quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ficha técnica do filme

Título original: Quanto vale ou é por quilo?
Gênero: DramaQuanto vale ou é por quilo?
Duração: 104min
Lançamento (Brasil): 2005
Direção: Sérgio Bianchi
Roteiro: Sérgio Bianchi, Eduardo Benaim e Newton Canitto
Produção: Patrick Leblanc e Luís Alberto Pereira
Fotografia: Marcelo Copanni
Edição: Paulo Sacramento

Sinopse

Quanto vale ou é por quilo? é um filme baseado em um conto de Machado de Assis que propõe uma reflexão sobre a sociedade brasileira escravocrata do século XVIII e a contemporânea.

Em diversos momentos, o filme retrata que a escravidão, os capitães do mato eram atores de uma história escrita no passado. Mas, em outros, que tais “personagens” ainda escrevem a história do nosso cotidiano...

No período escravocrata, homens-escravos foram fonte de lucro e uma moeda corrente paralela aos contos de réis. A exploração humana era fonte de status e riqueza. O filme mostra, dentro dessa perspectiva, que o trabalho e o lucro de muitas ONGs se baseia no mesmo princípio: exploração da miséria humana.

Crítica do filme

“O filme é uma excelente fonte de aprendizado e reflexão. Mostra-nos que o tempo passou e (quase) nada mudou. E, principalmente, coloca uma pulga (gigante) atrás da orelha sobre como podemos intervir nesta realidade... Sobre as nossas ‘supostas’ ações sociais... Até que ponto efetivamente contribuímos para a melhoria da sociedade?

O filme é forte, em alguns momentos tenso, mas muito valioso, além de ser um convite ao desafio: qual o significado de Quanto vale ou é por quilo?.”

Danielle Lourenço – Pedagoga

Sugestões pedagógicas
1) Reflexão.

O filme pode ser utilizado como instrumento de reflexão e expansão de consciência de modo transversal, porém é inegável que a história, a sociologia e a filosofia são vieses muito presentes em todo o desenrolar da trama.

2) História, a escravidão no Brasil.

Enfocando a história, o filme retrata fielmente as questões referentes à escravidão no Brasil. O professor pode explorar essa temática mostrando as cenas:

  1. A escrava que comprava escravos e teve seus direitos usurpados.
  2. Os inúmeros instrumentos de castigo aos negros mostrados detalhadamente já no início do filme.
  3. A ação dos capitães do mato.
  4. O comércio de escravos como negócio lucrativo e próspero.
  5. Os direitos dos alforriados.
  6. As cartas de alforria.
  7. A relação entre escravos e seus proprietários.
3) História, relação entre passado e presente.

Ainda dentro da perspectiva do trabalho com a disciplina História, é possível desmistificar a questão que muitos alunos, equivocadamente, pontuam: “História é coisa do passado!” ou “Já passou mesmo, o que isso tem a ver comigo nos dias de hoje”!

O filme transpõe a escravidão do século XVIII para diversas situações de escravidão no século XXI. E vai mais além: apresenta a “máfia” a qual pertencem algumas ONGs (Organizações Não Governamentais), que visam lucro na miséria das comunidades.

4) Análise crítica, questões para a sua turma.

Para que a análise crítica tenha o máximo de profundidade possível, você, após assistir ao filme, pode lançar as seguintes questões para sua turma, para que sejam respondidas em grupos ou individualmente e depois debatidas no grande grupo:

