segunda-feira, 6 de março de 2017

Dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita
Dificuldade de aprendizagem são todas as dificuldades encontradas no âmbito escolar e relacionadas com a aprendizagem, esse artigo abordará as dificuldades relacionadas à área da leitura e da escrita. Por meio desse ensaio procuramos compreender como ocorre a aprendizagem, e a partir disso, procuramos identificar os aspectos cognitivos, emocionais e sociais que... Dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita:um desafio nos anos iniciais do Ensino Fundamental


RESUMO
Dificuldade de aprendizagem são todas as dificuldades encontradas no âmbito escolar e relacionadas com a aprendizagem, esse artigo abordará as dificuldades relacionadas à área da leitura e da escrita. Por meio desse ensaio procuramos compreender como ocorre a aprendizagem, e a partir disso, procuramos identificar os aspectos cognitivos, emocionais e sociais que influenciam o processo de ensino/aprendizagem, especificamente da leitura e da escrita. O estudo é do tipo qualitativo e a coleta de dados foi realizada por meio de questionário que foram aplicados com professores das salas de recursos e entrevista realizada com a equipe pedagógica de duas escolas do município de Chopinzinho/PR. Ao finalizar a pesquisa consideramos que o professor tanto da sala de recursos como da sala regular de ensino precisam de metodologias e recursos adequados para trabalhar com as crianças, mas para isso, a escola necessita apoiá-los e principalmente oferecer formação para os professores, a fim de instrumentalizá-los para trabalhar com a diversidade da sala de aula.

PALAVRAS-CHAVE: aprendizagem; dificuldades de aprendizagem; leitura; escrita. |

1 INTRODUÇÃO

Ao adentrar ao espaço escolar a criança se depara com situações desafiadoras e muitas vezes conflitantes. O ser humano desde o nascimento aprende e se desenvolve, segundo Vygotsky. Diferentemente da aprendizagem proporcionada pela família, primeiro ambiente de aprendizagem, ao meio escolar precisa planejar situações de aprendizagem, e essas requerem do professor pensar nas diferenças individuais. Nesse sentido convém lembrar que o processo de aprender é singular, ou seja, cada pessoa tem uma forma de reconstruir o seu conhecimento. Mas o grande desafio está em descobrir como cada sujeito aprende e principalmente dentro de um processo sócio-histórico e como algumas crianças têm mais dificuldades para aprender do que outras. 

Dessa forma o estudo procurou responder aos seguintes questionamentos: como ocorre a aprendizagem dos alunos que tem dificuldade de aprendizagem (DA)? Qual a área de aprendizagem que as crianças encontram mais dificuldade na leitura ou escrita? Como é o desenvolvimento psicossocial, emocional, cognitivo e físico? Qual papel a escola assume frente ao desafio de ensinar? Sendo que para respondermos a essas questões recorremos a uma pesquisa bibliográfica e de campo, com uma abordagem qualitativa. 

Desta forma, visando analisar quais são as principais dificuldades que os alunos apresentam, questionamos os professores das salas de recursos e pedagogos de duas escolas do município de Chopinzinho/PR, procurando identificar os tipos de atendimentos que são disponibilizados pelas escolas. 

Para fundamentação teórica utilizamos como principais autores: CORREIA e MARTINS (1991), GARCÍA (1998), GÓMEZ e TÉRAN (2009) e ZORZI (2003).

O artigo num primeiro momento abordará como ocorre o processo de aprendizagem, na sequência os marcos históricos sobre as DA, os desafios encontrados pelos professores ao trabalhar com esse alunado, bem como as DA especificas na área da leitura e escrita e um enfoque sobre as salas de recursos.
As dificuldades de aprendizagem se compõem, sobre tudo por questões relacionadas à cultura de cada indivíduo e queremos através deste estudo mostrar que as vivências interferem, com muita relevância, na formação dos nossos alunos. 

2 DISCUTINDO COMO OCORRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Para que a aprendizagem aconteça são necessários alguns fatores primordiais como o desenvolvimento cerebral, o psíquico, o social, o cognitivo e o afetivo. Por isso, se torna importante as vivências, as relações na sociedade, os sentimentos e a cultura que pertencemos, pois a sociedade impõe aos sujeitos o seu desenvolvimento progressivo, e a estimulação da aprendizagem e do conhecimento. 

