domingo, 19 de fevereiro de 2017

História de vida desperta vocação de futuros pedagogos
Rodrigo Zavala

Em 2001, quando foi convidada pelo Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, para dar aulas de história da educação para estudantes de segundo ano de pedagogia, a mestre em educação Margarete Rosito não imaginava que seria tão difícil. Ela lembra que, em um par de meses, começou a perceber o rosto de interrogação de seus estudantes, como se dissessem "professora, não estamos entendendo nada".


A impressão de fracasso, como a própria educadora recorda, a motivou a desenvolver um novo trabalho coletivo, que reformulasse sua prática e unisse os estudantes em grupos de aprendizado. A saída encontrada por ela foi a de incorporar as histórias de vida ao processo de aprendizado de sua disciplina.
De forma analógica ao currículo de sua prática, estimulou a produção de imagens interpretativas dos períodos educativos de seus alunos, fossem eles da infância ou da juventude. "Paulo Freyre dizia que só um sujeito transformado é capaz de transformar. Era isso que eu buscava", lembrou ao Aprendiz, durante o II Congresso Mundial de Transdisciplinaridade.
Os 42 universitários passaram então a recriar sua linha de vida, encontrando os momentos mais cruciais de sua formação. "Eram suas vivências que desencadeariam a busca pelas matrizes pedagógicas. Estas seriam usadas por eles para entender os processos de auto-conhecimento e ensino".
No fim do processo, cada participante deveria resumir esse trabalho em uma imagem, com o qual seria criada uma colcha de retalhos. Essa atividade, segundo a educadora, desencadeou um processo de conhecimento coletivo. "Achei incrível como perceberam semelhanças em suas histórias. Perceberam o pouco que nos conhecíamos em dois anos estudando juntos", lembra.

No entanto, uma parte importante de todo o trabalho foi a recriação participativa do currículo, demonstrando uma forma prática de trabalhar com conceitos da transdisciplinaridade. "Eles devem entender o coletivo pela individualidade, sem esmagar a individualidade do outro. As vivências e experiências pessoais devem ser trabalhadas ao máximo".

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