quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Universidade Federal do Tocantins
Curso de Pós - Graduação em Gestão Escolar


Leila Curcino Alves






PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO:
Um olhar diferenciado para a educação do campo

















Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, que segundo a legislação brasileira e regulação específica da universidade, constitui-se em quesito parcial obrigatório à conclusão do Curso de Pós- Graduação Lato-Sensu em Gestão de Escolar, desenvolvido pela Universidade Federal to Tocantins, sob orientação da Profa. Especialista Evania D’arc Fonseca Aires Paranhos e Profª. Ma. Klívia de Cássia Silva Nunes.






Rio Sono - To
                  2010
AGRADECIMENTOS

Ø A gratidão maior com toda expressão do meu coração ao meu Deus, pela concessão da vida, pelas grandes bênçãos e por capacitar-me a chegar onde cheguei. Glórias, pois a Ele;


Ø Aos meus queridos pais, que se alegram com a minha vitória;


Ø Às minhas irmãs, irmãos, cunhadas e cunhados, pela preocupação constante com o meu sucesso e que, de um jeito ou de outro, dava-me palavras de incentivo para vencer esta etapa;


Ø Aos queridos mestres, pela riqueza de sabedoria e conhecimentos que, sem dúvida, contribuíram grandemente para minha formação;


















PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO: Um olhar diferenciado para a educação do campo

Leila Curcino Alves [1]
Evania D’arc Fonseca Aires Paranhos [2]

Resumo

O presente artigo evidência uma reflexão sobre a reestruturação do Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal Bernardo Guimarães, conforme a realidade da educação no campo, envolvendo os diversos agentes que fazem parte da realidade escolar como: pais, alunos e comunidade escolar. Considerando como ponto fundamental à compreensão de que a escola deve possuir uma identidade própria que se constitui sob a influência dessa realidade local. Tendo em vista que a educação no campo precisa de um trabalho mais abrangente para que possa convergir rumo à concretização da escola autônoma. Este trabalho tem como embasamento teórico os autores: Damasceno (2006), que encontrei algumas discussões sobre a realidade da educação rural, Ilma Passos (1995) discute a construção do projeto político pedagógico e Moacir Gadotti (1994) as discussões dos pressupostos do projeto pedagógico. Como procedimentos metodológicos foram realizados reuniões com os servidores, pais e alunos da escola aplicaram - se questionários como instrumento de coleta de dados, pelo fato de ser pesquisa de campo e bibliográfica. Conclui-se que o processo de reestruturação do PPP se faz necessário pela implantação de uma proposta pedagógica de acordo com a realidade de Unidade de Ensino situada no meio rural.

Palavras Chave: Projeto Político Pedagógico. Reestruturação. Educação do campo.





1.     INTRODUÇÃO
A escola tem como objetivo estimular e desenvolver a cidadania e proporcionar a sua comunidade estudantil, situações em que tenham oportunidades de adquirir valores e conhecimentos básicos para viver em sociedade. Deve ter atitudes e habilidades necessárias para que cada aluno possa vir a participar plena e efetivamente da vida política, econômica e social do país.
Para realizar essa função social, é preciso propor situações em que os educandos possam participar de projetos coletivos de interesse da escola e da comunidade, exercitar-se na autonomia de uma convivência social saudável, expressar livremente suas idéias e opiniões, aprender a ouvir e debater, estabelecendo com isso uma atitude para com o saber e o conhecimento que eleve o desejo de querer aprender sempre mais.
O presente artigo é em suma do relato dos resultados e das dificuldades vivenciadas na pesquisa de campo, pois foi no espaço geográfico da zona rural, que se viveram às experiências, relembrar esse fato possibilita dizer que faltava (e ainda falta) infra-estrutura e/ou preocupação com a qualificação dos educadores e educandos que viviam (vivem) na zona rural, acredita-se que a escola Municipal Bernardo Guimarães buscou através de um olhar e um tratamento diferenciado, o envolvimento dos diversos membros que fazem parte da rotina da instituição e da comunidade local, que foi essencial para a reelaboração do Projeto Político Pedagógico, que é considerado a identidade da escola por isso precisa ser realizado por aqueles que convivem e conhecem todos os problemas e fraquezas dela, buscou-se discutir e analisar as melhores respostas para os diversos questionamentos que surgiu dentro do grupo nas reuniões realizadas, esse processo de reconstrução deverá sempre ser revisto, pois o sistema educacional e as ações da escola estão em constantes mudanças que são vistas sempre de forma positiva pelos que nela estão inseridos.
A pesquisa foi realizada por etapas: a primeira foi à fase das reuniões de sensibilização, após as coletas de dados através dos questionários aplicados e conseqüentemente a reelaboração do artigo científico e execução das novas ações necessárias para a construção coletiva de uma escola que é desafiada a incluir todos em todo o tempo. Neste sentido a atuação do gestor democrático é fundamental, como mediador e facilitador do processo levando-o a modificar, aperfeiçoar e construir novos instrumentos de ação e interpretação na reestruturação do projeto político pedagógico da Escola.
Os relatos mencionados descrevem como ocorreram as atividades relacionadas a essas etapas, e mostram o quanto foi importante para a escola após esta pesquisa.

2.                O REAL CONTEXTO DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

          Sabe-se das diferenças de realidades que envolvem a zona rural e urbana, e infelizmente no Município de Rio Sono em especial a Escola Municipal Bernardo Guimarães ainda não existe políticas públicas voltadas para educação desta escola.
         Foi nos estudos de Damasceno (2006) que encontrou – se algumas discussões sobre a realidade da educação rural. Entretanto, é importante salientar que esses estudos são referentes ao período de 1980 a 1990. De acordo com a autora, não existem muitos estudos divulgados sobre a educação rural, fato que ela explica através de alguns fatores tais como: 1) A sociedade capitalista e seus interesses em que as políticas são definidas em função do poder de barganha dos setores economicamente envolvidos e não pelo percentual das necessidades de certos grupos ou classes; 2) O preconceito contribui para que a educação rural seja negligenciada devido ao valor que a ela é relegada, ou seja, o trabalhador rural não tem necessidade de estudo; 3) A questão geográfica, pois realizar pesquisas na zona rural demanda investimentos mais onerosos se comparados com pesquisas que são desenvolvidas na zona urbana, pois aqui os acessos aos meios de comunicação e transporte são facilitados pela infra-estrutura. Fatores como esses ajudam a deixar no esquecimento a educação em escolas do campo e, conseqüentemente, não chama a atenção do governo para a importância de investimentos nesse setor. Porém, ao analisar os conteúdos das publicações existentes, a autora expressa que é visível as mudanças ocorridas em relação às políticas públicas para a educação rural, baseada nas mudanças sociais que vêm ocorrendo na sociedade em geral.
Nessa direção foi assumido um compromisso nas Diretrizes Operacionais para a Educação Básica na escola do campo, aprovadas pela Resolução CNE/CEB nº1, de 3 de abril de 2002. Cabe salientar que a sua implementação foi uma reivindicação histórica dos movimentos sociais do campo, e suas orientações referem-se às responsabilidades dos diversos sistemas de ensino com o atendimento escolar. Da Resolução acima citada retirou-se o seguinte trecho, a relevância do olhar na educação do campo:
E, neste ponto, o que está em jogo é definir, em primeiro lugar, aquilo no qual se pretende ser incluído, respeitando-se a diversidade e acolhendo as diferenças sem transformá-las em desigualdades. A discussão da temática tem a ver, neste particular, com a cidadania e a democracia, no âmbito de um projeto de desenvolvimento em que as pessoas se inscrevem como sujeitos de direito. Assim, a decisão de propor diretrizes operacionais para a educação básica do campo supõe em primeiro lugar a identificação de um modo próprio de vida social e de utilização do espaço, delimitando o que é rural e urbano sem perder de vista o nacional. (CNE/CEB, 2001:18)
O que se pode perceber, é que poderá derivar da integração escola/campo princípios de um novo fazer pedagógico que envolva os educadores e educandos com as experiências cotidianas vividas em seu contexto de origem, seus valores e sua realidade.  Apesar das conquistas legais para a educação do campo, percebe-se ainda a falta de compromisso por parte de alguns governantes com essa realidade. Sabe-se, porém, que o compromisso com a educação não tem apenas um fator determinante, mas é um problema político, social e econômico. 
          A reestruturação do Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal Bernardo Guimarães foi planejada com ações relevantes e com grandes chances de serem realizadas, pois o projeto será empregado na busca de grandes melhorias para esta escola. Para Gadotti:
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores. (GADOTTI, 1994, p.579).
Seguindo o pensamento de Gadotti, a consolidação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/96, em seu artigo 12, inciso I, Prevê que, “os estabelecimentos de ensino, respeitados as normas comuns e as do seu sistema de ensino, tem a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica”, deixando explicita a idéia de que a escola não pode prescindir das reflexões sobre sua intencionalidade educativa. Assim sendo, o projeto pedagógico passou a ser objeto prioritário de estudos e de muita discussão sendo construído com a participação de todos os profissionais da instituição.
Entende-se então, que o PPP é uma forma concreta de planejar a organização da escola evidenciando assim, os interesses, desejos e propostas dos educadores e educandos, sendo um importante caminho para a construção da instituição, pois é um instrumento eficiente para a transformação da realidade da escola. Conforme a posição de Veiga, que afirma a intencionalidade do PPP:
 Projeto Político Pedagógico é uma ação intencional. É político no sentido de compromisso da formação do cidadão para um tipo de sociedade. É pedagógico no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias das escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade (VEIGA, 1995, p.13).
Desta forma a dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica.  A construção do Projeto Político Pedagógico é então de fundamental importância, pois ele é a concretização da identidade da escola e do oferecimento de garantias para um ensino de qualidade.
É previsto, dentro das normas de elaboração e consolidação do PPP,  instaurar uma forma de reelaboração, execução e reorganização do trabalho pedagógico.  Evidentemente faz-se necessário a participação ativa do gestor escolar, juntamente com todos os protagonistas da escola e comunidade local, pois são parte integrantes desse processo educativo, pois sem dúvida, contribuirá para que a escola consiga chegar ao seu objetivo.

3.     UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A ESCOLA: reconhecimento de sua identidade

Esta escola começou a funcionar em 1986, com o nome Bernardo Guimarães na Fazenda Santa Rita, região de Canjarana Município de Rio Sono To. Após foi transferida para Rio Sono, permaneceu por dois anos, ficou paralisada num período de três anos por não ter demanda suficiente para seu funcionamento, em 1992, foi transferida para Fazenda Grota Azul onde passou a funcionar normalmente. Em 1995 foi transferida para o Povoado Brejo Fundo onde funciona em sua sede própria apenas com a primeira fase. Em 2004 foi implantado gradativamente o ensino fundamental segunda fase. Em 2006 com aumento do número de alunos a escola passou por reformas nos pavilhões, onde construiu sala de professores, um banheiro para funcionários, mais duas salas de aula. Contamos atualmente com seis salas de aula, mini biblioteca, sala de direção, secretaria, cantina dois depósitos e sanitário masculino e feminino, sua área é toda murada.  Em 2007 implantou-se uma tele-sala de nível superior pela Educon/Unitins. Pretende-se para o ano de 2010/2011 uma reforma geral na escola, construção de uma biblioteca, mais duas salas de aula, um laboratório de informática e ampliação na sala da direção e secretaria.
A Escola municipal Bernardo Guimarães está regulamentada pela Lei 16A/86, de 01.04.1986. Identificada pelo código do INEP Nº 17031656, localizada na Av. Brejo Fundo s/n Povoado Brejo Fundo Zona Rural a 51 km da sede do Município de Rio Sono, situado na região norte, a leste do Estado do Tocantins, sendo seu clima tropical. Limita – se entre as cidades de Rio Sono e Novo Acordo, com rodovias em condições de tráfego precárias. Este povoado está cercado por dois riachos: Brejo Fundo e Riacho de Areia, esta comunidade ainda está em fase de construção. A demanda escolar em Brejo Fundo é atendida apenas por esta escola, por ser um local iniciante recebemos alunos inclusive de outros municípios. A agricultura, o comércio e a pecuária formam a base da economia deste povoado. A população brejofundense é alegre, apesar da condição sócia - econômica se constituir de classe media/baixa.
As modalidades oferecidas pela escola citada são: Duas turmas do ABC da cidadania, Pré-escolar, (Ensino Fundamental (1ª e 2ª Fase) e Ensino Médio (Curso Médio Básico do Programa “Direito de Aprender”), PARECER/ SEDUC/ COEME/ N° 074/2004. No qual esta modalidade é uma extensão do Colégio Estadual de Rio Sono e está sendo desenvolvido nesta escola. Estas Modalidades estão distribuídas nos três turnos, atendendo aproximadamente 350 alunos, distribuídos em 18 turmas.  A escola atende a uma clientela com idades de 04 a 65 anos de idade, distribuídos nos períodos matutino, vespertino e noturno. Os 350 alunos estão divididos em: Turno matutino, sete turmas pré - escolar e ensino fundamental 1ª fase 140 alunos. No turno vespertino ensino fundamental 2ª fase, cinco turmas com 110 alunos. No turno noturno ensino Médio três turmas com 70 alunos e duas turmas da Modalidade Brasil Alfabetizado 30 alunos, todos são pertencentes à zona rural do Município de Rio Sono.
 O quadro funcional administrativo da escola, possui um total de 34 funcionários e está distribuído da seguinte forma: 01 Diretor com curso Superior em Pedagogia e Pós-Graduação em Orientação Educacional, 01 Secretário formado em Pedagogia, 02 Coordenadores Pedagógicos formadas em pedagogia, 01 Coordenadora de Apoio, formada em Letras, 01 Bibliotecária,  graduada em Letras, 01 Assistente de Secretária, 05 Auxiliares de Serviços Gerais, 04 Merendeiras e 02 Vigias.O corpo docente é composto por 16 professores, todos com Ensino Superior completo, com este quadro de professores, a escola supre todas as necessidades no que se refere ao corpo docente.
A Escola Municipal Bernardo Guimarães, até 2008, não tinha um PPP sistematizado, suas ações eram elaboradas conforme o calendário regional que não condizia com a realidade de uma escola do campo, com isso trazia conseqüências na freqüência e no aprendizado dos alunos. Como diz Veiga 1995, p 12 ”Nesta perspectiva, o Projeto Político Pedagógico vai além de um simples argumento de planos de ensino e de atividades diversas”. Para Veiga, o PPP não está centrado em um amontoado de palavras argumentativas, mas sim, em um veículo norteador de toda base de ensino da Instituição para qual ele foi elaborado.