  • O que é justiça afinal? Aponte situações no filme em que a justiça foi cumprida e outras em que a justiça falhou.
  • A escravidão realmente acabou?
  • Quais são as novas formas de escravidão?
  • Como o filme retrata as favelas? Comente a cena na qual Ricardo atola o carro próximo à cena de um assassinato.
  • De acordo com seu entendimento, qual é o papel das ONGs? Como o filme retrata esta realidade?
  • No Brasil há seriedade? Como o filme traça o perfil social do nosso país?
  • Existe ética na publicidade/marketing? Como essa situação é abordada no filme?
  • O que é caridade? O que é doação? A doação é somente algo material?
  • O que é assistencialismo? Em sua opinião, o Brasil é um país assistencialista?
  • Como você analisa a situação mostrada no filme, em que duas ONGs brigam entre si para darem alimentos, sopa e cobertores a mendigos de rua?
  • Por que as doações são, muitas vezes, vinculadas a crescimento espiritual?
  • A oferta de Noemia a Mônica, para o custeio do casamento, é uma forma de escravidão? Que outra situação do filme retrata a mesma situação?
  • Como os esquemas de corrupção são mostrados no filme? Em que situações?
  • Mônica decide criar uma menina negra. Por quê?
  • O filme retrata o crescimento das penitenciárias como fator de aquecimento da economia. Por quê? Em sua opinião, este pensamento é correto?
  • Aumentar o número de penitenciárias no Brasil pode diminuir os índices da violência urbana?
  • Por que o personagem interpretado por Lazaro Ramos compara as penitenciárias a navios negreiros?
  • O que o personagem interpretado por Lazaro Ramos quer dizer com a expressão “Liberdade para consumir”?
  • Como Candinho se envolve no mundo do crime?
  • Qual é a visão da sobrinha de Mônica sobre o mundo da moda? E seus valores?
  • Quem são os novos capitães do mato?
  • Como o filme retrata as campanhas publicitárias desconexas da realidade?
  • O que é abismo social?
  • Por que o personagem interpretado por Lazaro Ramos afirma que sequestro é uma forma de distribuição de renda?
  • O filme menciona o marketing da violência. O que isso quer dizer?
  • O sequestro de Marco Aurélio foi fruto da desigualdade social?
  • O que é um favor? Favor se paga? Ou se retribui? Qual a “moeda corrente” nos pagamentos dos favores?
  • Como o filme retrata a “reinclusão social”? Analise a fala de Ricardo durante a festa de premiação, quando menciona a empregabilidade dos ex-detentos.
  • Em sua opinião, o que significa a expressão: “Vale quanto pesa ou é por quilo?”
5) Projeto multidisciplinar, dados estatísticos.

Ainda é possível, dentro da disciplina de matemática ou em um projeto multidisciplinar, analisar os dados numéricos levantados pelo filme. Sugiro que eles sejam pesquisados novamente pelos alunos de modo a atualizar os valores que se referem ao ano de lançamento do filme: 2005.

Dados para análise:

  1. Em determinada situação do filme, uma escrava Lucrecia necessitava de 34 mil réis para comprar sua carta de alforria. Quanto equivale essa quantia em reais?
  2. Maria Antonia vende a carta de alforria a Lucrecia por 42238 réis, obtendo uma lucratividade de 7,5% ao ano. Que operações financeiras da atualidade podem render percentuais iguais ou superiores a esses?
  3. No mercado da solidariedade, cada criança carente corresponde a 5 novos empregos. Qual é a dimensão desta empregabilidade neste ano?
  4. Segundo o filme, é levantada ao ano uma quantia de U$ 10.000,00 por criança carente ao ano no Brasil. O que seria possível realizar se essa verba efetivamente fosse utilizada para o fim a que se destina?
  5. Quanto custa a manutenção mensal de presidiários no Brasil?
  6. Qual o volume anual de recursos financeiros movimentados anualmente por ONGs brasileiras?
6) Relação com outros eventos recentes.

É possível comparar as situações vistas no filme com a cena trágica da interceptação da ajuda humanitária a Gaza?

7) ONGs, todas são como as retratadas no filme?

É necessário fazer um fechamento com os alunos no sentido de esclarecimento: nem todas as ONGs funcionam como as retratadas no filme. Há muita gente séria no terceiro setor! Para diferenciar o joio do trigo é necessário acompanhar as atividades, analisar as finanças e ser crítico.

8) Últimas dicas.

E a última dica. Assista ao filme até o final mesmo! Você pode pensar que o filme acabou, mas logo após os letreiros do final,  há mais um “pedacinho” surpreendente e que amplia a discussão!

Nos extras, há um depoimento muito interessante de Iná Camargo. Confira também!

Links complementares

O filme sustenta os fatos com base em documentos do Arquivo Nacional Brasileiro.

O site para consulta é: www.arquivonacional.gov.br

fonte:http://www.editorapositivo.com.br

Nenhum comentário: