ENCENAÇÃO
Narrador: Uma mulher chamada Anne foi renovar sua carteira de motorista e fizeram-lhe a seguinte pergunta:
Cenário: um balcão de atendimentos de uma repartição. Uma mesa com a cadeira do atendente e duas para os usuários.
Atendente: Qual é a sua profissão?
Anne: Minha profissão? Deixa-me ver...
Atendente: O que lhe pergunto é se tem um trabalho.
Anne: Claro que tenho um trabalho. "Sou mãe".
Atendente: Nós não consideramos "mãe" um trabalho. Vou colocar "dona de casa".
Narrador: Aquilo fez com que Anne, uma simples mãe, refletisse bastante nas palavras da atendente, no outro dia ela voltou, e estava disposta a falar francamente. E lá estava a mesma atendente e lhe fez a mesma pergunta.
Atendente: Qual é a sua profissão?
Anne: "Sou doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas".
Narrador: A funcionária fez uma pausa, a caneta de tinta permanente para o ar, e olhou Anne como quem diz que não ouviu bem.
Atendente: Não entendi, pode repetir, por favor?
Anne: Claro! Anote aí. "Sou doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas".
Atendente: Diga-me minha senhora, o que realmente você faz?
Anne: Minha querida eu desenvolvo um programa em longo prazo (qualquer mãe faz isso), em laboratório e em campo experimental (normalmente eu teria dito, dentro e fora da casa). Sou responsável por uma equipe (minha família), e já recebi quatro projetos (todas as meninas). Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mulher discorda?!), o grau de exigência é de 15 horas por dia (para não dizer 24).
Narrador: Naquele momento houve um crescente tom de respeito na voz da funcionária, que acabou de preencher o formulário, se levantou, e pessoalmente abriu a porta para Anne. Quando chegou em casa, com o título da carreira erguido, ela foi recebida pela sua equipe - uma com 21, outra com 18, e outra com 10 anos. Do andar de cima, pode ouvir o seu mais novo experimento - um bebê de sete meses, testando uma nova tonalidade de voz. Anne se sentiu triunfante!
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