4. DA TEORIA À PRÁTICA NA REESTRUTURAÇÃO DO PPP: pesquisa de campo
Diante dessa análise a equipe gestora organizou vários momentos de participação com todos os autores do cotidiano escolar e comunidade local para reelaboração do PPP de maneira coletiva e democrática, com o objetivo de buscar uma identidade real, evidenciando um olhar diferenciado a realidade desta escola do campo, esta reelaboração foi com base na proposta pedagógica, referencial curricular e no calendário próprio com as devidas alterações como escola do campo, foi um planejamento flexível, pois poderão sofrer variações devidas os diversos fatores, desde o nível de aprendizado até o tempo disponível.
O Projeto Político Pedagógico é uma atribuição legal conferida a escola pela lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 para os estabelecimentos de ensino, ampliando o papel da escola diante da sociedade e colocando-a como centro de atenção das políticas educacionais mais gerais. Ainda sugere o fortalecimento da sua autonomia, delegando aos que fazem à escola (comunidade interna e externa) a tarefa da reelaboração do projeto político-pedagógico. Nos seus artigos 12 e 13 regulamenta a participação dos docentes na elaboração da proposta pedagógica das instituições as quais fazem parte. Dando continuidade em seu Art. 14 assegura aos sistemas de ensino a autonomia de sistematização dos seus Projetos Pedagógicos, assim exposto na lei:
Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola (LDB 9.394/96 Art. 12, 13,14).
         Portanto seguindo esta linha, para o cumprimento ao disposto instituído nesta lei, procurou oficializar sua concepção de educação e conseqüentemente de cidadão a ser formado, para a sociedade atual. Dentro deste contexto sistematizou a reelaboração do seu Projeto Político Pedagógico, com ações necessárias para a melhoria da instituição bem como uma melhor organização do trabalho pedagógico e administrativo evidenciando através dessas ações uma escola do campo.
Primeiramente organizou-se uma reunião com a equipe pedagógica e administrativa da escola e o conselho escolar para exposição da necessidade da reelaboração com a argumentação de que nossa visão de mundo sempre muda e que nossas ações precisam ser sempre revistas. Foi apresentado o projeto já elaborado e como a equipe precisa se empenhar para reelaborar esse PPP. Expondo a necessidade desse projeto para a melhoria da nossa escola e que ele será a alma da instituição, pois expressa o pensamento e os anseios coletivos de toda uma equipe, uma vez que, tudo que é feito em equipe acaba definindo a visão de todos democraticamente e conseqüentemente se tem um resultado positivo.
Para operacionalizar as atividades, optou pelos questionários, que foram direcionados aos servidores, alunos e pais. Como metodologia de aplicação dos questionários se deu da seguinte forma: Aos professores foram aplicados no momento do planejamento, aos servidores através de reuniões. A estratégia de leitura e análise de cada passo do PPP construído em anos anteriores, desde o seu marco referencial teórico, aos planos de ação de cada uma das dimensões da escola como: Plano de trabalho da gestão, plano da coordenação pedagógica e de apoio. Por ocasião dessa leitura e análise do PPP existente, os aspectos que não atendiam as demandas atuais da comunidade foram reestruturados.
A revista gestão em rede, nesse sentido  aborda que:
 A escola, na qual as famílias se integram, tem uma tradição e um presente que garantem a concretização de esperanças. A experiência tem mostrado ao longo do tempo que sistemas educacionais que deram certo, e continuam dando certo, são aqueles que os pais participam da educação de seus filhos. Esta participação redunda qualidade educativa da escola. (REVISTA GESTÃO EM REDE, agosto de 2005, p. 12).
Certamente os pais precisam perceber a importância de sua participação no processo de aprendizagem dos filhos. Conscientizá-los, por exemplo, de que o binômio família-comunidade é importante para manter um bom relacionamento com a escola, e não se restringe apenas a reclamações que dizem respeito ao comportamento dos alunos. Mas, o que se observa, é que a comunidade não se deu conta ainda da importância da escola como fator de transformação do ser humano e da sociedade.
Quanto à participação da família no cotidiano escolar percebeu-se dificuldades devido à maioria dos pais residirem nas fazendas não tendo assim a oportunidade de acompanhar seus filhos com mais freqüência, por essa razão a participação dos pais e comunidade em geral nesse processo de reelaboração acabou sendo um pouco complicado, pois a adequação de horário para as reuniões nem sempre coincidia com o horário disponível dos pais, pois muitos alegam que o trabalho acaba sendo um grande empecilho para a participação nas reuniões e conseqüentemente na vida escolar dos filhos. Neste sentido
