segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A PIPA E A FLOR
     Era uma vez uma pipa de cara risonha que ficou enfeitiçada por uma florzinha maravilhosa. Não conseguindo mais viver sem ela, deu sua linha para a flor segurar. A flor, então soltou a linha para a pipa voar bem alto.
     Mas a flor, aqui debaixo, percebeu que estava ficando triste. Não, não é que estivesse ficando triste. Estava ficando com raiva . Que injustiça que a pipa pudesse voar tão alto, e ela tivesse de ficar plantada no chão. E teve inveja da pipa.
     Tinha raiva ao ver a felicidade da pipa, longe dela....
     Tinha raiva quando via as pipas lá em cima, tagarelando entre si. E a flor, sozinha, deixada de fora.
     -Se a pipa me amasse de verdade não poderia estar feliz lá em cima longe de mim. Ficaria o tempo todo comigo...
     E a inveja juntou-se ao ciúme.
     Inveja é ficar infeliz vendo as coisas bonitas e boas que os outros têm, e nós não.
     Ciúme é a dor que dá quando a gente imagina a felicidade do outro, sem que a gente esteja com ele.
     E a flor começou a ficar malvada.
     Ficava emburrada quando a pipa chegava.  Exigia explicação de tudo.
     E a pipa começou a ter medo de ficar feliz, pois sabia que isto faria a flor sofrer.
     E a flor foi aos poucos, encurtando a linha.
     A pipa não mais podia voar.
     Via ali do baixinho, de sobre o quintal (esta era toda a distância que a flor lhe permitia voar) as outras pipas, lá de cima... E sua boca foi ficando triste. E percebeu que já não gostava tanto da flor, como no início.
                              Rubens Alves, A pipa e a flor. São Paulo, Loyola, s/d.,3ª edição.
A PIPA E A FLOR
     Era uma vez uma pipa de cara risonha que ficou enfeitiçada por uma florzinha maravilhosa. Não conseguindo mais viver sem ela, deu sua linha para a flor segurar. A flor, então soltou a linha para a pipa voar bem alto.
     Mas a flor, aqui debaixo, percebeu que estava ficando triste. Não, não é que estivesse ficando triste. Estava ficando com raiva . Que injustiça que a pipa pudesse voar tão alto, e ela tivesse de ficar plantada no chão. E teve inveja da pipa.
     Tinha raiva ao ver a felicidade da pipa, longe dela....
     Tinha raiva quando via as pipas lá em cima, tagarelando entre si. E a flor, sozinha, deixada de fora.


     -Se a pipa me amasse de verdade não poderia estar feliz lá em cima longe de mim. Ficaria o tempo todo comigo...
     E a inveja juntou-se ao ciúme.
     Inveja é ficar infeliz vendo as coisas bonitas e boas que os outros têm, e nós não.
     Ciúme é a dor que dá quando a gente imagina a felicidade do outro, sem que a gente esteja com ele.
     E a flor começou a ficar malvada.
     Ficava emburrada quando a pipa chegava.  Exigia explicação de tudo.
     E a pipa começou a ter medo de ficar feliz, pois sabia que isto faria a flor sofrer.
     E a flor foi aos poucos, encurtando a linha.
     A pipa não mais podia voar.
     Via ali do baixinho, de sobre o quintal (esta era toda a distância que a flor lhe permitia voar) as outras pipas, lá de cima... E sua boca foi ficando triste. E percebeu que já não gostava tanto da flor, como no início.

                              Rubens Alves, A pipa e a flor. São Paulo, Loyola, s/d.,3ª edição.

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