segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

As Bem-Aventuranças do Educador

A. Felizes os Educadores

que tomam consciência do conflito social em que estão metidos

e nele tomam partido pelo projeto social dos empobrecidos

porque assim contribuirão para a transformação da sociedade.

B. Infelizes os Educadores

que imaginam que a ação educativa é politicamente neutra

porque acabam transformando a educação num instrumento de ocultação

das contradições da realidade social

e de reprodução da ideologia e das relações sociais vigentes.

A. Felizes os Educadores

que sabem articular o saber chamado científico com o saber popular

porque ajudarão as classes populares a afirmar sua identidade cultural.

B. Infelizes os Educadores

que transmitem mecanicamente um saber elitista

porque contribuem para reforçar a marginalização

e a dominação cultural do povo.

A. Felizes os Educadores

que aprendem a dialogar com os educandos

porque resgatam a comunicação pedagógica criadora no processo educativo.

B. Infelizes os Educadores

que impedem os educandos de dizerem sua palavra,

porque estão reproduzindo a educação do colonizador.

A. Felizes os Educadores

que se tornam competentes em suas "disciplinas"

ensinando a "desopacizar" ideologicamente seus conteúdos

porque ajudarão os educandos a se apropriarem do saber

como ferramenta de luta na defesa e afirmação de sua dignidade.

B. Infelizes os Educadores

que não se esforçam para ser criticamente competentes

porque enfraquecerão mais ainda o poder cultural das classes oprimidas

reforçando o autoritarismo cultural das classes dominantes.

A. Felizes os Educadores

que procuram se organizar para conquistar

melhores salários e melhores condições de ensino

porque estão ajudando a conquistar a educação a que o povo tem direito.

B. Infelizes os Educadores

que atuam isoladamente, buscando apenas seus próprios interesses

porque deixarão de contribuir para a conquista de uma escola digna.

A. Felizes os Educadores

que iluminam sua prática com o sonho de um futuro novo

em que as pessoas aprendam, através de novas relações sociais,

as lições da justiça e da solidariedade.

B. Infelizes os Educadores

que não sonham

porque não terão a coragem de se comprometer na luta criadora

de uma nova sociedade a partir de sua prática educativa.

Felizes os Educadores

que aprendem a fazer da ação de cada dia

a semente da nova sociedade.

Infelizes os Educadores

que pensam que as coisas novas só aparecerão no futuro

porque não perceberão, nem farão perceber

que o "novo" já está no meio de nós,

brotando de nossas práticas transformadoras,

solidárias com as lutas dos espoliados da terra.

José Ivan Pimenta Teófilo

Fonte: http://www.celsovasconcellos.com.br/

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