Foi entregue na reunião de pais questionários para um público em média de 40% dos pais, onde estavam contidos informações e questionamentos aos mesmos sobre o conhecimento da realidade da nossa clientela e como os pais viam a instituição e que modelo de escola eles gostariam para seus filhos, na visão de pais o que impossibilita na participação da vida estudantil dos filhos na ocasião foi explicado o objetivo do questionário e da proposta da reelaboração do PPP, bem como sua importância para a melhoria da nossa escola. À medida que os questionários eram retornados à escola foi feito um levantamento de dados da seguinte forma:
 Foi visível dentre os pais presentes que existem famílias predominantes do tipo pai e mãe 45%. Foi questionado que 70,3% do número de pessoas na família variam de 02 a 15, das famílias pesquisadas a maioria informal e os demais são formados por humildes trabalhadores rurais sonhadores no que se refere a um futuro promissor aos filhos e aos demais membros da família, percebeu que mesmo diante de tantas dificuldades com o trabalho rural são poucos que desistem dos estudos. No que se refere á formação escolar dos pais, constatou que existe desde não alfabetizados a graduados, prevalecendo à maioria com ensino fundamental incompleto.
A participação dos alunos na reelaboração do PPP se deu através de conversas e reuniões em sala de aula por turma, onde foi aplicado questionário sobre a visão do aluno sobre a instituição e que seria necessário mudar ou para haver uma melhoria na escola como um todo. Foi aplicado um questionário sócio-econômico, individualmente com o objetivo de conhecer a realidade dos alunos para assim poder trabalhar de forma mais direcionada. Constatou que 60% deste alunado são constituídos de classe menos favorecida, 65% são participativos e 70% têm bom grau de sociabilidade esportiva cultural e de lazer.
Ao verificar individualmente as fichas de matrículas dos alunos percebeu que a clientela desta unidade escolar é bastante diversificada, constituindo – se basicamente por filhos de pequenos agricultores e funcionários públicos, podemos detectar alguns alunos carentes e com pouco preparo.
Acreditando no pressuposto de que “a educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados” (FREIRE,1977, p. 69) a educação como prática de liberdade será conseqüência do processo educativo. Paulo freire nos diz isto muito bem: devemos assumir o papel de educadores democráticos e ousados, desenvolvendo em nossa prática educativa atitudes que reforcem a curiosidade e capacidade crítica dos alunos. Segundo os arquivos contidos na secretaria  da escola os índices de faltas não justificadas é de 20% no total e justificadas é de 50% dos alunos do sexo masculino e 30%  sexo feminino se ausentam da escola para colaborarem com os pais na época de plantio e colheita, ocasionando 25% de baixo desempenho na aprendizagem e 19% de repetência referente ao ano de 2008, considera-se alto esses índices, pois constatou-se que o PPP do ano de 2008, não existia ações voltadas a está repondo este déficit, apesar da recuperação paralela existente  bimestralmente. Percebeu ainda que o estudo seja limitado quase que exclusivamente a escola, cabendo a esta o importante papel de orientar o aluno a aprender a ser estudante, aprender a conviver com outros estudantes e professores e fazer aquilo que é proposto, com a melhor qualidade possível.
O nível de disciplina dos alunos é considerado bom, pois existe aluno menor responsável por si mesmo e que responde positivamente quando é chamado atenção por algum motivo. Na segunda reunião com a equipe de sistematização do PPP, pontuamos situações prioritárias que na ocasião exigia mudanças em algumas ações. Para os professores e a coordenadora pedagógica foi feito as seguintes interrogações: o recurso didático da escola é suficiente e está adequada a realidade, as horas destinadas para o planejamento é suficiente, se os professores trocam idéias entre se, procuram saber o que o aluno aprendeu no ano anterior e se considera e ouve a opiniões e sugestões dos alunos.
Após esses esclarecimentos através do diagnóstico levantado percebeu-se que o trabalho coletivo apesar de ser vantajoso para a reconstrução do PPP da escola, não é tarefa fácil, pois nas reuniões de pais, professores, alunos, certamente todos possuem conhecimentos, idéias e valores diferentes que podem gerar conflitos.
Por esses conflitos já se esperava que fosse surgir, mas foram contornados e substituídos pelo comprometimento e o compartilhar de responsabilidade de maneira que a escola foi toda envolvida na construção do PPP e foi possível desta forma alcançar o desenvolvimento pleno das atividades, a partir daí foi possível viabilizar a sensibilização da comunidade escolar e geral para a necessidade da reconstrução do projeto político pedagógico. Nesse viés, a escola, aberta para toda comunidade, sem discriminação, tende a ser um estimulo para o enriquecimento das relações entre professores e alunos, pais e professores, filhos e pais, entre si, equipe gestora e comunidade local.
