EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO
CONCEITO
Podemos dizer que a educação para o trânsito é o desenvolvimento das faculdades intelectuais, morais e físicas do homem, formando a inteligência e o espírito do ser humano para viver, conviver e se relacionar no trânsito.
A IMPORTÂNCIA
Quando da elaboração da Constituição Federal de 1988 (arts. 6º e 23, XII), os legisladores já demonstravam a preocupação e a importância da educação para o trânsito dentro do contexto social, dando atribuições à União, Estados, Municípios e o Distrito Federal, assim como, o CTB dedica um capítulo ao tema (capítulo VI, arts. 74 a 79), dando essa atribuição prioritária a todos os órgãos componentes do Sistema Nacional de Trânsito, fato esse ratificado no artigo 5º.
O CTB ainda no seu artigo 320, determina que a receita arrecadada com a cobrança de multas de trânsito deverá ser aplicada, além de outras coisas, na educação para o trânsito.
Mais do que nunca, a escola deve participar ativamente da educação para o trânsito, pois as crianças de hoje serão os jovens e homens do futuro, serão eles os usuários e mantenedores do trânsito, capazes de transformarem essa realidade. Essa educação para o trânsito, além de ensinar regras, técnicas, métodos de prevenções de acidentes, deve ter a preocupação em tornar as pessoas cidadãs, pois vivemos em sociedade, e essa preocupação deve ser a curto, médio e longo prazo, porque a complexidade dos fatores que geram esses problemas não admitem uma só linha de pensamento e trabalho.
Como disse o educador Paulo Freire "A educação não é a solução, mas não há solução sem a educação", a educação não é para acabar com as comodidades oferecidas pelos veículos e sim para adequar o uso dessas "facilidades" de forma racional e conscientizada pela sua importância na nossa vida atual, de que sua convivência com os veículos será de forma organizada e saudável, pois ele foi criado para servir ao homem e não para destruí-lo.
A educação para o trânsito é um dos mais importantes espaços do saneamento viário e visa instruir a população quanto:
· À técnica da circulação viária;
· Aos riscos do trânsito;
· As causas e consequências dos acidentes;
· Correção de atitudes frente ao tráfego, seja o indivíduo pedestre ou condutor;
· A conscientização para a prevenção de acidentes;
· Conhecimento das leis de trânsito;
· O usuário do trânsito como cidadão;
· Estimular a pesquisa sobre segurança e educação para o trânsito.
A EDUCAÇÃO NO CONTEXTO TRÂNSITO
Em várias partes do mundo o trinômio educação, engenharia de tráfego e policiamento, já comprovaram através de estatísticas que, quando trabalhados em harmonia, conjunto e equilíbrio, é possível solucionar, diminuir e até acabar com problemas ligados ao trânsito. Dizemos que esse trinômio está composto de: Esforço Legal (legislação, justiça e policiamento), engenharia de tráfego e educação, mas já se começa a incluir o meio ambiente, formando então um quadrinômio.
ANÁLISE DOS CONDUTORES E PEDESTRES
Antes de analisarmos os condutores e pedestres, vamos lembrar que eles são primeiramente, cidadãos. E o que ocorre com o cidadão? Como ele se comporta no trânsito? Ele conhece e obedece as leis de trânsito? Acha que existem privilégios no trânsito? Para quem? São perguntas que todos nós deveríamos fazer à nossa consciência.
