quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A Psicopedagogia e a Aprendizagem

A psicopedagogia e a aprendizagem

O atual paradigma de competência repousa em uma ação humana criativa, contextualizada, adequada à realidade, respaldada no conhecimento científico e realizada com muita maturidade emocional.

Aprender a lidar com o desconhecido, com o conflito, com o inusitado, com o erro, com a dificuldade, transformar informação em conhecimento, ser seletivo e buscar na pesquisa as alternativas para resolverem os problemas que surgem são tarefas que farão parte do cotidiano das pessoas.

A escola, no cumprimento da sua função social, deverá desenvolver nas crianças e jovens que nela confiam a sua formação, competências e habilidades para prepará-los para agir conforme as exigências da contemporaneidade.

Como não há como se distanciar desta realidade, todos os profissionais da educação sentem a necessidade de refletir sobre suas ações pedagógicas no que diz respeito a conhecer e reconhecer a importância do sujeito da aprendizagem, a entender o que pode facilitar ou impedir que se aprenda.

Auxiliando professores e todos aqueles envolvidos com a questão do aprender, surgiu a psicopedagogia, ciência nova que se destina a buscar as causas dos fracassos escolares e resgatar o prazer de aprender numa visão multidisciplinar, podendo orientar as instituições escolares e seus professores e atender a pais e alunos na perspectiva de transformar as relações com o aprendizado.

No decorrer deste artigo, práticas serão sugeridas para facilitar o trabalho do educador e elucidar a ação do psicopedagogo na tentativa de resgatar na criança e no jovem o prazer de aprender, o prazer de conhecer.

Aprender... Para quê?

A sociedade atual experimenta mudanças rápidas e complexas devido ao fluxo de informações variadas e numerosas. Somos estimulados continuamente, através de sons e imagens, a perceber um mundo plural, colorido, virtual, interligado. Não podemos mais ignorar

“... a televisão, o vídeo, o cinema, o computador, o telefone, o fax, que são veículos de informação, de comunicação, de aprendizagem.” (libâneo, 2002).

Os alunos entram nas salas de aula

“sabendo muitas coisas ouvidas no rádio, vistas na televisão, em apelos de outdoors e informes de mercado e shopping centers que visitam desde pequenos”. Conhecem relógios digitais, calculadoras eletrônicas, videogames, discos a laser, gravadores e muitos outros aparelhos que a tecnologia vem colocando à disposição para serem usados na vida cotidiana.

Estes alunos estão acostumados a aprender através dos sons, das cores, das imagens fixas das fotografias ou, em movimento, nos filmes e programas televisivos. (...) o mundo desses alunos é polifônico e poli crômico. “É cheio de cores, imagens e sons, muito distante do espaço quase que exclusivamente monótono monofônico e monocromático que a escola costuma lhes oferecer.” (kenski in libâneo, 2002)

Diante do exposto, é emergente transformar a relação que estabelecemos com a maneira de aprender. Não basta mais ter informações a respeito de um determinado assunto, resolver os problemas de qualquer forma, ou utilizando um determinado procedimento. Com a complexidade que o mundo moderno apresenta, o sujeito contemporâneo necessita buscar as informações, saber selecioná-las, analisar as possibilidades que elas oferecem para solucionar uma situação problematizada a e adotar uma postura criativa, com maturidade emocional para posicionar-se frente a qualquer escolha que venha a fazer.

Para saber optar com coerência diante das solicitações cotidianas, é necessário estar constantemente estudando e consequentemente aprendendo: os ambientes, as pessoas, as relações, os diversos saberes (para habilitar-se a fazer leitura de cenários e redimensionar suas ações na perspectiva de interferir de forma significativa no real).

Entretanto, diante da necessidade de aprender, há a dificuldade de aprender, que vem associada a sentimentos fortes de incapacidade, sensações de angústia e baixa autoestima. Não descartamos a vontade de não aprender também. Desejo inconsciente, mas que traz consigo sentimentos de medo e vergonha de crescer, de desenvolver-se, de amadurecer, de enfrentar um mundo tão dinâmico e exigente.

Não aprender... Por quê ?

Educadores e pais, ao lidarem com crianças e jovens com dificuldade de aprendizagem, potencializam a sua preocupação, principalmente por entenderem a importância da aprendizagem em relação aos rumos que a sociedade está tomando.

Na busca de uma explicação do não aprender, deparamo-nos com professores e técnicos em educação que creditam a dificuldade de aprender como decorrente da desatenção, da inquietação, da desmotivação gerada pelos meios de comunicação, que tomam boa parte do tempo de crianças e jovens em “atividades mais sedutoras”. Separam, pois, a vida dos seus alunos da vida escolar. Ação que o estudante não realiza. Ele traz consigo uma bagagem de informação que precisa ser organizada, explicada, compreendida e transformada em conhecimento dentro da sala de aula, no ambiente escolar.

Poderemos supor que atitudes de desatenção, de inquietação, de desmotivação ocorrem porque o que se fala na escola, através do professor, não é articulado com o que ele, aluno, conhece. é apenas um dado a mais para armazenar. então, acontece a resistência ao aprender algo que não tem significado.

Os pais, inúmeras vezes afrontados pelo não aprender de seus filhos, buscam alternativas variadas e optam por contratar serviços psicológicos, de reeducadores, de professores particulares, após terem seguido o caminho dos médicos, na tentativa de identificar a causa do fracasso escolar. No entanto, o que constatamos em escolas ao conversarmos com pais que possuem filhos que apresentam resultados negativos de aprendizagem, é que há um desconhecimento deste pai em relação ao filho. Estes adultos não percebem como seus pequenos aprendem como procedem no momento de estudo, como se organizam pessoalmente, quais os seus anseios, medos, angústias. A maioria não dialoga com seus filhos, apenas questiona a razão do baixo resultado. E a resposta sempre é “por que não gosto de estudar!”, resposta que não explica a pergunta, principalmente porque é dada por quem talvez não compreenda verdadeiramente a razão do fracasso escolar.

Ao analisar os fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais, pedagógico percebido dentro das articulações sociais, num enfoque multidimensional poderá, então, conceber a real causa do não aprender.

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