  Após as ações do PPP o planejamento passou a ser no mesmo horário, onde todos os professores e coordenadores trabalham em equipe trocam sugestões e interagem com os colegas dos horários oposto. Ouve reclamações quanto a precariedade do material pedagógico e didático.
Em relação à avaliação os docentes relataram que sentem dificuldade de avaliar os alunos devido o quantitativo de faltas, principalmente na época do plantio e colheita. As análises de dados realizadas das respostas dos professores e equipe diretiva fez-se uma comparação do ensino-aprendizagem em relação aos últimos anos 2008, 2009, e concluiu-se que os resultados tem sido favorável e animador, pois tem tido um crescimento elevado no índice de aprendizagem dos alunos, principalmente no ano de 2009, com a implantação da proposta pedagógica voltada para educação no campo com projetos educacionais adequado ao calendário agrícola, onde foi possível contemplar todas as dimensões da escola. Os recursos físicos e materiais para melhor desenvolvimento das atividades percebeu-se a necessidade de uma biblioteca com mais acervos bibliográficos, quadra de esportes para as aulas de educação física, auditório para reuniões e outros eventos, também uma sala para laboratório de informática, cobertura da passarela até o portão principal, tudo voltado para a melhoria de nossos serviços educacionais, buscando desta forma, tornar uma escola mais prazerosa.
A partir dessas reflexões acerca da revisão do PPP propõem novos caminhos para uma escola diferente, onde todas as questões relativas ao fazer pedagógico e suas conexões com o currículo, conhecimento e com a função social da escola, para que venham de encontro com os anseios da comunidade escolar.
         O último encontro foi destinado para a socialização do diagnóstico levantado anteriormente como também analisar as novas ações do trabalho de reelaboração do PPP da escola aconteceu no dia Na ocasião, grande parte dos agentes da escola esteve presente e participaram efetivamente dos trabalhos. A revista gestão em rede enfoca esta importância do coletivo da seguinte forma: “A construção de um projeto educativo coletivo constitui a identidade de cada escola e é, sem dúvida, o instrumento primordial que permite uma gestão democrática” (REVISTA GESTÃO EM REDE, agosto de 2005, p. 14). Esse aspecto assume um caráter definitivo, quando se pensa na melhoria da educação e, conseqüentemente, da sociedade em que vivemos.
Fizeram parte do momento de conclusão dos trabalhos 90% dos servidores, além de contarmos sempre com representantes de pais e da comunidade através dos membros do conselho escolar.
A reflexão sobre a organização da escola não é algo acabado, mas produto de relações e praticas social. Neste sentido a Escola Municipal Bernardo Guimarães precisou ter flexibilidade e diversificação de estratégias, para uma participação efetiva na reconstrução do seu PPP. Ao desenvolver ações, encontros e desencontros. Há consciência de que o PPP não está acabado. Entretanto a escola se sente vitoriosa com a conquista adquirida neste processo, apesar de todas as dificuldades, o saldo foi positivo.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
         Envolver a comunidade escolar e local se tornou um grande desafio, pois a grande maioria ainda não se sentia capaz ou mesmo responsável por esse processo, no qual foram conscientizados sobre a grande importância, através de encontros, ouvimos os anseios dos pais, alunos, funcionários professores, equipe administrativa e comunidade local através de entrevistas, reuniões objetivando a melhoria da qualidade dos serviços prestados à comunidade com base na realidade escolar. Foi preciso entender que o Projeto Político Pedagógico da escola é como uma reflexão de seu cotidiano. Para tanto, precisa de um tempo razoável de reflexão e ação, para se ter um mínimo necessário a consolidação de sua proposta.
         Por meio da reflexão feita, percebemos que a reconstrução do Projeto Político Pedagógico da escola não é uma tarefa fácil. Pelo contrário, trata-se de um processo complexo com diversos enfrentamentos de ordem individual no que se refere a situações pessoais e profissionais, como também os interesses coletivos. Onde é extremamente necessária a atuação de uma equipe gestora, capaz de articular bem todo o processo, envolvendo todos os agentes da escola e a comunidade local. Percebeu ainda, que é uma construção fundamental e necessária ao bom andamento da escola e o mais importante é possível e faz parte do cumprimento da legislação educacional vigente.
O PPP da Escola Municipal Bernardo Guimarães será um projeto que se renovará constantemente, na teoria e na pratica, sempre buscando novas idéias, propostas e realizações, rompendo com suas formas hierárquicas, mas baseando-se no respeito, na autonomia e na responsabilidade.