O PERFIL DOS CONDUTORES
É muito importante uma análise sobre o perfil dos condutores, pois isso poderá definir o seu comportamento ou a mudança desse comportamento no trânsito e suas oscilações perante algumas situações enfrentadas no trânsito, além de ajudar no serviço de Policiamento e fiscalização de trânsito realizado pelo Policiais e agentes, pois, a partir desse conhecimento, todos terão condições de melhor agir, frente às diversas situações que irá encontrar durante o serviço ou no relacionamento com os condutores de veículos. Resumidamente, podemos listar:
· O caráter
· A cultura
· A educação
· O conhecimento das leis de trânsito
· O respeito às leis de trânsito
a) O CARÁTER
Podemos dizer que é o conjunto de traços particulares de uma pessoa, são as qualidades inerentes a essa pessoa como a honradez, honestidade, dignidade, integridade, entre outras, que podem ser expressas de várias formas, boas ou não. Portanto, mais do que nunca o cidadão ou usuário do trânsito deve manter a serenidade, equidade em suas ações (mesmo quando tiver de aplicar uma penalidade a um condutor no caso dos agentes), pois sabe que cada pessoa possui seus traços particulares e vão agir e se comportar de formas diferentes em cada situação ou até com o próprio agente, não sendo motivo para que as nossas ações sejam de represália ou de caráter vingativo.
b) A CULTURA
A civilização, o progresso e a vida do homem em sociedade formaram, ao longo do tempo, comportamentos intrínsecos a essa civilização. Comportamentos e conhecimentos que vão sendo passados ao longo das gerações, formando a cultura desse grupo em sociedade, ficando o tempo encarregado em transforma-las. A cultura existe e se expressa de várias formas, seja musical, tradições, folclores, etc. Esses comportamentos e conhecimentos vão sendo transmitidos da forma mais solidificadora e perigosa que existe: direto no inconsciente. Nossa cultura, como indivíduo, é formada sem percebermos, nos pequenos gestos, nos exemplos que entram no inconsciente sem nos darmos conta, no dia-a-dia de nossas vidas. A cultura do trânsito não foge a essa regra, foi formada ao longo do tempo dessa forma, verdade que de forma errônea, mas ela já esta presente nas pessoas (seja condutor ou não), contudo, temos ainda tempo e condições de transforma-la, se desde já tomarmos consciência que podemos mudar essa situação, pois nossa cultura do trânsito é relativamente nova, e ainda há tempo de ser trabalhada para melhor.
c) A EDUCAÇÃO
Como já vimos, a educação é um importante instrumento formador do perfil do condutor e pedestre, seja intelectual, moral e físico. Se as pessoas, principalmente as crianças e jovens, recebessem informações, conhecimentos, e orientações ligadas à sua formação pessoal e, ao mesmo tempo, recebessem os conhecimentos de trânsito, suas atitudes seriam bem diferentes às atuais ao conduzirem veículos e ao serem pedestres, fazendo com que a pessoa fosse, antes da mais nada, um cidadão.
d) O CONHECIMENTO DAS LEIS DE TRÂNSITO
Uma das causas mais comuns quando do cometimento de infrações de trânsito, deve-se ao fato dos condutores desconhecerem as leis de trânsito como um todo. seu conhecimento normalmente resume-se às situações rotineiras e usuais ou aquelas veiculadas nos meios de comunicação ou por ouvir dizer. Para a lei, se uma pessoa possui a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), significa dizer que ela esta habilitada a conduzir veículos (dentro de sua categoria) e que conhece toda a legislação atinente a ele condutor. Como já foi discutido, a falta de rigor na concessão da CNH, faz com que pessoas não preparadas para conduzir veículos, tenham permissão para dirigir, e isso, nunca será justificativa para que um condutor cometa uma infração de trânsito alegando que a desconhece. Pior acontece com o pedestre, pois diferente do condutor, ele não tem, em nenhum momento da sua vida, a necessidade em obter algum conhecimento sobre trânsito, pois, regra geral, essa necessidade surge quando dos exames para obtenção da CNH. Um condutor e pedestre que conhece as normas gerais de circulação e conduta, sinalização, e, principalmente, os deveres e proibições, será um usuário que terá uma postura mais correta e mais segura de se comportar no trânsito. É necessário incutir nas pessoas, que o conhecimento das leis de trânsito não é somente necessário para os que se interessarem em dirigir veículos (normalmente quando chega a época de "tirar" a CNH), é e será sempre necessário para todos.
