História de vida desperta vocação de futuros pedagogos
Rodrigo Zavala
Em 2001, quando
foi convidada pelo Centro Universitário São Camilo, em São Paulo , para dar
aulas de história da educação para estudantes de segundo ano de pedagogia, a
mestre em
educação Margarete Rosito não imaginava que seria tão
difícil. Ela lembra que, em um par de meses, começou a perceber o rosto de
interrogação de seus estudantes, como se dissessem "professora, não
estamos entendendo nada".
A impressão de
fracasso, como a própria educadora recorda, a motivou a desenvolver um novo
trabalho coletivo, que reformulasse sua prática e unisse os estudantes em
grupos de aprendizado. A saída encontrada por ela foi a de incorporar as
histórias de vida ao processo de aprendizado de sua disciplina.
De forma
analógica ao currículo de sua prática, estimulou a produção de imagens
interpretativas dos períodos educativos de seus alunos, fossem eles da infância
ou da juventude. "Paulo Freyre dizia que só um sujeito transformado é
capaz de transformar. Era isso que eu buscava", lembrou ao Aprendiz,
durante o II Congresso Mundial de Transdisciplinaridade.
Os 42
universitários passaram então a recriar sua linha de vida, encontrando os
momentos mais cruciais de sua formação. "Eram suas vivências que desencadeariam
a busca pelas matrizes pedagógicas. Estas seriam usadas por eles para entender
os processos de auto-conhecimento e ensino".
No fim do
processo, cada participante deveria resumir esse trabalho em uma imagem, com o
qual seria criada uma colcha de retalhos. Essa atividade, segundo a educadora,
desencadeou um processo de conhecimento coletivo. "Achei incrível como
perceberam semelhanças em suas histórias. Perceberam o pouco que nos
conhecíamos em dois anos estudando juntos", lembra.
No entanto, uma
parte importante de todo o trabalho foi a recriação participativa do currículo,
demonstrando uma forma prática de trabalhar com conceitos da
transdisciplinaridade. "Eles devem entender o coletivo pela
individualidade, sem esmagar a individualidade do outro. As vivências e
experiências pessoais devem ser trabalhadas ao máximo".
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