Segundo Gómez e Téran (2009), a aprendizagem depende de cada pessoa, é algo interno, mas acaba se constituindo a partir da interação entre os sujeitos, e ocorre ao longo da vida. No cérebro das pessoas ocorrem períodos que são fundamentais para desenvolver alguns estímulos, períodos estes sensíveis a estimulação ambiental, necessário para que ocorram mudanças. Esses períodos são chamados de janela de oportunidades (Gómez e Téran, 2009), onde a criança com três anos de idade assume o seu controle emocional, por volta de quatro anos começa a desenvolver o raciocínio lógico e matemático, aos seis anos desenvolve o vocabulário e as habilidades motoras, e finalmente com dez anos aprimora a linguagem e desperta o interesse pela música.

Vale ressaltar que, para o alcance da aprendizagem, é importante respeitar que cada indivíduo aprende de uma maneira singular, dependendo da estrutura cerebral e afetiva de cada um. 

Para Gómez e Téran (2009), o homem já nasce inserido em uma sociedade organizada, com normas e uma história. A relação entre as pessoas permite que ocorram algumas manifestações simbólicas como a linguagem e o pensamento. Por meio desta relação entre o sujeito e o mundo, a aprendizagem continua ocorrendo, fazendo disso uma atividade funcional, com sentido e organização. 
Segundo Gomes e Téran (2009) para levar em consideração as bases neurofuncionais e os processos psicológicos é necessário ponderar os processos neuropsicológicos. 

Nesse sentido:

Entende-se como neuropsicologia o estudo dos distúrbios das funções superiores produzidos por alterações cerebrais, investigando, especificamente, os distúrbios dos comportamentos adquiridos, pelos quais cada homem mantém relações adaptadas com o meio. Somente há pouco mais de cem anos é que se passou a conhecer o funcionamento ao nível do córtex cerebral, por meio do estudo das lesões espontâneas localizadas e ressecções parciais do cérebro, que permitiram demonstrar que as diversas partes hemisféricas não possuem a mesma função e que existe uma organização cerebral semelhante em todos os indivíduos. (PAULA et al. 2006 p. 225)

Os processos neuropsicológicos, que envolvem o cérebro e o comportamento, e intervêm na aprendizagem são definidos como: processamento perceptivo ou gnosias, praxias ou processamento psicomotor, atenção, memória, percepção, pensamento e linguagem. Vejamos: 
As gnosias ou processamento perceptivo fazem referência ao reconhecimento do mundo, por meio da sensibilidade.

A organização cognitiva cerebral está subordinada às capacidades gnósticas. Quando um estímulo visual, auditivo, olfativo ou tátil é captado por um receptor específico, localizado no órgão sensorial correspondente, é interpretado pelo sistema nervoso. (...) No córtex cerebral é iniciado o processo de reconhecimento configuracional. Esta é a fase perceptiva denominada processo gnósico ou gnosia. (GÓMEZ e TÉRAN, 2009, p.48).

Dependendo da ação que valorizamos podemos utilizar diferentes formas de gnosias, por exemplo, a visual, auditiva ou tátil.

As Praxias ou processamento psicomotor é a execução de atos voluntários complexos e organizados, que aprendemos durante toda a vida. Tais movimentos vão se tornando mais elaborados e requintados a partir da repetição deles, como andar, comer, escrever. 

Dessa forma, afirma Rodrigues:

As praxias são as habilidades dirigidas à execução gestual, a praxia melocinética ou a ideomotora, praxias especificas com a buço facial. As funções executivas estão envolvidas no controle e na regulação de processos cognitivos mais simples. (RODRIGUES, 2011, p.7)

Essas aquisições motoras desenvolvem um exercício do sistema nervoso nomeado de psicomotricidade, esse processo abrange as interações cognitivas, emocionais, simbólicas e sensório-motoras, fazendo com que o indivíduo desenvolva sua personalidade de maneira íntegra.

Atenção é para Oliveira (1997), um processo neurológico de controle voluntário para seleção de informações que o cérebro humano deve captar no momento, sem esse processo seria impossível uma ação organizada. A atenção é método mais eficaz para a obtenção do conhecimento. Para que ocorra o processo de atenção é necessário a disposição neurológica do cérebro para receber os estímulos. Este procedimento tem seu desenvolvimento progressivo e complexo envolvendo o psicológico, neurológico e cognitivo.
Nessa perspectiva, Rodrigues afirma:

A atenção é todo processo associado à seleção e à organização da informação, isto é, a uma atividade que processe os componentes básicos necessários para a concentração e a ação. Temos a atenção visual e a espacial. A percepção de faces é uma atividade de relevância no cotidiano do ser humano. (RODRIGUES, 2011, p.6)

Desta forma, considera-se que a atenção é a maneira que admite sustentar a finalidade de aprender e lembrar, sendo um elemento imprescindível para a memória. 



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