e) RESPEITO AS LEIS DE TRÂNSITO
Uma importante observação a ser feita, é a diferença entre condutores e pedestres conhecerem as leis de trânsito e não respeita-las. Não basta apenas conhecer as leis de trânsito, é preciso que as pessoas tomem consciência da necessidade em respeitá-las, pois senão, de nada adiantará conhecer as regras, se elas não são seguidas. É a partir desse ponto, que a educação para o trânsito (principalmente nas escolas) deve entrar em cena, instruindo o usuário (condutor, passageiro e pedestre) sobre o que é necessário ele saber, ao tempo em que cria mecanismos, para que esse usuário tenha consciência da importância em se conhecer as leis de trânsito e, sobretudo, passe a respeitá-las.
AS PERSONALIDADES DOS CONDUTORES E PEDESTRES
Cada pessoa possui a sua maneira de agir, sentir, reagir e de se comportar nas diferentes situações que lhe acontece. A personalidade podemos dizer, é o caráter essencial e exclusivo de uma pessoa, sendo necessário sabermos que, principalmente no trânsito, os usuários podem apresentar diferentes formas de comportamento, para uma mesma situação, devendo então estar preparados para lidar com essas situações.
a) A AGRESSIVIDADE NO TRÂNSITO
Nos dias atuais, a agressividade das pessoas, expressada das mais diferentes formas, esta cada vez mais presente no relacionamento das pessoas e percebemos isso, nos noticiários (escritos e falados) que, apenas informam a nossa realidade. As causas são inúmeras e maiores são as consequências, e é no trânsito que essa agressividade é liberada pelas pessoas, seja na forma de dirigir o veículo, de se comportar no trânsito, nos acidentes, nas brigas e até na ocorrência de homicídios.
b) MUDANÇAS DE COMPORTAMENTOS NO TRÂNSITO
O trânsito funciona, muitas vezes, como descarrego das frustrações, angustias, raivas dos seus usuários, como também, é nele que essas pessoas dirigem veículos como se estivessem dentro de um carro de Fórmula 1, e "realizam" outros tipos de sonhos. Nas ruas existem todos os tipos de pessoa, as desligadas, as tímidas, as agressivas, temperamentais, as medrosas, as que passam por problemas particulares, as que estão tomando drogas medicamentosas ou não, etc., são pessoas que ao assumirem a direção de um veículo ou passam a andar pelas ruas, por algum fator, mudam seu comportamento, agindo de maneira diferente. Se, por exemplo, um condutor que normalmente é calmo e obedece as leis de trânsito, determinado dia está atrasado para uma importante reunião de negócios, com certeza a sua forma de se comportar na direção do veículo não será a normal, ele pode agir agressivamente, invadindo sinal, com excesso de velocidade, pondo em risco a vida de outras pessoas, entre outras coisas. O usuário do trânsito e você agora, sabedor da existência desses tipos de condutores (e pedestres também), não deve assimilar essas atitudes tempestuosas, pois senão, a tendência é incorporar essa agressividade e descarrega-la nos outros usuários, não sendo a maneira correta de agir, devemos agir sempre com a razão e serenamente, evitando atritos ou alimentando esse sentimento nessas pessoas.
c) AS FOBIAS NO TRÂNSITO
Algumas pessoas por algum motivo, que normalmente a psicologia explica, possuem medo de alguma coisa, de ficar no escuro, velocidade, trauma de algum acidente, atravessar uma rua, dirigir a noite, etc., e para essas pessoas, o trânsito oferece algumas situações onde essas fobias são afloradas, fazendo com que venham a mudar a forma de conduta e, também, de comportamento dessas pessoas no trânsito, como por exemplo, quando se deparam com um túnel ou uma ponte estreita e alta.