ABSTRACT

This article highlights a debate on restructuring the Pedagogical Political Project of the School Bernardo Guimarães, as the reality of education in the field, involving the various agents that are part of the reality of school as parents, students and school community.
Considering how fundamental point to understand that the school should have its own identity that is under the influence of local reality. Considering that education in the field needs a more comprehensive so that it can converge towards achieving the school unattended. This work is theoretical Authors: Damasceno (2006), I found some discussions about the reality of rural education, Ilma Passos (1995) discusses the construction of the political and pedagogical Moacir Gadotti (1994) discussion of the pedagogical assumptions . The methodological procedures were conducted meetings with the officers, parents and students the school has implemented - the questionnaire as a tool for data collection, because it is field research and literature. It is concluded that the restructuring process of the PPP is required by the implementation of a pedagogical proposal in accordance with the reality of Teaching Unit located in rural areas.

Keywords: Pedagogical Political Project. Restructuring. Rural education
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Lei da Diretrizes e Bases da Educação Nacional. No 9394, de 20 de Dezembro, 1996.

DAMASCENO, Maria N. e BESERRA, Bernadete. Estudos sobre a educação rural no Brasil: estado da arte e perspectivas. Disponível em: http://www.scielo.br acessado em 28/05/2010.

GADOTTI, Moacir. ”Pressupostos do projeto pedagógico”. In: MEC, Anais da Conferencia Nacional de Educação para todo Brasil, 28/08 a 02/09/1994.

LIBÂNEO, J.C. Organização e Gestão da Escola: Teoria e Pratica . Goiânia: Alternativa, 2001.

FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? RJ Paz e Terra, 1997.
_______, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

REVISTA GESTÃO EM REDE - Consed - Conselho Nacional de Secretários. Novembro, 2008.


REVISTA GESTÃO EM REDE - Consed - Conselho Nacional de Secretários. Agosto, 2005.


SOARES, Edla de Araújo Lira (relatora). Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo- Parecer36/2001. CNE/CEB, Brasília, 4 de dezembro de 2001.

VEIGA, Ilma Passos A. Projeto Político Pedagógico da escola: Uma construção Coletiva. In Projeto Político Pedagógico da escola: Uma construção possível. Campinas: Papirus, 1995.



[1] Pedagoga e especialista em orientação educacional
[2] Professora Orientadora, servidora pública estadual, graduada em geografia e pedagogia, especialista em saúde pública e psicopedagoga.
[3] Professora Orientadora, servidora pública da rede estadual, graduada em pedagogia, especialista em gestão educacional e mestrado em educação.

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