblioteca com mais acervos bibliográficos, quadra de esportes para as
aulas de educação física, auditório para reuniões e outros eventos, também uma
sala para laboratório de informática, cobertura da passarela até o portão
principal, tudo voltado para a melhoria de nossos serviços educacionais,
buscando desta forma, tornar uma escola mais prazerosa.
A partir dessas reflexões acerca da
revisão do PPP propõem novos caminhos para uma escola diferente, onde todas as
questões relativas ao fazer pedagógico e suas conexões com o currículo,
conhecimento e com a função social da escola, para que venham de encontro com
os anseios da comunidade escolar.
O último encontro foi destinado para a
socialização do diagnóstico levantado anteriormente como também analisar as
novas ações do trabalho de reelaboração do PPP da escola aconteceu no dia Na
ocasião, grande parte dos agentes da escola esteve presente e participaram
efetivamente dos trabalhos. A revista gestão em rede enfoca esta importância do
coletivo da seguinte forma: “A construção de um projeto educativo coletivo
constitui a identidade de cada escola e é, sem dúvida, o instrumento primordial
que permite uma gestão democrática” (REVISTA GESTÃO EM REDE, agosto de 2005, p.
14). Esse aspecto assume um caráter definitivo, quando se pensa na melhoria da
educação e, conseqüentemente, da sociedade em que vivemos.
Fizeram parte
do momento de conclusão dos trabalhos 90% dos servidores, além de contarmos
sempre com representantes de pais e da comunidade através dos membros do
conselho escolar.
A reflexão sobre a organização da escola não é algo
acabado, mas produto de relações e praticas social. Neste sentido a Escola
Municipal Bernardo Guimarães precisou ter flexibilidade e diversificação de
estratégias, para uma participação efetiva na reconstrução do seu PPP. Ao
desenvolver ações, encontros e desencontros. Há consciência de que o PPP não
está acabado. Entretanto a escola se sente vitoriosa com a conquista adquirida neste
processo, apesar de todas as dificuldades, o saldo foi positivo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Envolver a
comunidade escolar e local se tornou um grande desafio, pois a grande maioria
ainda não se sentia capaz ou mesmo responsável por esse processo, no qual foram
conscientizados sobre a grande importância, através de encontros, ouvimos os
anseios dos pais, alunos, funcionários professores, equipe administrativa e
comunidade local através de entrevistas, reuniões objetivando a melhoria da
qualidade dos serviços prestados à comunidade com base na realidade escolar.
Foi preciso entender que o Projeto Político Pedagógico da escola é como uma
reflexão de seu cotidiano. Para tanto, precisa de um tempo razoável de reflexão
e ação, para se ter um mínimo necessário a consolidação de sua proposta.
Por meio da
reflexão feita, percebemos que a reconstrução do Projeto Político Pedagógico da
escola não é uma tarefa fácil. Pelo contrário, trata-se de um processo complexo
com diversos enfrentamentos de ordem individual no que se refere a situações
pessoais e profissionais, como também os interesses coletivos. Onde é
extremamente necessária a atuação de uma equipe gestora, capaz de articular bem
todo o processo, envolvendo todos os agentes da escola e a comunidade local.
Percebeu ainda, que é uma construção fundamental e necessária ao bom andamento
da escola e o mais importante é possível e faz parte do cumprimento da
legislação educacional vigente.
O PPP da Escola Municipal Bernardo
Guimarães será um projeto que se renovará constantemente, na teoria e na
pratica, sempre buscando novas idéias, propostas e realizações, rompendo com
suas formas hierárquicas, mas baseando-se no respeito, na autonomia e na
responsabilidade.
ABSTRACT
This article highlights a debate on restructuring the Pedagogical Political Project of the School Bernardo Guimarães, as the reality of education in the field, involving the various agents that are part of the reality of school as parents, students and school community. Considering how fundamental point to understand that the school should have its own identity that is under the influence of local reality. Considering that education in the field needs a more comprehensive so that it can converge towards achieving the school unattended. This work is theoretical Authors: Damasceno (2006), I found some discussions about the reality of rural education, Ilma Passos (1995) discusses the construction of the political and pedagogical Moacir Gadotti (1994) discussion of the pedagogical assumptions . The methodological procedures were conducted meetings with the officers, parents and students the school has implemented - the questionnaire as a tool for data collection, because it is field research and literature. It is concluded that the restructuring process of the PPP is required by the implementation of a pedagogical proposal in accordance with the reality of Teaching Unit located in rural areas.
Keywords: Pedagogical Political Project. Restructuring. Rural education
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Lei da Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. No
9394, de 20 de Dezembro, 1996.
DAMASCENO,
Maria N. e BESERRA, Bernadete. Estudos
sobre a educação rural no Brasil: estado da arte e perspectivas. Disponível
em: http://www.scielo.br acessado em 28/05/2010.
GADOTTI, Moacir. ”Pressupostos do projeto
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[1] Pedagoga e especialista em orientação educacional
[2] Professora Orientadora, servidora pública estadual,
graduada em geografia e pedagogia, especialista em saúde pública e
psicopedagoga.
[3] Professora Orientadora, servidora pública da rede
estadual, graduada em pedagogia, especialista em gestão educacional e mestrado
em educação.
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