d) O EGOÍSMO
O mundo moderno, a cada dia, vem fortalecendo uma sociedade egoísta, que aos poucos, vem fazendo com que o homem tenha apenas amor a si próprio, esquecendo que suas ações egoístas, um dia podem voltar-se contra ele. No trânsito, percebemos bem essa postura egoísta dos condutores e pedestres, onde cada um só pensa em si mesmo, seja para estacionar o veículo em uma vaga ou em um lugar proibido, prejudicando o tráfego de veículos e pedestres, causando engarrafamentos nas portas das escolas, estacionando em fila dupla, achando sempre que não teve culpa pois "foi só por um minutinho". Esse tipo de comportamento, faz apenas com que a circulação de veículos e pedestres seja de forma desordenada, onde cada um pensa que os seus atos estão corretos e que os seus direitos lhe asseguram que possa fazer aquilo que quiser, pois o interesse primeiro, será sempre o dela, perdendo assim os valores e o respeito pelos direitos das outras pessoas.
e) O CARÁTER
Como vimos, o caráter vai influenciar na formação da personalidade dos condutores e pedestres.
O CONFLITO ENTRE PEDESTRES E CONDUTORES
Em algumas situações flagramos os condutores disputando espaço com os pedestres ou os pedestres disputando espaço com os veículos. Nessas situações e em outras mais, o que esta acontecendo é o conflito entre condutores e pedestres, o que há na verdade, em ambos os casos, é a falta de respeito mútuo levados pela falta de conhecimento sobre quem e em que momento tem a preferência, conhecimento dos deveres e proibições, o não tratamento do pedestre como infrator de trânsito, falta de segurança para os pedestres, desrespeito as leis de trânsito, falta de uma postura mais decidida do papel da escola na preparação do pedestre e em geral a falta de educação para o trânsito. Logicamente, tudo isso (ou a falta disso), faz com que esse conflito venha se agravando a cada dia, gerando e formando uma cultura totalmente distorcida e destrutiva, trazendo consequências maléficas para o próprio homem.
2) EMOCIONALMENTE DESEQUILIBRADOS
Quando as pessoas perdem o seu equilíbrio emocional, tendem a fazer coisas que normalmente não fariam, muitas vezes perdendo a razão. Pela sua complexidade e deficiências, o trânsito favorece, e muito, para que as pessoas extravasem suas emoções das mais diferentes formas, ocorrendo às vezes na presença de policiais ou agentes e até com eles. Isso acontecendo, não deve o usuário agravar a situação, manter a calma é importante nesses momentos, pois caso contrário, agirá de forma desequilibrada perdendo a razão, e não resolverá a situação, pelo contrário, só irá agravá-la ainda mais, devendo caso seja possível acalmar essas pessoas, procurando identificar a causa do desequilíbrio para poder então agir da melhor forma.
a) CONDUTORES ESTRESSADOS
Uma pessoa estressada, já esta emocionalmente desequilibrada, e várias são as causas que levam uma pessoa a ficar estressadas e várias podem ser as reações dessa pessoa. Consciente ou inconsciente de seu estado emocional, devemos sempre agir de forma educada e não "entrando na onda" dessas pessoas.
b) CONDUTORES EMBRIAGADOS OU DROGADOS
O comportamento desses condutores pode ser dos mais variados, podem estar calmos ou até ao estado incontrolável de agitação, devemos saber que além do estado emocional desequilibrado, o condutor não tem consciência dos seus atos, partindo disso, não devemos aliemntar muito a conversa e nem agir com violência, sadismo ou sarcasmo, cabendo às autoridades de policiamento e fiscalização de trânsito aplicar os procedimentos que o caso requer, ou seja, de acordo com as infrações penais e de trânsito.
c) IDOSOS
Talvez, a situação mais delicada que podemos encontrar no relacionamento com usuários, é a de um idoso emocionalmente desequilibrado. Ele pode estar incluído em qualquer um dos casos vistos até aqui, mas será diferente, porque a idade avançada influencia muito.
A experiência adquirida ao longo da vida ou o simples fato de ser bem mais velho que o outro condutor, faz com o idoso ache que tenha razão no seu pensamento ou argumentos ou que pelo menos deva ser aceito em razão da sua idade. É uma situação delicada, pois pode chamar a atenção dos transeuntes de forma negativa para você condutor, mesmo tenha a razão no conflito.
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